domingo, 26 de dezembro de 2010

Lupi defende mínimo de R$ 560 no ano que vem /Uol.

Confirmado pela presidente eleita Dilma Rousseff para permanecer no cargo no próximo governo, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, defendeu, em entrevista exclusiva à Folha, o salário mínimo em R$ 560 no ano que vem, acima dos R$ 540 pregados pela equipe econômica da Dilma. Ele afirma ter saído vencedor de todas as disputas com a Fazenda e o Planejamento em torno do mínimo.
Lupi atacou a polêmica, que considerou "hipocrisia", provocada por ele ter sido indicado ministro enquanto era presidente do PDT. Mesmo licenciado, diz, segue participando de todas as decisões internas do partido. Assim como o presidente Lula, no PT, e o futuro vice-presidente, Michel Temer, no PMDB, acrescenta.
A seguir, os principais trechos da entrevista:

FOLHA - Parece fácil ser o ministro do Trabalho, pelas boas notícias. O que vem dando certo?
CARLOS LUPI -

É fruto de um momento. O ministério passou muitos anos numa posição muito secundária. Logo que assumi o ministério começou a gerar polêmica, até pela minha condição de presidente do partido fui muito questionado. Uma hipocrisia. Nunca ninguém perguntou por que tantos outros já foram presidentes de partido e ministros, nunca ninguém questionou. Só com o PDT e o "pobrinho" do Lupi, o jornaleiro aqui. Pedi para sair [da presidência do PDT], mas não mudou nada partidariamente.Tudo o que acontece no partido eu participo. Ou você acha que o presidente Lula, por estar licenciado do PT, não é quem comanda o PT? É ele que comanda o PT! Ou você acha que o Michel Temer agora que, pela formalidade, vai ter de se licenciar, não vai continuar comandando o PMDB?

Quais foram as principais mudanças que o senhor trouxe ao Ministério?

Desenvolvi um trabalho na reestruturação. Investimos em informática, em teorização, em marca. Nós fizemos concurso público para 3.000 vagas administrativas e para auditor fiscal do trabalho. Não toquei na área de fiscalização do trabalho. Toda a minha área de fiscalização é de auditores. No combate ao trabalho escravo, ganhamos todas as ações na Justiça.

Houve mais mudanças internas?

Na secretaria de relações do trabalho acabou com o feudo de qualquer central. Perguntam se sou ligado ao Paulo Pereira da Silva (deputado, da Força Sindical). Ele é meu amigo, somos do mesmo partido, mas eu era filiado à CUT. Nunca fui filiado à Força. Procurei fazer abertura total para todo mundo, porque, quando se decide algo nessa área sindical, sempre tem muito litígio, muita briga. Na secretaria de políticas públicas eu botei um professor, que é do PDT, o Carlos Simi, mas que é um técnico. Mas a macropolítica quem faz sou eu.

Como assim?

Na política, tu tem que mostrar a que tu veio. Hora da crise. Aí reúne Fazenda, Planejamento, Casa Civil... Tá ferrando com o trabalhador e não me chama? [Faz gesto de pegar um telefone] "Presidente, tô indo pra reunião!" A política para combater a crise, quando eu falei, quase apanhei. Mas era para que qualquer empréstimo público tivesse contrapartida do emprego.

Há conflito com outros ministérios?

Nunca tive briga. A opinião de um ministro é essa, a de outro é aquela, e quem decide é o Lula. Se achar que uma decisão do presidente é algo que eu não posso aceitar, peço demissão e vou para casa. Mas isso nunca ocorreu. Toda vez que tem conflito, o Lula entra, via de regra, para o lado do trabalhador. Toda discussão de salário mínimo que a gente participou a gente venceu o Planejamento e a Fazenda. Como é que o Lula poderia ser favorável a flexibilizar a legislação [trabalhista], se foi ele o maior beneficiário? Como é que ele não ia fazer uma política regionalizada priorizando o Nordeste, se ele veio dali?

Como lidar com a necessidade de expansão dos empregos no Nordeste e os fluxos migratórios?

Está começando a mudar. As usinas de cana de açúcar de Pernambuco e Alagoas já estão pegando os trabalhadores de São Paulo. O grande diferencial do governo Lula, e a oposição só na reta final começou a perceber, e perdeu a eleição, é o emprego e o ganho real de salário. Todo o resto é gestão: contas, câmbio... é gestão. Isso um bom gestor vai fazer. A geração de emprego e o ganho real de salário é que fez a diferença. É o ciclo virtuoso da economia. E por isso sou defensor de que o aumento do salário mínimo tem de ser de R$ 560, porque R$ 580, nesse momento, é uma puxada que não dá para suportar. Mas R$ 540 é muito pouco.

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Marcos Imperial

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