Dia 30 de julho de 2011, completam exatos 25 anos da morte de Câmara Cascudo, um quarto de século desde o encantamento de um dos maiores folcloristas do Brasil, quiçá do mundo. "Provinciano incurável", autor de 74 livros - metade deles dedicado à cultura popular (tradições, folclore, costumes, gastronomia) - e quase 100 plaquetes, seu nome está no panteão dos intelectuais mais influentes do país.
A Tribuna do Norte Online produziu um mini-documentário sobre Câmara Cascudo para lembrar a data, e entrevistou cinco pessoas que, de alguma forma, estão intimamente ligadas ao escritor. "Nosso foco foi na personalidade de Cascudo e na relação pessoal dos entrevistados com ele. É uma abordagem com um tom bem intimista", esclarece Bernardo Luiz Santana de França, responsável pela captação e edição das imagens. Ao todo foram captadas de 2h30 a 3h de imagens, que resultaram em um vídeo com pouco mais de 10 minutos. A direção é do jornalista Fred Carvalho, e os entrevistados são: a filha Anna Maria Cascudo Barreto, a neta Daliana Dascudo, o poeta Diógenes da Cunha Lima, e os jornalistas Vicente Serejo e Tarcísio Gurgel.
Homenagem mais que justa ao nosso Mestre Luís da Câmara Cascudo, Cascudo vive VIVA CASCUDO!!! Joaquim Jr(Historiador, Agente de Viagem e Guia de Turismo Local RN e Nacional).
A ausência sentida do Mestre
Publicação: 30 de Julho de 2011
Yuno Silva
repórter
Publicação: 30 de Julho de 2011
Yuno Silva
repórter
O que Cascudo representa para você? "Uma referência em muitos assuntos, muita coisa, tipo assim... cultura popular, sobre a história da cidade. Ele registrou muita coisa, documentou muita coisa. Foi muito influente, conheceu muita gente, um homem viajado", resumiu rapidamente uma estudante universitária de 23 anos anônima na multidão. Prefere não se identificar por vergonha de admitir que nunca leu Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). "Deveria ter lido", lamenta. "Ainda dá tempo", considera. Não leu, mas estudou: "Li textos isolados no ensino médio para fazer trabalhos de escola sobre folclore, e só! O resto é de ouvir falar".
E a universitária não está sozinha: as estudantes do ensino médio Rayssa Martineli Teixeira de Lima, 17, e Elaine Fernanda da Silva Miranda, 18, também só ouviram falar. Também não souberam responder onde viveu o escritor, professor, historiador e principal pesquisador da cultura popular brasileira - mesmo com a abrodagem deste repórter em frente ao número 377 da Av. Câmara Cascudo (antiga Junqueira Ayres), na subida da Ribeira para a Cidade Alta, casa onde Cascudo nasceu e morou e que atualmente abriga o Instituto Câmara Cascudo - Ludovicus.
Hoje, 30 de julho de 2011, completam exatos 25 anos da morte de Câmara Cascudo, um quarto de século desde o encantamento de um dos maiores folcloristas do Brasil, quiçá do mundo. "Provinciano incurável", autor de 74 livros - metade deles dedicado à cultura popular (tradições, folclore, costumes, gastronomia) - e quase 100 plaquetes, seu nome está no panteão dos intelectuais mais influentes do país: "Quando idealizei o Almanaque Brasil (www.almanaquebrasil.com.br), há 13 anos, fui beber na fonte de Câmara Cascudo. Não há outro pesquisador que tenha se dedicado tanto à nossa cultura quanto ele", declarou o jornalista Elifas Andreato, 65. Paranaense radicado em São Paulo, Andreato adiantou que pretende publicar um editorial na próxima edição impressa da revista em homenagem ao patrono.
Vale registrar que a data só será oficialmente lembrada na sessão do Senado federal no próximo dia 3 de agosto, pelo Senador Paulo Davim - o Museu que leva seu nome está fechado para reforma e seus servidores estão em greve. Também não há programação agendada na biblioteca Estadual Câmara Cascudo, nem no próprio Instituto Ludovicus. "Vamos começar a embalar os livros para o início da reforma da biblioteca, então não temos como abrigar um evento. Mas teremos uma rápida exposição durante o mês de agosto alusiva à Cascudo", adiantou Márcio Rodrigues, diretor da biblioteca.
A pesquisa é o suporte para as futuras gerações
Para Humberto Hermenegildo, professor de literatura do Departamento de Letras da UFRN e pesquisador do Núcleo de Estudos Câmara Cascudo, "não adianta tentar impor a obra dele", comentou. "Nosso trabalho no Núcleo de Estudo Câmara Cascudo tem a preocupação de preservar a partir da pesquisa, são os estudos que podem favorecer a disseminação de sua obra", acredita Hermenegildo.
"Apesar do nome, não estudamos apenas Cascudo no Núcleo, e a cultura do RN como um todo e sob vários aspectos (histórico, social, antropológico). O foco principal de minha investigação, por exemplo, é o Modernismo, movimento no qual Câmara Cascudo também está inserido. São visões parciais de sua personalidade multifacetada", explica. Autor dos livros "Asas de Sófia - ensaios cascudianos" (1998) e "Leituras sobre Câmara Cascudo" (2006), Humberto prefere não vitimar Cascudo: "Sua obra é bastante conhecida no Brasil, e neste momento temos é que incentivar novos pesquisadores e evidenciar esses estudos", sintetiza o professor.
Legado
Compartilhando o mesmo preceito, de que só pesquisas podem dimensionar o legado cascudiano, Durval Muniz, professor titular do departamento de História da UFRN, verifica muitos guardiões da obra de Cascudo em Natal, mas poucos vêem com bons olhos quando alguém se aproxima para uma abordagem mais analítica: "Há uma visão equivocada de acreditar que uma abordagem crítica irá macular a imagem de Câmara Cascudo. Ele era um apaixonado pela busca das origens, e estudos servem para tentar entendê-lo na íntegra. Fatos precisam ser explicados dentro de um condicionamento histórico", diz o professor.
Na opinião de Muniz, "não adianta manter a obra em prateleiras, isso não significa preservar. O trabalho de Cascudo é fundamental para compreender a própria ideia que temos do Brasil, sintetiza a cultura brasileira através de crônicas cotidianas". Há nove anos pesquisando cascudo e há quatro trabalhando em um livro sobre "A construção da ideia de cultura nordestina", o historiador ainda planeja lançar uma biografia intelectual sobre Cascudo.
Acervo
"Cascudo ainda é pouco lido dentro da Universidade, as bibliotecas Central Zila Mamede da UFRN e a Estadual Câmara Cascudo não tem seu acervo completo - nesta última, o pouco que tem está mal conservado. Ou seja, enquanto seus pensamentos, seus livros e sua vida estiverem nas prateleiras, não há como exigir muita coisa. É preciso compartilhar de maneira ampla e irrestrita, sem receio, para seu legado ser, no melhor sentido da palavra, vulgarizado", sentencia.
O tema não é novo, pois foi discussão durante o Festival Literário da Praia de Pipa, em novembro de 2010. O debate, protagonizado por Durval Muniz, Moacy Cirne e a professora Vânia Gicco, chegou a algumas contatações que merecem lembrança: "As pessoas elogiam, celebram a importância de Cascudo, mas poucos leem e estudam o seu legado. Um escritor precisa influenciar outros, ter discípulos, para que sua obra seja valorizada", afirmou Cirne.
Senado vai homenagear Luiz da Câmara Cascudo
Brasília - O Senado Federal prestará uma homenagem, nesta quarta-feira, a partir das 14 horas, ao escritor e folclorista Luís da Câmara Cascudo. A homenagem, que será realizada durante a hora do expediente da sessão plenária, foi proposta pelo senador Paulo Davim (PV-RN), lembrando os 25 anos da morte do educador potiguar. Ele morreu em 30 de julho de 1986, aos 87 anos de idade.
Câmara Cascudo dedicou-se ao estudo da cultura brasileira e foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pesquisador das manifestações culturais brasileiras, Cascudo deixou uma extensa obra, com destaque para Dicionário do Folclore Brasileiro, editado em1952, Contos Tradicionais do Brasil (de 1946) e Geografia do Brasil Holandês, lancada em 1956. Cascudo já foi homenageado com a estampa de seu rosto na nota de 50 mil cruzeiros, que circulou no Brasil no início da década de 1990.
De acordo com a enciclopédia eletrônica Wikipedia, o conjunto da obra de Luís da Câmara Cascudo é considerável em quantidade e qualidade: ele escreveu 31 livros e nove plaquetas sobre o folclore brasileiro, em um total de 8.533 páginas. "Ninguém no Brasil, nem antes nem depois dele, realizou obra tão gigantesca com reconhecimento nacional e estrangeiro. É também notável que tenha obtido reconhecimento nacional e internacional publicando e vivendo distante dos centros Rio e São Paulo," informa a enciclopédia.
Fonte: Tribuna do Norte - 31/7/201
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