sexta-feira, 13 de abril de 2012

Webfor: depois do Lula, o povo

Lula_e_o_Povo
Alberto Perdigão (@Falaperdigao) – jornalista, editor do Blog da Dilma.

Uma entrevista coletiva concedida pelo presidente Lula aos blogueiros progressistas deu a este novo movimento político, proposto por eles, a visibilidade que precisava ter na chamada mídia tradicional analógica, e junto aos seus leitores, ouvintes e telespectadores. Naquele novembro de 2010, o então presidente dava um claro sinal de que já simpatizava com o novo modelo de comunicação livre, autoral, colaborativa, comprometida com a luta por um marco regulatório que democratize a comunicação no país.


Lula “noivou” com o movimento, ao afirmar, em uma das respostas, que “não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”. E “casou”, em seguida, ao dizer que “é crime você ter censura, mas você ter regulação das coisas não é crime nenhum”. A “lua de mel” foi em junho do ano passado, em Brasília, na fala que o ex-presidente fez, abrindo o 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, num auditório plural, lotado de representantes dos encontros realizados em quase todos os estados.


Referindo-se à reação dos blogs à repercussão de fatos, em alguns órgãos de comunicação, que beneficiariam a candidatura de José Serra à presidência em detrimento da candidatura de Dilma Roussef – como o episódio da bolinha de papel -, Lula disse aos blogueiros: “Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como durante muito tempo foi. Vocês evitaram que os chamados falsos formadores de opinião pública que, às vezes, não convencem nem quem está em casa assistindo, ditassem regras.”


Os episódios e, sobretudo, as declarações de Lula credenciaram o movimento dos blogueiros progressistas como movimento político suprapartidário, de base digital, que luta pela socialização do avanço tecnológico da informação e pela democratização da comunicação. 

Mas é preciso que o movimento se mova, literalmente, em busca de uma legitimação junto aos brasileiros - e latino-americanos, por que não? - sem direito à informação livre, à expressão plural e ao diálogo, sem direito a uma conexão gratuita de banda larga.


Por que não ocupar também espaços públicos reais com manifestações concretas? Por que não denunciar que a Conferência Nacional de Comunicação nunca saiu do papel, que o projeto do governo de novo marco regulatório nunca saiu da gaveta, que a fonte de financiamento da TV pública está embargada por uma conveniente filigrana jurídica? Por que não exigir conselhos curadores para desgovernamentalizar e despatrimonializar as emissoras públicas ou comunitárias de televisão e rádio? Por que não reivindicar a criação de conselhos de comunicação nos municípios?  

  
Ofereço esta reflexão nesta sexta feira (13 de abril), lembrando o selvagem homônimo que, com Robinson Crusoé (Daniel Defoe, 1719), lutou contra piratas e saqueadores até vencê-los, levando o navegador a reassumir o comando do seu destino. E o faço no dia da abertura do 2º Webfor – Fórum de Comunicação Digital, o encontro estadual de blogueiros progressistas do Ceará. Com 1.000 inscritos, inteiramente gratuito, financiado por entidades públicas e pela iniciativa privada, o Webfor experimenta assim um novo modelo, que massifica e populariza as discussões – reconheço – entre os maiores interessados.


Entre os painéis que seguem até domingo (15), estão pautados temas como o AI-5 digital (projeto de “vigilância” na Internet, do deputado Eduardo Azeredo – PSDB/MG), os desafios da inclusão sócio-digital e do software livre, a democratização da mídia, a liberdade de expressão etc. Entre as desconferências (rodas de conversa em que o conferencista ouve as falas do público), participarei da discussão sobre conexões globais e poder local – jornalismo, participação e democracia nos blogs do interior. E acho que terei muito a aprender.


Espero escutar a sabedoria de anônimos e abnegados comunicadores da blogosfera, que fazem jornalismo cidadão, colaborativo, como forma de contrapoder, em relação ao jornalismo excludente da grande mídia da capital. São esses blogueiros que ocupam, nas pequenas cidades, onde são baixos os níveis de instrução e de participação da sociedade, o papel de fiscalização e controle, quase sempre negligenciado pelo Ministério Público e pelas emissoras de rádio privadas ou comunitárias - estas quase sempre dominadas pelos poderosos da economia e da política locais.


Outra desconferência terá a participação do embaixador da República Bolivariana da Venezuela em Brasília, Maximilien Arvelaizo. Ele mesmo se ofereceu para estar junto e misturado (a expressão é minha), ao saber do caráter popular do Webfor e do nível das discussões. 

O embaixador vai falar sobre o governo de Hugo Chávez e a imprensa venezuelana. Para não ficar só com a versão das agências de notícias dos Estados Unidos, será muito bom saber como o bolivarianismo dividiu o poder dos meios de comunicação tradicionais de Caracas e multiplicou a voz ao povo, através de uma rede de rádios comunitárias espalhada pelo interior daquele país. Caracas! Com informações do Blog da Dilma.

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Marcos Imperial

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