Por Ruy Alkmim Rocha Filho em Fala Rio Grande.
Com a proximidade do Mundial de 2014, as atenções se voltam para as diversas questões polêmicas relativas ao assunto. Um artigo do sociólogo Marcos Coimbra lembra algo que fica escondido, ao menos por enquanto. Para ele, os erros na Copa de 2014 não serão atribuídos ás empresas de aviação, telecomunicações, construção civil, hotelaria. Nem tampouco serão vinculados aos governos estaduais ou prefeituras. Os fracassos serão atribuídos à Dilma Rousseff e ao governo federal.
Pouco importa se a Fifa e a CBF são instituições pouco respeitadas em todo o mundo. Para alguns, são comparáveis aos cartéis de drogas, ou às máfias italianas/estadunidenses. Pouco importa se as federações estaduais são meros fantoches, se os clubes são tão desorganizados que aderem e copiam esta estrutura carcomida pela incompetência e pela corrupção. A culpa será do governo federal, e estamos conversados. É isto que a mídia vai propalar. Na verdade, deveríamos começar agora a avaliar seriamente todo o processo, o que leva à conclusão inquestionável: a responsabilidade é de todos os citados anteriormente. Talvez devêssemos acrescentar mais alguns.
No jornal da CBN do dia 23 de fevereiro, o âncora Carlos Sardenberg e o comentarista Merval Pereira analisaram o desgaste sofrido pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Diante das diversas denúncias acumuladas, entre as quais se destaca o desvio de dinheiro público durante um amistoso entre Brasil e Portugal, eles disseram placidamente que falta apoio político ao dirigente. E claro: disseram que o governo federal não se preparou bem para organizar a Copa do Mundo.
Qualquer pessoa que entenda minimamente de futebol brasileiro sabe que falta muito mais do que apoio político a Ricardo Teixeira, uma pessoa que deveria explicar muito bem as origens de sua fortuna. Uma mídia que tem tanto pudor em investigar e informar as inúmeras arapucas deixadas no esporte brasileiro torna-se cúmplice de corruptos e corruptores. Trata-se da mesma mídia que abdicou do dever de investir no jornalismo, para transformar a cobertura esportiva em entretenimento de péssima qualidade. As organizações Globo destacam-se neste pacto pelo silêncio.
No jornal da CBN, no mesmo dia, ouvimos o consultor esportivo Amir Samoogi fazer uma comparação entre a realidade brasileira e a alemã, país que sediou o evento em 2006. Estádios altamente modernos construídos pela metade do preço. Poucos estádios novos, muitos estádios reformados. Em outras palavras: não há a necessidade de tantos centros desportivos novos, principalmente em lugares onde o futebol não leva grandes públicos aos campos, como é o caso de diversos estados brasileiros.
Mas é preciso garantir a felicidade das empreiteiras. Por outro lado temos a necessidade urgente de infraestrutura voltada para a mobilidade urbana em todas as cidades. Infelizmente, faltam bons projetos que sejam formulados democraticamente, orientados para as necessidades da população. Em Natal, por exemplo, há dois times maiores, um deles já tem estádio e outro já está com um projeto em andamento. O campeonato estadual de 2011 teve a incrível média de 1252 pagantes. O complexo Arena das Dunas custará mais de 400 milhões de reais, pagos pelo governo estadual com financiamento do BNDES. E será explorado por uma empresa privada.
Temos uma mídia incapaz de pensar os problemas do Brasil em profundidade, escrava de interesses políticos e econômicos muitas vezes contrários aos interesses da nação. A Copa já começou há muito tempo para o Brasil. Talvez o equívoco do governo federal esteja em não confrontar a Fifa. Mas a mídia já escolhei seu time: joga em favor dos próprios interesses, em parceria com a Fifa e com a CBF.
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Marcos Imperial