Cabo Jeoás Nascimento, que participou da greve de PMs na Bahia, beija a barriga da mulher ao se apresentar, nesta terça (14), ao Comando da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Ele é presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM e vice-presidente da Associação Nacional dos Praças. Nascimento fez exame de corpo de delito e foi conduzido ao Batalhão de Operações Policiais Especiais, em Natal, onde ficará. Caso não se apresentasse até a madrugada de quarta, ele seria acusado de deserção.
O vice-presidente da Anaspra (Associação Nacional de Praças), cabo Jeoás Nascimento, se entregou na manhã desta terça-feira (14) ao comando da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, em Natal, onde exerce a função. Ele é um dos 12 líderes do movimento grevista dos militares na Bahia que tiveram a prisão decretada e estava foragido desde o último dia 6, quando a Justiça baiana expediu o mandado de prisão. Outras quatro pessoas estão presas em Salvador.
A greve parcial dos policiais militares na Bahia durou de dia 31 de janeiro a 11 de fevereiro. Nos sete primeiros dias de greve, o número de homicídios registrados na região metropolitana de Salvador subiu 145%, se comparado à semana anterior à paralisação.
O diretor administrativo da Associação de Cabos e Soldados do Rio Grande do Norte (ACS-RN), César Cals de Queiroz, disse ao UOL que Nascimento se apresentou às 8h no quartel da PM, já passou por exame de corpo de delito e foi encaminhado para a sede do Bope (Batalhão de Operações Especiais), onde ficará detido à disposição da Justiça.
Segundo o comando da PM potiguar, caso não se entregasse hoje o cabo seria considerado desertor, já que a sua ausência foi publicada na última terça-feira (7) – o prazo para apresentação era de sete dias. Ainda segundo a PM, a prisão do militar já foi comunicada à Justiça baiana.
A ACS-RN informou que já ingressou, nesta segunda-feira (13), com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça da Bahia. “Mas estamos com muita dificuldade, pois a defesa não teve acesso ao processo. Uma coisa absurda, oito dias após o decreto, a defesa não teve ainda acesso ao processo para fazer um pedido embasado. Vamos aguardar a resposta, e, em caso de negativa, vamos decidir uma forma de protestar”, afirmou César Cals de Queiroz.
Segundo Queiroz, a acusação contra o cabo Nascimento é injusta, já que ele foi à Bahia para ajudar a resolver o problema e negociar com o governo. “Sempre que há um movimento nacional, Jeoás participa. Nós conhecemos ele, o caráter dele, e sabemos que ele nunca liderou nenhum ataque contra a população. Isso é infundado. Ele já rodou o país para negociar e nunca foi acusado de nada”, disse, citando que o governo baiano tentou criminalizar os grevistas.
Até o momento, outros quatro militares, dos 12 que tiveram a prisão decretada, foram detidos --todos na Bahia. São eles: Marco Prisco -- presidente da Aspra (Associação de Policiais, Bombeiros e seus Familiares da Bahia) e líder do movimento--, o ex-sargento Antônio Paulo Angelini, o sargento Elias Alves de Santana e o soldado Alvin dos Santos Silva. Outros sete militares ainda são procurados pela Justiça.
Entenda a greve da Polícia Militar na Bahia
- A greve
- O que queriam os grevistas
- O que o governo ofereceu
- Adesão
- Aumento da violência
- PM pode fazer greve?
- Piso nacional
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT)
Segundo o governo da Bahia, a principal reivindicação dos policiais, que era a implantação das GAPs (Gratificação de Atividade Policial) 4 e 5, foi concedida de forma escalonada até 2015. Pela proposta do Estado, os 18% da GAP 4 serão pagos escalonadamente de novembro deste ano a março de 2013 e a GAP 5, também de forma escalonada, tem previsão de ser quitada de novembro de 2014 a março de 2015. O Estado alega que a só a GAP 4 impactaria em cerca de R$ 170 milhões no orçamento deste ano, razão pela qual, sustenta, o escalonamento seria necessário.
Além do pagamento das gratificações, o governo propôs uma reposição de 6,5% sobre o salário. Sobre as anistias, o governo reiterou que ela será concedida apenas a policiais que não causaram atos de vandalismo. Uol.
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Marcos Imperial