Agora, muito se fala que é preciso manter as oposições unidas para derrotar o DEM, porque o DEM é o partido que, de maneira mais radical, combate o governo petista em Brasília (DF), e que o senador José Agripino é uma das principais expressões desta oposição porra-louca, sendo de extrema importância vencer o seu partido no seu Estado, onde Mossoró, terra natal do senador, tornou-se a cidadela da sigla nacionalmente malsucedida. Esses argumentos e muitos outros têm sido por nós esgrimidos há alguns anos. E depois de tantas vitórias do DEM, temos a sensação de que pregamos no deserto por todo este tempo. Até parece a Globo e a Veja querendo dizer que Sarney era um corrupto, depois de o PT passar quarenta anos lhes dizendo isso sem ser ouvido. Abate-nos dolorosa sensação de que agora é tarde. Já não temos como derrotar o DEM no Rio Grande do Norte.
Ao menos neste ano. Sua sobrevivência no poder está garantida por mais um período, independente de 2012. No máximo, poderemos lhe tomar a Prefeitura de Mossoró, o que é muito importante, mas o resto ficará intacto. Resta saber aquilo que sempre perguntávamos quando fazíamos seminários, congressos, encontros e debates na época da redemocratização: pra quê? e para quem? Quanto ao "Para quem?", começaremos lembrando que estivemos gritando em 2006 que era necessário um forte engajamento na candidatura Fernando Bezerra ao Senado, por ser ele um parlamentar e líder empresarial de grande importância para o governo Lula, além de ter como suplente, Rui Pereira, um dos quadros mais preparados que o PT já teve no Rio Grande do Norte, conforme provou na Prefeitura de Serra Negra do Norte, na representação do Ministério da Saúde no Nordeste, na Secretaria de Saúde do Estado, na Secretaria de Articulação dos Municípios e na Secretaria de Educação, até morrer num acidente. Além da eleição dos dois, era necessária a derrota de uma senhora chamada Rosalba Ciarlini, que todos sabíamos ter aquela eleição como trampolim para conseguir realizar a obsessão do marido pelo Governo do Estado desde que seu pai, Dix-sept, morrera também num acidente na longínqua década de 50.
E, como diz a sabedoria popular, duas coisas não se podem mudar: o ontem e o amanhã. Mas, naquele "hoje" de 2006, quando tínhamos nas mãos o poder de matar o sonho de Ravengar, ninguém nos ouviu. Ravengar é que parece ter sido escutado. Em Mossoró, deixaram Rosalba ter os mais de 90% de votos que ela e Laíre tinham tido, em 1988. Terminada a eleição, com Wilma reeleita, propusemos um jantar, um almoço, uma reunião, ao menos uma conversa para definir uma ação conjunta da base aliada dos governos estadual e federal em Mossoró. E ninguém deu ouvidos, apesar de termos dez secretários de Wilma e Iberê, baseados em Mossoró, além da Uern e alguns subs. Era cada um por si e Deus por ninguém. Continuemos nas Notas Curtas.
Evitar a rosa
Chegou 2008 e mais uma vez saímos a pregar a união, demos a cara à tapa em nome do sonho de derrotar o DEM. Rompemos até um ciclo histórico de candidaturas próprias do PT a prefeito para apoiar a deputada Larissa Rosado, com o objetivo de derrotar o partido herdeiro da ditadura. E derrotar o DEM para quê? Para evitar a chegada de Rosalba Ciarlini ao Governo do Estado e a de José Agripino ao Senado. Alguns que hoje defendem a unificação das oposições e a submissão do PT a um interesse que não é o seu não somaram. E, mais uma vez, o DEM ganhou a Prefeitura de Mossoró. A quinta derrota do sandrismo/lairismo, desdita a que o PT se associou por sua própria conta e risco.
Mutirão da mentirinha
Em Natal, apoiaram Fátima Bezerra num mutirão tão grande que ela parecia imbatível. Mas... Não houve engajamento. O apoio a Fátima foi de mentirinha. E, o que parecia impossível, aconteceu. Fátima foi derrotada e o DEM fortaleceu-se no principal colégio eleitoral do Estado. Em 2010, Micarla já era um desastre irreversível. Mas, Dilma Rousseff perdeu em Natal e em Parnamirim, o primeiro e o terceiro redutos de votos potiguares.
Máquina enferrujada
Rosalba já senadora, com direito a mais quatro anos no "céu" se derrotada fosse, concorreu de melé solto. Seria governadora ou continuaria senadora. Pelo menos se poderia derrotar José Agripino e evitar que o Executivo estadual caísse nas mãos do "Modo Micarla de Governar". Mossoró era uma expectativa. Repetiria a quase unanimidade de 2006? Não, dizia-se. O PSB tinha uma deputada federal, uma estadual, tinha junto de si o PT, o PR, a banda henriquista do PMDB, veículos de comunicação, uma massa crítica consistente, um rol de obras concluídas ou em andamento e uma "reca" de ocupantes de cargos comissionados que, com certeza, dariam a vida para reeleger Iberê.
Não me toques
Mais uma vez se viu uma ação "de mentirinha". Quando a campanha começou se viu que, exceto quatro pingados do PT e mais um ou outro abnegado, ninguém iria fazer campanha. Mais uma vez, não se viu trabalho contra Rosalba. Tudo muito "Não me toques", um medo estranho de se queimar, como se fosse crime ser oposição. Era como se estivéssemos pedindo para falar mal do padre Cícero na Serra do Horto, em Juazeiro do Norte (CE), numa manhã de romaria, ou de Maomé na Mesquita Sagrada de Masjid al-Haram, em Meca, no auge do Ramadã. Mais uma vez, ela levou quase 90% dos votos da cidade. Só votou em Iberê quem não votaria em Iberê de jeito nenhum. Os mesmos 14 mil que tinham votado em Rui Pereira para governador em 2002.
Triângulo das Permutas
Uma triangulação foi formada com o PMDB de Garibaldi, que levou o de Henrique a reboque. Depois se veria que ali não há divisão também. Os primos estão juntos e "Alve-se" quem puder... O PT foi alijado do palanque em Mossoró. Hugo Manso, candidato a senador, foi tratado a cotoveladas, hostilizado, combatido, em nome de "velhos amores novos" com Garibaldi, que estava a postos para salvar José Agripino e Rosalba. E foi eleita Rosalba, e foi eleito José Agripino, e foi eleito Betinho e Felipinho. Quatro sonoras pancadas nos nossos tímpanos: DEM, DEM, DEM, DEM... E o PSB de Mossoró estava ajudando Garibaldi, que estava ajudando Rosalba, que estava ajudando Agripino. E não foi só a candidatura Hugo Manso que desidratou em Mossoró. A de Iberê sumiu e a de Wilma ficou patinando na areia movediça do descaso.
Nem condolências
Só a eleição de Dilma e a salvação dos mandatos de Fátima Bezerra e Mineiro livraram o PT das pávidas geenas. E nada disso dependeu do PSB de Mossoró. Enxugadas as lágrimas da derrota quase total, eis que lá estava o PT de Mossoró a esperar ao menos um gesto de condolências, um ombro amigo para chorar a derrota de Iberê e Wilma do próprio PSB, de cujo cortejo fúnebre o PT se fizera sócio. Um aceno? Uma conversa? Nada. Como disse no seu estilo direto o deputado Fernando Mineiro: "Vocês estão esperando pelo apoio de Carlos Augusto, né? Se não vier, ficarão esperando por Robinson Faria com Francisco José. E aí, se nada disso der certo, é que vão procurar o PT". Dito e feito.
Derrotar que DEM?
Agora procuram o PT para derrotar o DEM. Que DEM? Que derrota? Que eu saiba, independentemente dos resultados das urnas mossoroenses em 2012, Rosalba do DEM continuará governadora, José Agripino do DEM continuará senador, Betinho Rosado e Felipinho Maia, ambos do DEM e ambos votados em Mossoró continuarão deputados federais. Betinho, ainda se dando ao luxo da bilocação, sendo secretário e abrindo vaga para Rogério Martinho, salvando o PSDB do naufrágio potiguar.
E se o DEM apoiar Larissa?
Permito-me ainda perguntar ao meu travesseiro: Larissa prefeita de Mossoró vai trabalhar contra a prima Rosalba, do DEM, em 2014? Ou será que alguém quer me convencer de que se não se inaugurar um polo de poder diferenciado agora, tipo Josivan do PT, teremos alguma campanha contra Rosalba em 2014? Como ainda teremos o Natal de 2012 e o de 2013 nesse intervalo, prefiro continuar acreditando em Papai Noel. Pelo menos esse já não engana, com seu Rô, Rô, Rô a gozar da nossa cara e com o seu sininho a fazer correr as renas, tocando DEM, DEM, DEM... E se Carlos Augusto e Rosalba resolverem apoiar Larissa, ainda vão chamar o PT? Ou a estrela se tornará descartável? Por falar em base aliada, seria bom que o PSB de Mossoró pusesse na mesa de negociação o senador Garibaldi, em quem votou e é até ministro dessa mesma base aliada.”
Fonte: Coluna Crispiniano Neto
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