Do Correio Braziliense, por Ivan Nunes, Izabelle Torres e Tiago Pariz:
Os últimos números divulgados por pesquisas eleitorais trouxeram duas certezas para as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB). Do lado tucano, os coordenadores calculam que é preciso diminuir quase à metade a derrota registrada no primeiro turno na região Nordeste para ter chances efetivas de vitória.
Já no QG petista, há o entendimento de que a turbulência enfrentada nas últimas semanas foi vencida e não há mais sangria de votos. Ainda assim, é urgente cercar o Nordeste do avanço serrista e, em outro front, evitar que a diferença para o tucano supere um milhão no Sudeste.
O otimismo da campanha serrista no primeiro turno foi freado pela resistência da campanha petista no Nordeste.
Mesmo com as denúncias contra ex-assessores e a agenda religiosa, Dilma praticamente não perdeu terreno na região.
Segundo a análise dos tucanos, a estratégia foi acertada no Sul e no Sudeste, onde Serra caminharia para abrir boa vantagem sobre a rival. O excesso de agendas nesses estados, no entanto, contrasta com as visitas escassas ao Nordeste. Nas primeiras semanas do segundo turno, Serra só havia agendado duas incursões, ao interior do Ceará e da Bahia. “Nós perdemos no Nordeste no primeiro turno, mas apostamos em diminuir essa diferença, de dez milhões de votos, para seis milhões, no máximo sete. Com essa margem, dará para virar o resultado com o que esperamos obter nas outras regiões”, aposta o deputado federal Jutahy Júnior (PSDB-BA).
O QG tucano analisa as pesquisas com foco principal em Minas Gerais e São Paulo, estados em que lideranças locais podem proporcionar boa vantagem de Serra sobre Dilma. “Apostamos em um crescimento vertiginoso, especialmente em Minas, com a ajuda do exgovernador Aécio Neves, e em São Paulo.
"Temos hoje uma situação em que os indicativos mostram que somente com o crescimento nesses dois estados seria permitido trabalhar com chances claras de vitória”, aponta Jutahy.
Para ganhar margem no Nordeste, o candidato tucano passará por sete dos nove estados da região nos próximos sete dias. Nos locais em que o presidenciável tem melhor votação, como Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Piauí, a expectativa é de que ele chegue a 40% da preferência dos eleitores.
A conta mais complicada é na Bahia, em Pernambuco, no Ceará e no Maranhão, onde 35% dos votos válidos já seria um resultado a celebrar.
Na cúpula petista, o clima de apreensão por conta do estreitamento da diferença entre Dilma e Serra deu um refresco.
Os aliados acreditam que os temas da “pauta negativa” foram esgotados. Não acreditam que algum assunto espinhoso para a candidata entre em discussão até o dia 31. A tese otimista foi o principal tema da reunião da Executiva do PT na manhã de ontem. “Acreditamos que a agenda ruim foi estancada. Estamos agora numa tendência de crescimento nessa reta final. O trabalho é aumentar a militância.
O sinal amarelo que tínhamos na semana passada foi bom para mobilizar”, avalia o líder do PT na Câmara dos Deputados, Fernando Ferro (PE).
De acordo com integrantes da executiva, o clima da reunião foi otimista por conta da divulgação de pesquisas que mostram a vantagem de Dilma estabilizada ou em uma tendência crescente.
No entanto, o comando da campanha ainda espera a confirmação do resultado publicado ontem pelo Vox Populi por outros institutos, para evitar o salto alto que prejudicou os resultados no primeiro turno. A análise dos petistas é de que foi acertada a estratégia de Dilma de ser mais incisiva nos debates e apontar erros da gestão de Serra em São Paulo — já que foi o último mandato exercido pelo presidenciável e está mais vivo na cabeça do eleitor. “Nosso interesse é nacionalizar o debate, o eleitor quer debate de ideias”, justifica um dos coordenadores da campanha, Antônio Palocci.
Uma das teclas mais acionadas pela cúpula da legenda na reunião de ontem foi a de que é preciso continuar pedindo votos e traçar uma estratégia para estagnar as ofensivas de José Serra (PSDB) pelo país. Por isso, o partido decidiu aumentar o ritmo de campanha no Nordeste, apesar de Dilma ter vencido em todos os estados da região. A ideia é atrapalhar os planos dos tucanos de tentar ganhar terreno entre os nordestinos. “O Sudeste é prioridade porque é o maior colégio eleitoral do país, mas sabemos que o Nordeste não pode ser deixado de lado, já que temos vantagem lá e uma perspectiva de aumentar essa distância”, diz o presidente do PT, Eduardo Dutra.
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Marcos Imperial