Lula critica países ricos e medidas de austeridade
Ao discursar em seminário sobre
cooperação do Brasil com a África, que marcou as comemorações dos 60 anos
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura crítica aos países ricos
pelo comportamento diante da crise internacional. Ele protestou contra medidas
de austeridade dos países europeus que tiram direitos dos trabalhadores.
"Punem as vítimas da crise e distribuem prêmios para os
responsáveis por ela. Há algo muito errado nesse caminho", afirmou Lula
para uma plateia de empresários e autoridades, neste que foi seu primeiro
discurso oficial, após o tratamento de câncer na laringe.
"Ao sistema financeiro, todo apoio. E aos trabalhadores e
aposentados, nenhum socorro", afirmou o presidente, na fala que durou
cerca de 20 minutos. Antes de começar a discursar, Lula lembrou: "Faz
sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar".
Curado de um câncer na garganta, contra o qual fez tratamento nos
últimos meses, o presidente entrou no palco do BNDES com o auxílio de uma
bengala. Seu pronunciamento foi aplaudido de pé pela plateia.
"As crises sempre são respondidas da mesma forma pelos países
desenvolvidos: com medidas de austeridade para os trabalhadores e distribuição
de benefícios para o sistema financeiro, que causou a crise", afirmou
Lula. "Olho para trás e vejo que os governantes ainda não resolveram
problemas da crise de 2008. Há medo de regular o sistema financeiro",
completou.
Lula exaltou as relações de cooperação entre o Brasil e o continente
Africano, que ganharam grande impulso em seu governo. "Em lugar de
ficarmos paralisados com a crise internacional, que não foi criada nem por
brasileiros nem por africanos, precisamos estreitar relações. O Atlântico não
mais nos separa, nos une nas mesmas fronteiras, nos banhamos nas mesmas
águas", afirmou.
Ele elogiou as medidas que vêm sendo tomadas pelos governos africanos
para enfrentar o atual cenário econômico. "Os regimes da África estão
propondo medidas para aumentar o investimento e o consumo interno. A hora é de
ousadia", explicou o ex-presidente.
"Distribuição de renda é a marca da África do século 21. O
continente consolida a passos largos a democracia, apesar de alguns problemas
que podem existir", salientou.
O ex-presidente também mostrou otimismo em relação à economia
brasileira. "Esta geração de empresários está vivendo uma época de
oportunidades jamais vista. O Brasil está preparado para se tornar uma das
maiores potências do mundo. E não estamos falando apenas de PIB (Produto
Interno Bruto), mas de distribuição de renda. E possibilidades de fazer
negócios com países de todo o mundo, não apenas com Estados Unidos e Europa,
como era antigamente", disse.
Nesta sexta-feira, Lula recebe o título de doutor honoris causa de cinco
universidades cariocas - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UniRio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal
Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Rio (UERJ) e Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O evento terá a presença da presidente Dilma
Rousseff (PT). Com agências do http://www.vermelho.org.br
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Marcos Imperial