terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Estilo discreto e ação afirmativa marcam primeiro mês de Dilma

As avaliações sobre os primeiros 30 dias de Dilma Rousseff à frente da Presidência da República, completos nesta terça-feira, se resumem em duas palavras: ação e descrição, em um trabalho que tem despertado elogios até dos integrantes da base de oposição. Apareceu pouco em público e deu sinais de que o estilo gerencial e cobrador de metas é o que deve prevalecer na administração. Paradoxalmente, a única ressalva observada é justamente no que diz respeito à relação com a base aliada, em especial com o PMDB.

Na avaliação de parlamentares e especialistas ouvidos nesta última segunda pelo SRZD, Dilma demonstrou que vai levar em frente a disposição de combater à miséria, destacada em seu discurso de posse. Além disso, foi bem sucedida em montar em grupo de trabalho fechado e diretamente subordinada à autoridade: "Considero que ela vem imprimindo um ritmo que está fazendo ser respeitada pela população, ao trabalhar com firmeza e energia", afirma o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). "Tem aparecido em momentos-chave e falando de maneira clara, sendo muito firme em estabelecer as diretrizes do seu governo". A opinião é compartilhada por Gustavo Fruet (PSDB-PR): "Ela tem um estilo discreto que é um contraponto ao do ex-presidente Lula. Dilma formou um núcleo no ministério sob a responsabilidade direta dela, o que também é muito bom. Além disso, há o ajuste fiscal, apesar disso deixar evidente os problemas de gastos no governo passado".
Oposição perde tempo com conflitos internos, avalia Gustavo Fruet

Fruet vai deixar o mandato de deputado federal nesta terça com a posse da nova legislatura, mas não deixa de verificar que haverá uma dificuldade de diálogo com setores do Congresso, em especial com o PMDB, no que chama de "sinal amarelo aceso": "Você vê outros partidos querendo espaços no governo, como o PSB". A mesma observação é feita pelo cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB): "Está parecendo que o PMDB tem facções dentro dele e que a Dilma não está disposta a agradar. Diferente do ex-presidente Lula, ela não parece estar disposta a dar os cargos desejados e preteriu alguns grupos, mas vamos ver, vejo pessoas elogiando essa aposta que ela fez".

A partilha da composição dos ministérios trouxe irritação à principal legenda da base aliada e deu trabalho ao vice-presidente Michel Temer, que tem exercido a função de "bombeiro" nestas primeiras semanas.

O político tucano ainda alerta que os principais partidos da oposição estão perdendo tempo em conflitos internos, ao invés de preparar um contraponto saudável ao Governo Federal: "Tem feito muito pouco, porque há a disputa pela presidência do PSDB entre os grupos de José Serra e Aécio Neves, e também os problemas internos dentro do DEM. Dilma Rousseff vai monitorar a oposição, ela não será um fator de incômodo. O risco dela é mais com relação aos partidos da base aliada do que com a oposição".
Senador do PT sugeriu ida de Dilma ao Congresso

Suplicy lembrou que a presidente aceitou a sugestão de ir à cerimônia de posse dos parlamentares no Congresso Nacional, contrariando a sugestão de não demonstrar desinteresse pelo Legislativo. A presença de Dilma lendo a mensagem presidencial já tinha até sido descartada pelo atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP): "Representa muito mais ela vir falar olho no olho. E esperamos que cada deputado vote sempre conforme as convicções do que seja o melhor para o povo brasileiro", frisou o parlamentar petista, destacando ainda o ímpeto democrático e respeitador dos direitos humanos reforçado pela primeira mulher presidente do Brasil.SRZD

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Marcos Imperial

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