terça-feira, 24 de maio de 2011

Morre Abdias Nascimento, aos 97 anos. Lider de larga compostura e sabedoria. Grande militante de combate ao racismo.


Ator, diretor, dramaturgo, político. E um dos pioneiros no Brasil do movimento de luta contra a discriminação racial.


Este era Abdias do Nascimento, que morreu hoje, no Rio, aos 97 anos de dade.
Foi perseguido pela ditadura militar, deixou o país nos anos 60 e ao voltar engajou-se no PDT de Leonel Brizola para ser eleito deputado federal e senador da República.

Foi ele quem criou o Teatro Experimental do Negro, que funcionou no Rio de 1944 a 1968.
Desde então, todos os movimentos brasileiros contra a discriminação racial contaram com a sua participação.
Escreveu vários livros, dentre os quais "Sortilégio", "Dramas Para Negros", "Prólogo Para Brancos" e "O Negro Revoltado". 
Era doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB).
E era, também, um brasileiro ilustre.
Como poucos, raros.Brasilia Urgente.

Do Blog:

Abdias do Nascimento, 96 anos, defensor fervoroso do sistema de cotas raciais em universidades públicas e um dos líderes negros de maior expressão no país, considerou "uma coisa lamentável" as alterações no texto original. 

Isso por que foi retirada do texto original o trecho que falava sobre a regulamentação da reserva de vagas para a população negra na educação.
 Em entrevista ao editorial Terra Magazine, Abdias do Nascimento afirmou que

"as cotas so absolutamente importantes. São um passo adiante da degradação que o negro tem sofrido durante tantos séculos."

Estou completamente de acordo com o deputado Abdias, as cotas antes de tudo são uma reparação à mais de trezentos anos de escravidão e privação a que os negros foram submetidos no nosso país. As marcas da escravidão são sentidas ainda hoje pela população negra em forma de racismo, discriminação e humilhação. Num país como o nosso no qual o racismo é velado e onde predomina o mito da democracia racial, fica mais difícil promover políticas de Ação Afirmativa. 

Sei que a questão das cotas é um assunto polêmico, defendo aqui a minha posição enquanto historiadora, professora e estudiosa da questão racial no Brasil. Só com políticas públicas de reparação, também chamadas de "discriminação positiva" é que poderemos diminuir as enormes desigualdades sociais e de oportunidades entre brancos e negros. Se nós retiramos dos negros seus direitos e muito mais, lhes retiramos sua condição de seres humanos há séculos atrás, nada mais justo que promover hoje algum tipo de reparação que, nem de longe poderá reparar as dores e sequelas de mais de trezentos anos de escravidão. Pensemos nisso!

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Marcos Imperial

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