Em 2003, tão logo assumi meu primeiro
mandato de deputado distrital, eu me dispus a renunciar aos salários extras dos
parlamentares, os chamados décimo quarto e décimo quinto e a remuneração pelas
convocações extraordinárias. (Aliás, nunca recebi remuneração pelo exercício do
mandato. Sempre recebi pela minha profissão, como declaro no meu imposto de
renda, e assim farei, se a lei permitir, em qualquer cargo eletivo que venha a
ocupar).
De fato renunciei aos salários extras
por considerar que nenhum cargo público de reflexo eleitoral pode ser
profissão, e que não se pode, em hipótese alguma, utilizar o voto, a confiança
das pessoas, como meio de ascensão financeira ou como instrumento para
negócios. Fui o primeiro em todo o Brasil a fazer isso.
Não o fiz por acaso. Há muitos anos,
defendo a tese de que, como política não é profissão, é representação, não deve
haver, para aquele que exerce cargo público eletivo, remuneração específica.
Por isso, sempre percebi como promotor de Justiça, cargo que conquistei por
concurso público há mais de vinte e três anos.
Mas há os profissionais da política,
aqueles que vivem dela habitualmente. Esses defendem pessoas, não causas, tanto
que seus aliados têm sempre razão mesmo que falem em defesa do que eles sempre
combateram. Têm uma postura quando são oposição e outra quando situação. Não
raro, quando estão no governo, agem da mesma forma que agiam os governantes que
eles contestavam. São circunstancialistas. Estão a serviço, na verdade, de
causas próprias, particulares; a política, como meio de sobrevivência, é só uma
forma de se maquiar para parecer atraente à população de boa-fé.
Com fé em Deus, um dia vai prosperar
entre nós a tese de que não deve haver remuneração específica para quem exerce
mandato eletivo. Aí, ninguém mais entrará para a política atraído pelo salário
nem pelo status como instrumento de barganha, porque então o sagrado voto do
eleitor já não servirá para garantir contracheque nem formas outras de
enriquecimento a quem quer que seja. Editor da Coluna do Honorato
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Marcos Imperial