segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lula estreia em palestras internacionais

Na estreia como palestrante internacional, o ex-presidenteLula recebeu tratamento de chefe de Estado, com hospedagem na casa do embaixador brasileiro em Washington e forte esquema de segurança. Lula tomou o cuidado de ler um discurso previamente redigido, mas num momento de improviso disse que no passado os brasileiros eram confundidos com traficantes nas viagens ao exterior.
“Quinze anos atrás, qualquer brasileiro tinha vergonha de mostrar o passaporte porque nos aeroportos do mundo inteiro as pessoas achavam que era traficante de drogas”, disse a cerca de 200 pessoas num evento patrocinado pela Microsoft. “Hoje não temos vergonha, acabamos com nosso complexo de vira-lata.”
Depois do evento, falando com a imprensa, disse que o ex-presidente da Vale Roger Agnelli não é insubstituível.
Lula chegou ao evento, promovido num hotel a poucas quadras da Casa Branca, acompanhado do embaixador em Washington, Mauro Vieira, e o governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele posou para algumas fotos na recepção do hotel e abraçou uma brasileira que se emocionou ao encontrá-lo calçada.
Lendo um texto de nove páginas, Lula relembrou que, filho de analfabetos, foi o primeiro de uma família de oito irmãos a completar o ensino técnico. Ele passou em revista a política de educação do seu governo e fechou o discurso com lições que diz ter aprendido no poder. “Governante que não sonha não transmite esperança”, disse. “Governar é sobretudo uma relação de sentimento do governante com os governados.”
Ao responder perguntas da plateia, manteve a cautela em assuntos internacionais, Lula alfinetou os países desenvolvidos. “O Banco Mundial e o FMI sabiam a solução para a América Latina, mas quando acontece na Europa eles não sabem.”
Seguranças americanos tentaram evitar a aproximação de jornalistas, mas Lula aceitou responder a três perguntas. “Ninguém é imprescindível nem substituível, e tive a oportunidade de dizer isso ao amigo Roger há uns 10 dias atrás”, afirmou, sobre a troca de comando na Vale. “A alternância de poder vale na política e na vida empresarial.”
Lula disse que, como presidente, teve divergências com Agnelli porque exigiu mais investimentos no Brasil, e afirmou não estar preocupado com a reação negativa do mercado. “Eu não pedi ao mercado para ser eleito”, disse. “Tem título de eleitor, o mercado?”

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Marcos Imperial

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