Alexandre o grande. "Nosso foco é trabalhar as tradições culturais", Confira a entrevista.

Foto: Isaías Carlos/Divulgação

Alexandre  Secretario de Cultura de Songa.

A edição desse domingo de O Poti/Diário de Natal trouxe um panorama breve sobre a própria ótica dos mestres de São Gonçalo do Amarante, que temem o desaparecimento de tradições seculares, seja por falta de estímulo dos jovens em herdá-las, seja devido ao poder público, cujas críticas recaem na falta de atenção. 

E hoje, o espaço é da gestão pública do município saogonçalense, na voz de Alexandre Santos, presidente da Fundação Cultural Dona Militana, que tem como uma das missões salvaguardar a preservação e da memória cultural dos sãogonçalenses. 

Nesta entrevista, Alexandre rebate algumas críticas apontadas na reportagem, como o possível descaso da prefeitura para com Sérvulo Teixeira, 84 anos, mestre do Bambelô da Alegria e do Congo de Saiote, que alega nunca mais ter se apresentado, assim como Dona Militana, que não teve velório e sepultamento condizentes, segundo sua filha Benedita Nascimento, ao que ela representou e ainda hoje representa à cultura potiguar e brasileira.

Quais são as ações da Prefeitura à cultura popular de São Gonçalo do Amarante?

Quando se fala do foclore, podemos citar como ações apoio aos Grupos Folclóricos com deslocamento de ônibus para eventos como Brasil Mostra Brasil, em Janeiro; Feira de Cultura da Zona Norte, SBPC, FIART e Feira Itinerante SEMTHAS-RN; apoio e assessoramento aos quatro grupos folclóricos que concorreram aos Editais da FJA (três deles foram aprovados no edital do Prêmio Cornélio Campina no valor R$ 6 mil, cada); criação da Lei que institui a Fundação Cultural Dona Militana. 

E continuamos assessorando grupos que queiram concorrer em Projetos Culturais, a exemplo do Boi Pintandinho, Congos de Calçola e Babelo da Alegria, que foram assessorados para concorer ao Prêmio Cornélio Campina, da Fundação José Augusto. A gente tem um acompanhamento estreito com esses grupos, que sempre se encaixam na programação dos eventos festivos. 

Além disso, fizemos entrega de 47 figurinos ao Boi Calemba Pintadinho, além de 23 adereços; doação de 40 pares de sapatos ao Boi Calemba Pintadinho e Boi de Reis Surubim de Lagoa de Tapará; apoio (passagens aéreas) aos grupos que participaram do Festival de Folclore de Olímpia, em São Paulo; apoio ao Grupo Coco do Calemba e Será o Benedito, que se apresentaram no Salão de Turismo em São Paulo, convidados pela Emprotur; apoio aos grupos folclóricos Pastoril Dona Joaquina e Boi Calemba Pintadinho, que participaram do Festival de Folclore de em 2011.

Dedé Veríssimo, mestre à frente do Boi Calemba Pintadinho, que, ao lado do Pastoril de Dona Joaquina, são - possivelmente - os únicos que recebam, de fato, alguma atenção. Há queixas também ao tratamento dispensado a Dona Militana, mesmo tendo recebido por alguns meses uma pensão vitalícia. Qual o foco real da Fundação Dona Militana? 

Nosso foco é trabalhar as tradições culturais. Temos um trabalho de assistência social aos mestres, visando buscar alternativas para melhorar sua condição. Temos trabalhos próximos com todos os mestres de São Gonçalo. Mas, infelizmente, existem terceiros que consultam o grupo de forma errada. Em 2009, quando assumimos, Dona Militana passou a receber uma pensao de R$ 1,5 mil. Uma lei municipal foi criada para que ajudasse aquela que recebeu honra ao mérito pelo presidente Lula. De lá para cá, as ações continuaram, dando apoio aos eventos em que ela era chamada. Quando ela faleceu, demos todas as condições para o velório, todas as necessidades. Tudo por nós aqui. Como a pensão era lei, se ela vai a óbito, deixa de receber o recurso.

A filha de Dona Militana, Benedita Nascimento, apontou que achava estranho ter descontos na pensão vitalícia que variavam de R$ 100 a R$ 200. Você teria algo a dizer?

A pensão foi garantida por lei, mas não sei dizer sobre esses descontos. Quem pode responder é a Secretaria de Administração. Se eu fosse presumir, diria que se tratavam de descontos sobre impostos ou débitos bancários.

Dona Benedita alega também que faltou da prefeitura um velório e um túmulo mais dignos. 

Elanunca pediu isso a gente. Se ela procurar a Fundação, terá a atenção que merece e pode ter seus anseios atendidos.

Quem são os mestres de São Gonçalo?

Fizemos visita aos cinco mestres da Cultura Popular de São Gonçalo com o objetivo de desenvolver o mapeamento cultural, facilitando o acesso dos alunos da rede municipal de ensino, pesquisadores e outros estudiosos da cultura Regional. Foram eles: Mestre do Bambelô da Alegria, Sérvulo Teixeira de Moura; mestre do Boi de Lagoa do Tapará, Antonio Vieira da Silva; mestre Cícero Joaquim de Oliveira, conhecido Cícero da Rabeca (falecido); mestre dos Congos de Calçolas, Lucas Teixeira de Moura (falecido) e mestre do Boi Calemba Pintadinho, Dedé Veríssio. 

Qual a sua opinião sobre esse fórum de cultura de São Gonçalo, que já vai para a terceira edição no dia 13 de abril?

Qualquer movimento da sociedade civil que traga sugestões e soluções é importante e bem-vindo. Só não é importante quando se tem interesses políticos atrelados. As pessoas que estão mobilizando esse fórum não nos procuraram. Mesmo assim, e não foi motivado pelo fórum, pois já estamos trabalhando nisso há tempos, o Conselho Municipal de Cultura e Sistema Nacional de Cultura são projetos que já se encontram na Procuradoria, para depois irem à Câmara Municipal para aprovação e depois para sanção pelo prefeito.

Quais as ações para a área da cultura em 2012?

Em abril, incentivo aos grupos de teatro do município que produzem Paixão de Cristo; em junho, incentivo financeiro aos grupos de quadrilhas juninas. Em agosto, teremos o Festival de Dança Folclóricas e Semana do Folclore na Praça. Em setembro, realização do Festival de Teatro de São Gonçalo, participação da Banda Municipal e outras Bandas convidadas no Desfile Cívico com a Secretaria de Educação. Em outubro, espetáculo teatral do Auto dos Mártires, e em dezembro, festa de Emancipação Política.