Por WADIH DAMOUS, Deputado federal pelo PT/RJ e ex-presidente da OAB/RJ.
Para tentar impedir a
contaminação do processo de análise por parte dos deputados do acatamento ou
não da denúncia contra Temer por corrupção passiva, demos entrada, eu e os
deputados Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, também do Partido dos Trabalhadores,
com uma representação na Procuradoria Geral da República.
Os fatos
noticiados pela imprensa nos últimos dias são estarrecedores. Só nesta
terça-feira, 4 de julho, o usurpador recebeu dezenas de deputados em seu
gabinete, além de ter liberado emendas parlamentares no valor de 4,2 bilhões.
Não por coincidência
os maiores beneficiados foram o senador Aécio Neves, que depois de retomar o
mandato com um discurso patético luta para manter o apoio tucano a Temer, e o
protofascista Bolsonaro devido à forte atuação de seus "robôs" nas
redes sociais.
Não é preciso
ter bola de cristal para adivinhar o teor da conversa de Temer com os
deputados. Seu modus operandi e sua trajetória levantam a forte suspeita de que
não hesitou em apelar para toda sorte de chantagem, pressões não republicanas e
até mesmo compra de votos. Quem definiu com precisão essa romaria de deputados
ao Planalto foi o líder da nossa bancada na Câmara, deputado Carlos Zaratini :
"É o varejo mais vagabundo da República."
Na
representação à PGR, chamamos a atenção para a urgência que o caso requer. Só
uma pronta atuação do MP pode impedir que o debate e a decisão soberana dos
deputados sejam conspurcados. É de se prever o crescimento exponencial dessa
agenda nebulosa de Temer à medida em que se aproxima a data da votação na CCJ e
depois no plenário.
Algo tem que
ser feito para assegurar a moralidade e preservar a administração pública.
Defendemos junto à PGR a tese de que como Temer já é investigado por corrupção
e organização criminosa, suas negociações com parlamentares na base do
"toma lá dá cá" podem ser consideradas como continuidade delitiva. E
ninguém duvida que ela seja capaz de tudo para se manter no governo. Mais o que
a perda do cargo, o assombra a possibilidade concreta de descer a rampa direto
para o presídio da Papuda.
A prisão de
mais um dos seus homens de confiança, Gedel Vieira Lima, além da ameaça que
paira sobre Moreira e Franco e Eliseu Padilha, fez com que o nível de desespero
de Temer andasse mais algumas casas nos últimos dias. Também a escolha do
relator do processo na CCJ não foi nada alvissareira para o governo, pois
Sérgio Zveiter não é visto como confiável pela cúpula do golpe.
Mais uma
pesquisa veiculada pela mídia, desta feita envolvendo apenas os membros da CCJ,
mostra que Temer ainda está longe de obter os votos necessários ao arquivamento
do processo. E essas dificuldades podem se acentuar, uma vez que não se deve
subestimar a capacidade desse governo de produzir notícias negativas em série.
É da sua natureza. Fora Temer ! Diretas Já !
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Marcos Imperial