Vá lá o título e o texto da notícia da Agência Estado, escrita por Christiane Samarco e Vannildo Mendes:
A operação política montada em torno da sucessão do deputado Pedro Novais (PMDB-MA) no ministério do Turismo produziu um perdedor: o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Além de não conseguir comandar o processo, ele acumulou desgaste político múltiplo junto à bancada que lidera, ao vice-presidente Michel Temer, ao Palácio do Planalto e a setores do PT que já estão de olho na cadeira de presidente da Câmara em 2013, almejada por Alves.
Fincar pé na indicação de dois deputados considerados "fichas sujas" pelo Planalto - Marcelo Castro (CE) e Manoel Júnior (PB) - foi apenas um erro em meio à série de equívocos cometidos pelo líder, na visão de seus próprios pares. E Alves passou recibo do desconforto hoje, com uma espécie de `discurso desabafo' no Encontro Nacional do PMDB. Ao se queixar dos ataques "mesquinhos", disse que o partido "não tem medo de tempestades, nem de furações, nem de ameaças, nem de cara feia, nem de constrangimentos".
Integrante da lista do líder, Castro foi citado na Operação Voucher, da Polícia Federal, como autor de emendas suspeitas para o Turismo. Também frequentou noticiário do escândalo do Ministério dos Transportes, por ser irmão dos donos da construtora Jurema, alvo de pelo menos 15 investigações, entre auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU), inquéritos da PF e ações de improbidade apresentadas pelo Ministério Público.
Embora seja identificado como expoente do grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o novo ministro Gastão Vieira (PMDB-MA) foi fruto de uma articulação mais ampla, da qual também participaram o vice Temer, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Restou ao grupo de Henrique o consolo de que, se algo der errado com a opção maranhense, a conta política será paga por Sarney, e não por ele, como ocorre agora com Novais.
Talvez por isto, seu primeiro tropeço na sucessão tenha sido o de tentar esticar por mais uns dias a permanência de Pedro Novais no Turismo ontem. É verdade que, àquela altura, Henrique estava preocupado em `salvar' o Encontro do PMDB, que no dia seguinte reuniria três mil prefeitos, vereadores, governadores, deputados e senadores do partido em Brasília, para tratar de eleições municipais.
Mas o esforço para não contaminar o evento com a ressaca da demissão humilhante contrariava a avaliação geral do governo e do próprio partido de que a situação do ministro tornara-se insustentável por conta da sucessão de denúncias de mau uso do dinheiro público que pesavam contra ele.
Em um movimento rápido, ainda pela manhã, Alves reuniu os vice-líderes da bancada para tirar uma posição de solidariedade ao ministro Novais e fixar o critério para a escolha do sucessor Ao estabelecer que o novo ministro deveria ter mandato parlamentar, ele enviou o recado claro ao Planalto e ao vice Michel Temer, de que não aceitaria nomes articulados fora do Congresso.
Seus aliados dizem que este movimento teve nome e sobrenome. Citam o vice-presidente da Caixa Econômica Federal para Pessoas Jurídicas, Geddel Vieira Lima, e o ministro do Desenvolvimento Estratégico, Moreira Franco, que tinham a preferência de Temer para o Turismo. Dizem até que se o líder não foi vitorioso, emplacando o sucessor, tampouco saiu derrotado, porque fez valer o critério que levou à indicação do deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) para substituir Novais.
Mas o fato concreto é que ele não conseguiu construir uma solução de consenso e que a bancada também não fechou questão em torno dos nomes que ele propôs, endossando a escolha do líder. Mesmo assim, ele irritou Temer no início da noite, insistindo mais uma vez para que o vice levasse o nome de Marcelo Castro ao Planalto.
Sabendo das restrições palacianas, Temer se recusou a fazê-lo, alertando que a tática de impor um nome à presidente era arriscada demais. "Me dê ao menos uma lista tríplice", pediu. E nem assim Alves conseguiu acertar a lista com a bancada. Esbarrou nos vice-líderes, que sugeriram a ele reunir todos os deputados e tirar os três nomes em votação secreta. Foi da recusa do líder a aceitar a decisão por voto secreto que surgiu a proposta de passar a bola ao Planalto, dizendo a Dilma que ela poderia indicar qualquer um dos 80 peemedebistas da Câmara. A presidente não caiu na armadilha e devolveu a bola ao partido, exigindo que lhe apontassem nomes. E mais uma vez, o líder não conseguiu emplacar seus apaniguados.
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Marcos Imperial