Quem diz isso não sou eu, mas José Roberto de Toledo - um especialista em pesquisas.
Leiam o que ele escreveu hoje no jornal O Estado de S.Paulo:
A ampliação da vantagem de Dilma Rousseff (PT) na reta final do segundo turno dificulta muito a tentativa de José Serra (PSDB) de virar a eleição na última hora. O tucano briga contra a inércia do eleitorado. A esta altura, só um fato novo de grande repercussão lhe daria chance de mudar a tendência do voto.
A petista se distancia do tucano em praticamente todos os segmentos importantes de renda, escolaridade e faixa etária. Nas maiores regiões, ela consolidou a proporção de 2 votos para 1 no Nordeste, e aumentou para dez pontos sua diferença no maior colégio eleitoral, o Sudeste.
O fator religioso, principal responsável por levar a eleição para o segundo turno, foi neutralizado. Dilma tirou a vantagem de Serra entre os evangélicos, ampliou sua diferença entre os católicos e recuperou parte dos eleitores agnósticos, ateus e de religiões não-cristãs.
A recomendação do papa aos bispos para que atuem politicamente no Brasil contra quem defenda o aborto poderia ser o fato novo esperado pelos partidários do tucano?
Para surtir efeito eleitoral, a manifestação de Bento 16 precisaria chegar rapidamente aos seguidores da Igreja e com força suficiente para reverter a preferência de 55% dos católicos pela petista. No primeiro turno, Dilma perdeu quatro pontos entre os católicos nos últimos dias de campanha.
Uma queda nessas proporções entre os católicos agora implicaria diminuir de 14 para 9 pontos a vantagem de Dilma no total. Sem contar o eventual efeito inverso que isso poderia resultar entre os evangélicos e eleitores anti-clericais.
Com a questão moral de lado, o bolso voltou a ser soberano na eleição. No começo do segundo turno, os programas sociais do governo federal brecaram a queda de Dilma e impediram que o tucano empatasse.
Mas foi no eleitorado não-bolsista que ela cresceu nas últimas duas semanas. Ele tem sido o responsável por aumentar sua diferença sobre Serra. Hoje, segundo o ibope, 2 em cada 3 eleitores da petista não participam de nenhum programa federal.
E por que esse eleitor declara voto nela? Muito provavelmente pelo bom momento da economia, que expande o emprego, a renda e, principalmente, o crédito para o consumo. Um indicador indireto disso é a avaliação do governo Lula.
Entre o terço de eleitores que dá nota 10 à atual gestão, Dilma tem 78% do total de votos. Entre os 15% que dão nota 9, ela tem 2 em cada 3 votos. O divisor de águas é a nota 8, que compreende 23% do eleitorado.
Nela, Serra chegou a empatar com Dilma no começo do segundo turno: 47% a 47%. Agora, a petista voltou a abrir uma pequena diferença, e lidera por 48% a 43%. De 7 para baixo, o tucano vence por larga margem, mas esses eleitores são apenas um quarto do eleitorado.Brasília Urgente.
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Marcos Imperial