sexta-feira, 7 de julho de 2017

Joesley matou Temer ao secar a fonte de Cunha

O tiro de misericórdia em Michel Temer não foi o do empresário Joesley Batista, que o gravou no Palácio do Jaburu dando aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro; ele será dado pelo próprio Cunha, que, ao perder a mesada de Joesley, ficou sem saída; já condenado a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem, ele receberia fatalmente uma nova condenação por obstrução judicial, ao vender o seu silêncio; sua delação, já em fase adiantada, tem mais de 100 anexos e atinge diretamente Temer, colocado no poder graças ao impeachment sem crime de responsabilidade aceito por Cunha.

247 – "Tem que manter isso, viu?", disse Michel Temer ao empresário Joesley Batista, na ação controlada pela Polícia Federal no Palácio do Jaburu.

Temer se referia ao fato de o empresário Joesley Batista estar pagando pelo silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do empresário Lúcio Funaro.

Agora se sabe por que aquele silêncio era tão importante. Sem os recursos da JBS, tanto Cunha quanto Funaro devem firmar acordos de delação premiada, que atingirão diretamente Michel Temer (leia mais aqui).

O de Cunha está em fase avançada e já tem mais de 100 anexos, segundo informa a jornalista Mônica Bergamo (leia mais aqui). Temer, obviamente, será um dos principais alvos.

Isso significa que o tiro de misericórdia em Michel Temer não foi o do empresário Joesley Batista. Ele será dado pelo próprio Cunha, que, ao perder a mesada de Joesley, ficou sem saída.

Já condenado a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem, ele receberia fatalmente uma nova condenação por obstrução judicial, ao vender o seu silêncio.

Abaixo, reportagem da Reuters sobre a delação de Funaro:

Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A Justiça Federal decidiu transferir na quarta-feira o empresário Lúcio Funaro do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para a Superintendência da Polícia Federal, a pedido do Ministério Público Federal, que negocia com a defesa do empresário um acordo de delação premiada que vai atingir o presidente Michel Temer, apurou a Reuters com fontes envolvidas nas tratativas.

A expectativa inicial da defesa de Funaro era que o acordo fosse fechado até o final de junho, conforme havia mostrado reportagem da Reuters há duas semanas. Mas o empresário, com auxílio de advogados, ainda trabalha nos anexos com as informações que pretende apresentar na delação. As conversas ocorrem com a equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Em depoimento à PF, Funaro acusou Temer de ter orientado a distribuição de recursos desviados da Caixa Econômica Federal e de saber do esquema de propina paga em contrato da Petrobras com a Odebrecht. Nesse depoimento, ele disse publicamente estar disposto a fazer uma colaboração premiada.

Temer negou qualquer envolvimento com propinas da Odebrecht quando foram divulgadas as delações de executivos da empresa. Sobre a acusação de Funaro de que o presidente teria orientado a distribuição de recursos, o Planalto afirmou "que nunca houve tal orientação".

Funaro também implicou o ex-ministro Geddel Vieira Lima em desvios na Caixa quando ocupava a vice-presidência de pessoas jurídicas do banco. Segundo Funaro, Geddel teria recebido 20 milhões de reais em propina do esquema de corrupção dentro do banco. As acusações dele reforçaram a decisão da Justiça de decretar a prisão preventiva do ex-ministro na última segunda-feira.

A defesa de Geddel afirma que o ex-ministro é inocente, tendo aberto mão voluntariamente de seus sigilos bancário e fiscal, e que sua prisão foi "absolutamente desnecessária".

Ao menos Temer, Geddel e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha serão envolvidos na delação de Funaro, caso ela venha a ser fechada com a Procuradoria-Geral da República, conforme apurou a reportagem. A linha de atuação é implicar o chamado grupo do PMDB da Câmara, com quem o empresário sempre teve proximidade e faria a intermediação de operações ilícitas.

Funaro está preso há um ano e pessoas próximas a ele avaliam que o cenário ideal é fechar uma delação o quanto antes, ainda na gestão de Janot, que deixa o comando da PGR no dia 17 de setembro.

O advogado de Funaro, Antonio Figueiredo Basto, afirmou à Reuters que não vai se pronunciar sobre a eventual delação do empresário. "Não vou falar", disse.

A delação de Funaro é uma das principais sendo negociadas agora pela Procuradoria-Geral da República. Além de Funaro, estão adiantadas as negociações com o ex-ministro Antonio Palocci, preso em Curitiba.

Próximo de deixar o cargo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer sair da Procuradoria não apenas com os dois acordos de delação fechados, mas também com as ações e pedidos de abertura de inquéritos enviados ao Supremo Tribunal Federal.


Indicada por Temer para substituir Janot, Raquel Dodge, foi a segunda colocada na lista tríplice apresentada ao presidente Michel Temer pelo MP. Janot e Dodge tem divergências públicas sobre os métodos de trabalho da PGR, mas a futura procuradora-geral garante que manterá o trabalho da operação Lava Jato intacto.

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Marcos Imperial

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