quinta-feira, 7 de julho de 2011

Após desgastes internos, Marina Silva anuncia hoje sua saída do PV

 A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva deve anunciar em ato público em São Paulo, nesta quinta-feira (7), sua saída do Partido Verde (PV). A decisão acontece nove meses após o primeiro turno da eleição para a Presidência da República, quando Marina saiu politicamente fortalecida ante seus cerca de 20 milhões de votos, e já em meio aos acordos partidários que antecedem a sucessão municipal de 2012.
Marina Silva já sinalizou que pretende se lançar em um "novo movimento político-social para pensar novas alternativas políticas"

Em Berlim –onde a ex-senadora ministrou esta semana palestra sobre desenvolvimento sustentável, a convite da Fundação Heinrich Boll, e também onde participou de congresso organizado pelo PV alemão–, Marina evitou falar taxativamente sobre sua saída do partido. Porém, sinalizou que pretende se lançar em um “novo movimento político-social para pensar novas alternativas políticas”.
Lideranças do PV e pessoas próximas à senadora, ouvidas pela reportagem garantiram que a saída é irrevogável –com pouca ou nenhuma chance de ingresso em outra legenda.
Há semanas a desfiliação é cogitada, em meio a desgastes internos que se arrastam pelo menos desde março com a cúpula do PV. Em março, reportagem da Folha de S.Paulo antecipava a disposição da ex-senadora em deixar o PV após o presidente do partido, o deputado federal José Luiz Penna (SP), ter liderado uma manobra na Executiva Nacional para prorrogar o próprio mandato.
A reportagem tentou ouvir Penna sobre a saída de Marina, mas a assessoria de imprensa da legenda informou que ele se manifestaria, “talvez”, apenas após o anúncio da colega na capital paulista.

Para Gabeira, saída prejudica “luta ecológica”

Fundador do partido em 1985, o ex-deputado federal Fernando Gabeira (RJ) deu como certa a perda de Marina dos quadros do PV e lamentou a situação. Gabeira, entretanto, afirmou que está tentando convencer a ex-ministra a se manter no PV, uma vez que sua saída “não é boa nem para ela, nem para o partido”.
“Vou fazer todo o possível para que consigamos ainda soluções que evitem o desgaste de uma saída dessas para que a luta ecológica não fique prejudicada. Se ela sair mesmo, poderemos marcar uma convenção do partido na qual se comprometa a realizar o que estava prometido –aí até vejo chantes de ela voltar”, disse.
Por outro lado, Gabeira demonstrou compreender as razões da colega. “Entendo, pela maneira como ela explicou, que não está satisfeita –mudanças que haviam sido combinadas não ocorreram”, citou, para completar: “Mas acredito que rever tudo é possível; o programa [partidário] tem que ser revisto. Um ponto, por exemplo, é tentar criar executivas estaduais eleitas, e não nomeadas –estou nesta situação de tentar achar uma saída, e não botar fogo na fogueira. Quero construir pontos, e não fortalecer cisões”, definiu.

Biografia

A estreia de Marina em uma disputa eleitoral foi em 1986, ainda filiada ao PT, quando tentou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Como o partido não atingira o quociente eleitoral mínimo, não foi eleita, apesar de expressiva votação. Dois anos depois, foi eleita a vereadora mais votada de Rio Branco (AC).
A eleição como deputada estadual veio em 1990, e, aos 36 anos, em 1994, se elegeu a senadora mais jovem da história do país. Reelegeu-se em 2002 e no ano seguinte, em janeiro, assumiu o Ministério do Meio Ambiente na nova equipe do então recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marina deixou o ministério em maio de 2008 alegando, em carta endereçada a Lula, que a decisão estava atrelada a dificuldades “para dar prosseguimento à agenda ambiental federal”. Em agosto do ano seguinte, se desfiliou do PT e, 11 dias depois, anunciou o ingresso no PV. Foi pela sigla que concorreu ano passado à Presidência, ao lado do empresário Guilherme Leal, seu vice.
Nascida em uma pequena comunidade do Acre chamada Breu Velho em 8 de fevereiro de 1958, filha de pais nordestinos, Marina deixou a região dos seringais para trabalhar como empregada doméstica e estudar na capital do Estado. Lá, se formou em História. Mas foi pelo contato com o líder seringueiro Chico Mendes que acabou abraçando a vertente social. Seguiu essa linha por meio do envolvimento com a Teologia da Libertação e com as comunidades eclesiais de base, mas também pelo auxílio na fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre.




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Marcos Imperial

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