"Achei um absurdo o fechamento do Pronto Socorro. Lamentável". Com esse post em seu twitter, na manhã desta terça-feira,26, o deputado Fernando Mineiro mostra toda sua indignação com o fechamento do Hospital Maria Alice Fernandes, localizado no conjunto Parque dos Coqueiros, zona norte de Natal. A decisão foi tomada pela governadora Rosalba Ciarlini no último dia 22, Sexta-feira Santa. "Sendo a Governadora pediatra por profissão, confesso: não esperava dela o fechamento de um Pronto Socorro Pediátrico", desabafa o deputado.
O Ministério Público tentou impedir fechamento do Pronto Socorro Infantil. No dia de 20 de abril, a Promotoria da Saúde ingressou com pedido de tutela antecipada à Vara da Infância e Juventude para evitar que o pronto atendimento do Hospital Infantil Maria Alice Fernandes fosse interrompido, mas não conseguiu evitar o fechamento do hospital.
Leia mais. Leia abaixo matéria sobre o assunto publicada nesta terça-feira, 26, no jornal Tribuna do Norte. Ainda não há uma data para a reabertura do pronto-atendimento do Hospital Maria Alice Fernandes, no conjunto Parque dos Coqueiros, zona norte de Natal, mas a Secretaria Estadual de Saúde já definiu que o perfil de atendimento não será o mesmo. A unidade passará a receber apenas os casos de urgência pediátrica. Em outras palavras: não receberá mais aqueles pacientes que apresentam casos típicos de atendimento clínico, ou seja, ambulatorial. O pronto-atendimento do Maria Alice foi fechado, na última sexta-feria (22/03), com previsão de reabrir dia 1º de maio. “Ainda estamos estudando esse novo perfil, mas já sabemos que será uma unidade referenciada apenas para a urgência.
Do jeito que está as evasão só vai continuar”, adiantou o secretário estadual de Saúde, Domício Arruda. A crise no hospital eclodiu com o pedido de demissão de cinco pediatras. O secretário acredita que o redimensionamento do perfil de atendimento vai motivar os profissionais e viabilizar a contratação de novos pediatras. Segundo ele, serão convocados mais seis pediatras do último concurso público realizado pela Sesap (homologado em 05/11/2010) para substituir os que entregaram o cargo.
Com essa nova força de trabalho, informou o secretário, será possível fechar as escalas do pronto-atendimento e reabrir mais dez leitos de UTI pediátricos. A sobrecarga de trabalho, segundo a diretora médica do hospital, Tereza Cristina Urbano de Andrade, levou os pediatras a uma situação de exaustão. “Era impossível negociar plantões eventuais para fechar a escala e até mesmo manter os profissionais no quadro” disse ela.
Somente no mês de março o pronto-atendimento do hospital Maria Alice atendeu 7.610 crianças, das quais 48% foram classificadas, durante a triagem, como pacientes que necessitariam de atendimento ambulatorial. “O problema é que estávamos atendendo tudo, sem excluir ninguém. A classificação de risco só definia o tempo de espera de cada paciente. Nós estávamos fazendo dentro de uma urgência o atendimento básico”, disse ela.
Os pacientes classificados como amarelo e vermelho tinham prioridade no atendimento, por se tratar de casos de urgência. Os que eram classificados pelas cores azul e verde, aguardavam por mais tempo. Basta conversar com os pacientes que estão na fila de espera do ponto-atendimento para saber porque a situação chegou a esse ponto: na rede de atenção básica quase não há atendimento pediátrico.
Apesar de o município de Natal possuir 118 pediatras efetivos, poucas unidades básicas de saúde funcionam com atendimento pediátrico. Além das três AMEs (Ambulatório Médico Especializado) que possuem atendimento pediátrico, identificamos apenas seis unidades básicas de saúde com com ambulatório nessa área.
Tem médico pediatria as unidades de Mirassol, Lagoa Seca, São João, Nova Descoberta, Igapó e Felipe Camarão. Mesmo assim, com funcionamento irregular. Em algumas, a população não consegue agendar consultas. “Em Felipe Camarão a médica raramente aparece.
Quando não está de férias, está de licença médica”, relatou Lucineide Hermogenes Pereira da Silva, que estava no pronto-atendimento do Sandra Celeste com o filho João Manoel, 3 anos. O garoto estava com febre e diarréia. As suspeitas eram de dengue. “Nós chegamos aqui às 10 h e fomos atendidos, agora às 14h30”, reclamou. Ela foi orientada a aguardar a liberação do resultado do exame e não tinha esperança de sair antes das 16h.
“É coisa lá pra o final da tarde, de tanta gente que tem”. Quem também não estava satisfeita era a moradora do Guarapes, Joselita dos Santos. “Nós chegamos aqui ás 11h35, fomos atendidas ás 15h pra a médica dizer que não resolve o problema aqui. Encaminharam para o Maria Alice, não sei nem se ela vai ser atendida lá”, reclamou Joselita. A filha Geslane, 11 anos, precisaria fazer uma pequena cirurgia em um dos dedos da mão.
No bairro onde mora, Guarapes, a unidade de saúde está fechada. “O pronto-atendimento foi interditado, e a gente ficou sem nada. Não tem médico”, disse Joselita. A população aguarda a construção e inauguração de uma AME. No hospital Maria Alice, segundo a direção informou à reportagem da Tribuna do Norte, apenas sendo recebidos apenas os casos de internamento, regulados pelas unidades de urgência ou transferidos de outros hospitais.
“O internamento está sendo regular, desde que exista a vaga. Em outros casos a recepção está orientando os pais a levar a criança para o hospital mais próximo”. Pediatras migram para o PSF por melhor remuneração A luta da Sociedade Brasileira de Pediatria é para a inclusão do pediatra no Programa de Saúde da Família. Atualmente, o PSF tem apenas o médico clínico, ou seja, o generalista que atende à criança e ao adulto.
“Houve uma valorização salarial muito grande do médico do PSF e muitos pediatras fizeram a seleção e hoje estão no PSF, desvirtuando sua verdadeira função na medicina”, declarou o presidente da Sociedade de Pediatria do RN, Nivaldo de Noronha Júnior.
Ele afirmou não existir falta de pediatras. Segundo a Organização Mundial de Saúde é de que para cada 100 mil habitantes existam, pelo menos, 18 pediatras. No Rio Grande do Norte, a proporção é de 18 profissionais para cada grupo de 132 mil e 600 habitantes. “O número que existe é suficiente, o problema é que muitos estão desistindo da pediatria”, afirmou. Para se ter ideia, dos 430 profissionais com especialidade em pediatria, apenas 230 estão efetivamente vinculados à Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte e exercem a especialidade. Dai a dificuldade em fechar as escalas de pediatria. Segundo o presidente da Sociedade de Pediatria do RN o hospital da Polícia Militar é um dos que está em dificuldade de fechar a escala de pediatria.
“Na rede pública, como não há uma valorização do profissional a evasão é grande. Não é fácil conseguir pediatras dispostos a enfrentar uma alta demanda e baixa remuneração”, disse Nivaldo. Segundo ele, a remuneração pela rede pública para um plantão de 12 horas fica em torno de R$ 150,00. Pela Cooperativa de Médicos do RN (Coopmed) a remuneração do mesmo plantão é de R$ 918,00. Atualmente, 100 pediatras estão vinculados à Coopmed; um total de 118 médicos são efetivos do município de Natal, e desses 19 estão no pronto-Atendimento do Sandra Celeste, sendo três profissionais por escala de 12 horas. Além desses profissionais, 19 são contratados para o Sandra Celeste por meio da Coopmed. Dos 90, da rede estadual, 17 estão no Maria Alice Fernandes, que também tem contrato com a Coopmed, com os pediatras que atuam na UTI.
A crise terminou afastando da especialidade os recém-formados, que estão optando cada vez menos pela pediatria. Este ano, o hospital Maria Alice ofereceu duas vagas para residência em pediatria. Só preencheu uma. O hospital Varela Santiago ofereceu três vagas, preencheu as três, mas dois dos residentes já desistiram. No Hospital de Pediatria da UFRN (Hosped), existem oito vagas – todas preenchidas e nenhuma desistência registrada até agora. No hospital regional de Santa Cruz, as duas vagas de residência em pediatria estão preenchidas.Fonte: Tribuna do Norte
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Marcos Imperial