A Reforma Trabalhista, uma das prioridades do governo de Michel Temer, traz impactos substanciais ao texto. Para o presidente, a nova legislação será uma garantia de direitos aos trabalhadores:
"Uma vez em vigor, a nova legislação permitirá garantir os direitos dos trabalhadores previstos na Constituição Federal e impulsionar a criação de empregos no País. Trata-se de mais um importante avanço para superar a mais profunda crise econômica de nossa história", avaliou.
A manhã desta sexta-feira (28), porém, começou com protestos daqueles que enxergam nas mudanças um retrocesso para a classe trabalhadora.
Convocados por centrais sindicais e movimentos sociais, membros de diversas categorias prometem parar e aderir a uma Greve Geral contra as reformas da previdência e a trabalhista.
UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro do MTST em protesto em Brasília.
A Greve Geral foi foi convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Intersindical, Central e Sindical Popular (CSP/Conlutas), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Nova Central, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).
Em São Paulo e em Brasília, representantes de movimentos sociais fizeram barricadas e atearam fogo em pneus fechando rodovias.
Em ações pontuais, linhas de transporte público foram paralisadas no ínicio do dia na capital paulista. Também há o bloqueio das principais rodovias que dá acesso à cidade.
Em Brasília, a concentração da paralisação acontece na Biblioteca Nacional e segue caminhada rumo ao Congresso.
Em outros estados, servidores públicos, bancários, motoristas de ônibus e professores estão entre os manifestantes.
Na capital mineira, sob chuva, manifestantes ocupam o centro de Belo Horizonte. Agências bancárias estão fechadas e o metrô paralisado.
Nas redes sociais, hashtags como #BrasilEmGreve e #GreveGeral estão entre os assuntos mais comentados.
100 anos, mesma luta
Apesar dos anos que separam as duas datas, o desejo de paralisar a mão de obra para pressionar o governo segue como bandeira das principais entidades de classe do País.
Para o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10 ª Região Grijalbo Coutinho, o jogo está "desequílibrado" e o trabalhador precisa "reagir".
"Temos uma situação extremamente preocupante. Em uma sociedade que se diz democrática a Constituição deve ser de todos e, claramente, isso não está ocorrendo no Brasil. Por exemplo, a aprovação relâmpago do projeto da terceirização foi um absurdo. O jogo está desequilibrado e o trabalhador tem que reagir. Devemos relembrar ao povo do seu poder e para os demais órgãos os seus limites. É fundamental ocupar todos os espaços públicos, somente o diálogo e a greve poderão barrar os ataques", avalia em entrevista ao HuffPost Brasil.
SERGIO MORAES / REUTERS
Greve Geral em 28 de abril de 2017.
Modernização nas leis
A Reforma Trabalhista é apoiada por entidades empresariais. Para o governo, ela será capaz de gerar mais empregos.
Entre as principais mudanças no texto está a prevalência de acordos entre patrões e empregados sobre a lei, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, obstáculos às ações trabalhistas, a possibilidade do parcelamento de férias e a flexibilização de contratos de trabalho.
Acompanhe as manifestações em imagens:
ACHO DOCE / REUTERS
Trabalhador grava protesto contra Temer em São Paulo nesta sexta-feira.
NACHO DOCE / REUTERSProtesto do MST em São Paulo na manhã desta sexta-feira.
OOSEVELT CASSIO / REUTERSProtesto na rodovia Dutra contra reforma trabalhista.