quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Campanha de prevenção da AIDS: governo não é para ser homem-bomba de vanguardismos



Vejo no Viomundo críticas sobre a campanha do Ministério da Saúde para prevenção da AIDS para o Carnaval 2012.

O blog diz "O obscurantismo vence a saúde pública", porque apenas um anúncio de caráter informativo, sem ousadia, vai ao ar na TV aberta (acima).

Só dá para concordar que a propaganda poderia ser melhor, mais criativa. Fora isso, a propaganda governamental na TV aberta, neste assunto, deve ser mais informativa mesmo.

Da mesma forma que o governo não faz propaganda institucional recomendando retiro espiritual no carnaval, não é necessário fazer propagandas consideradas agressivas que soariam como recomendação a determinadas comportamentos nos costumes, ditos liberais.

A TV aberta tem todo tipo de público, com variados valores, e tem audiência infantil também. O governo é de todos.

Se o Estado deve ser laico, também não deve se meter a doutrinar nem para um lado nem para outro, nos mais diversos costumes sociais familiares e individuais vigentes.

Da mesma forma que cada cidadão pode escolher sua religião, também pode escolher que comportamento de vida deseja seguir, sem que para isso seja necessário impor aos outros, e muito menos sob dirigismo estatal.

A função da campanha do Ministério da Saúde é evitar o contágio através de doenças sexualmente transmissíveis, e não doutrinar comportamentos.

Governo não é homem-bomba

Críticas como estas, apesar de ter fundo bem-intencionado visando combater preconceitos e intolerância, acabam por ser contra-producentes, por desviarem o foco da questão.

A evolução dos costumes acontece na sociedade ao longo do tempo, desde o modo de vestir até as formas de relacionamento, e é na sociedade que se deve travar estes debates, quando há.

Não cabe a determinados grupos em conflito nos valores, quererem usar governo como bucha de canhão e instrumento de vanguardismos para quebrar tabus.

Para citar um exemplo, se até a TV Globo diz que o público ainda não está preparado para aceitar o beijo gay em novela (a Record, então nem se fala), não cabe a uma propaganda institucional do governo (que é de todos) romper esses tabus.

Metaforicamente, é como querer fazer um ministro ou presidenta de homem-bomba, para explodir o grupo antagônico (e se explodir junto), em vez debater diretamente com o outro lado no seio da sociedade.

Em tempo: No canal do Ministério da Saúde, no Youtube, tem diversos outros vídeos disponíveis para redes sociais.

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Marcos Imperial

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