O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso na manhã desta sexta-feira 25 pela Polícia Federal em sua casa, em Curitiba. A detenção do tucano foi pedida à Justiça Federal por representantes do Ministério Público Federal da Lava Jato. Ele é suspeito de envolvimento em corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias federais de seu estado.
A Justiça determinou também a apreensão e quebra do sigilo de dados de seus celulares. Na ação, chamada “Operação Integração”, foi preso ainda Dirceu Pupo Ferreira, cotador e um dos homens de confiança do ex-governador do Paraná.
A prisão, segundo o juiz federal Paulo Sérgio Ribeiro, ocorreu devido a tentativa de obstrução das investigações por parte dos envolvidos.
De acordo com o MPF, o tucano teria recebido ao menos 2,7 milhões de reais de propinas, em espécie, pagas pelas concessionárias que administram os pedágios das estradas federais.
As investigações apontam o pagamento mensal de propina a agentes públicos realizados pelas concessionárias com o objetivo da gestão conceder aditivos aos contratos, entre outros benefícios. A “Operação Integração” começou no início de 2018, mas apenas agora o MPF demonstrou que os atos assinados por Richa ajudaram as empresas envolvidas no esquema.
No pedido de prisão, a Procuradoria citou ainda operações imobiliárias suspeitas da família ex-governador, que totalizam mais de 1,5 milhão de reais sem que houvesse uma explicação adequada de onde vieram os recursos para as compras dos imóveis.
Histórico
Essa é a terceira operação que coloca o ex-governador do Paraná – que já tem em seu histórico uma condenação em primeira instância – na mira da Justiça em pouco mais de cinco meses, todas ligadas com supostos malfeitos relacionados à rodovias em seu estado. No segundo semestre do ano passado, Richa foi alvo de duas operações no mesmo dia, em plena campanha eleitoral, na qual tentou, sem sucesso, uma vaga no Senado.
A primeira, denominada “Operação Rádio Patrulha”, o levou a prisão junto com sua esposa Fernanda após Ministério Público estadual apurar pagamento de propina e o direcionamento de licitações para empresas responsáveis pela manutenção de estradas rurais que estavam organizadas no esquema.
A segunda operação, denominada “Piloto” – apelido de Richa que aparece nas planilhas de pagamentos da Odebrecht – foi a 53ª Fase da Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção envolvendo o governo do Paraná e a construtora, em um negócio de 7 bilhões de reais para duplicação da rodovia PR-323. Na ocasião, foram feitas buscas inclusive no Palácio do Iguaçu, sede do governo estadual.
Ele, porém, foi solto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes quatro dias após a prisão.
A ficha de Richa não se encerra nesses três casos. Uma operação chamada Quadro Negro investiga o desvio de mais de 20 milhões de reais da secretaria de Educação do estado para a campanha de sua reeleição em 2014.
Lava Jato
Apesar de o nome de Richa circular há tempos nas investigações da Lava Jato, é a primeira vez que a força-tarefa toma medida mais contundente em relação ao tucano. Na prisão de setembro, um dos procurados da força-tarefa citou a prisão do ex-governador tucanos para defender o caráter “apartidário” da Lava Jato.
“Sempre foi uma investigação apartidária. Já tínhamos chegado a pessoas de diversos partidos, mas, infelizmente, o foro privilegiado é um obstáculo para as investigações”, disse Carlos Fernando dos Santos Lima na ocasião.
O erro, entretanto, está no fato de a prisão ter ocorrido não por conta do trabalho da Lava Jato, mas pelo trabalho de investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, ligado ao Ministério Público do Paraná. Viahttps://www.cartacapital.com.br/politica/beto-richa-e-preso-pela-segunda-vez-em-menos-de-cinco-meses/