Dois anos se foram. |
Não adianta Micarla de Sousa tapar o sol com a peneira: a impressão que todos têm é que prefeita de Natal consumiu dois anos do seu mandato atolada em crise financeira, sem identidade administrativa (a alta rotatividade de secretários é uma prova disso) e sem apresentar um conjunto de obras que encha os olhos da população ou que, no mínimo, deixe-a satisfeita.
Micarla não teve a sorte de Carlos Eduardo Alves. O antecessor da Borboleta governou com a ajuda dos astros: ele contou com os recursos da Prefeitura de Natal, com os convênios do Governo do Estado (até Wilma se afastar dele) e com os recursos da União trazidos pelo PT de Fátima Bezerra.
Micarla contou apenas com os recursos da Prefeitura. E se deu mal. Apesar de um leve crescimento na arrecadação de impostos municipais - IPTU, ISS e taxas de limpeza urbana e iluminação -, os recursos nunca deram folga para Micarla pagar o que deve como gestora e para fazer obras. A capacidade de investimento da Prefeitura é quase zero.
A falta de identidade administrativa é uma mistura de inexperiência, instabilidade política - trocou de aliados e políticos como quem troca de roupa - e incompetência.
Sem dinheiro e sem saber o que fazer, feito Borboleta que voa pra lá e pra cá, Micarla não tem obras que lhe proporcionem uma melhor avaliação como gestora.
Micarla perdeu, sim, dois anos de sua gestão como avaliou corretamente o vice Paulinho Freire (PP).
Mas Paulinho Freire me disse outras coisas durante sua interinidade bastante elogiada. Ele disse que a prefeita Micarla de Sousa ainda tem tempo de fazer uma boa administração e recuperar sua imagem para pensar, talvez, numa candidatura à reeleição.
Paulinho me disse que, antes de pensar em eleição, Micarla terá de fazer o dever de casa: cortar gastos, se cercar de pessoas que queiram realmente lhe ajudar, cobrar metas da sua equipe (aliás, ela precisa ter uma equipe), Micarla precisa ter uma boa relação administrativa e política com os governos estadual e federal, buscar convênios, parcerias e ter projetos. Ter projetos, sim. Não adianta correr atrás dos recursos sem possuir bons projetos.
Micarla pode dizer que tentou tudo isso ou que tudo isso está em andamento. Não é o que parece. E se já tentou tudo isso, fez pouco. Precisa fazer muito mais.
Em um mês de interinidade, Paulinho Freire empreendeu uma dinâmica à gestão municipal que nunca antes na história deste município alguém viu como obra de um vice-prefeito.
Paulinho cortou gastos, chamou servidores à disposição de outros poderes, elegeu prioridades com as comunidades, aumentou a tarifa do ônibus, pagou fornecedores e prestadores de serviços em atraso, recebeu políticos, ou seja, sacudiu as estruturas do Palácio Felipe Camarão de forma positiva. Tudo isso para ajudar Micarla de Sousa e, talvez, demonstrar que, havendo vontade política e rumo administrativo, dá para fazer.
Foi esta impressão que ficou da interinidade de Paulinho Freire. Foi por conta disso que surgiram as comparações de estilo entrre Paulinho e Micarla. Foi por isso que surgiu o movimento #ficapaulinho nas redes sociais.
E eu dizia há alguns dias aqui neste espaço: Micarla tem de ser forte para não ter ciúmes da interinidade do vice-prefeito Paulinho Freire.
Pois não é que pintou um ciuminho! E não é só fuxico, não!
Tá todo mundo achando isso, Micarla.
Não leve a sério, não. Lembre-se das sábias palavras de Carlos Eduardo Alves para você, Micarla: vice é vice. BLOG Diógenes Dantas.
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Marcos Imperial