A revista Veja, vocês sabem, é assim uma espécie de bíblia da direita brasileira, da elite branca e dos ignorantes que se deixam enganar pelo panfleto da Editora Abril.
Nos oito anos do governo Lula, a revista se notabilizou pelas inúmeras tentativas de derrubar o presidente eleito. Veja apelou, muitas vezes, para histórias mirabolantes, como os dólares de Cuba trazidos ao Brasil em caixas de uísque para abastecer a reeleição do petista em 2006.
Nessa seara, houve ainda a capa sobre a ligação do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colombiana (FARC). Mas não parou nisso. Em 2008, a revista denunciou que o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes, teria sido alvo de um grampo ilegal.
O áudio do grampo da conversa do ministro com, vejam só, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), nunca apareceu.
Agora, Veja cria mais uma farsa. E, novamente, Gilmar Mendes é o personagem dessa trama. Na edição deste final de semana, a revista acusa Lula de ter tentado pressionar o ex-presidente do STF a adiar a votação do processo do mensalão, oferecendo como moeda de troca blindá-lo na CPI do Cachoeira.
De acordo com a revista, Lula e Gilmar Mendes se encontraram no dia 26 de abril no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim. Durante o encontro, o ex-presidente teria dito que o julgamento do mensalão em 2012 é “inconveniente” e oferecido ao ministro proteção na CPI.
Para pressionar Gilmar, Lula teria lembrado ao ex-presidente do STF uma viagem recente dele a Berlim, onde se encontrou com o senador Demóstenes Torres. Coincidência ou não, na mesma data Carlinhos Cachoeira também foi à capital alemã.
“Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”, disse Gilmar Mendes.
O ex-presidente do STF tem relações próximas com Demóstenes Torres, cujo envolvimento com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira foi flagrado pelas escutas telefônicas da Operação Monte Carlo.
Os áudios revelaram, ainda, como funcionava o esquema Veja-Cachoeira. O bicheiro foi fonte de inúmeras denúncias publicadas pela revista. O contato dele na publicação da Editoral Abril era o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal de Veja em Brasília.
As matérias, fruto da parceria Cachoeira-Policarpo Júnior, em sua maioria, eram denúncias vazias, cujo único objetivo era favorecer o negócios e os aliados do bicheiro. O caso extrapolou, em muito, a simples relação fonte-jornalista, porque, além de fornecer a informação, o contraventor tinha influência sobre o que seria publicado.
Com a imagem arranhada, a revista construiu a tese, largamente disseminada pelos seus pares da imprensa conservadora, segundo a qual o Planalto e o PT pretendiam usar a CPI do Cachoeira como cortina de fumaça para esconder o julgamento do processo do mensalão.
A denúncia da suposta pressão de Lula contra Gilmar Mendes é mais um capítulo nesse roteiro de auto-defesa da Veja. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim desmentiu, numa só tacada, Mendes e a Veja.
“O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso”, reagiu Jobim, questionado pelo Estado. “O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão”, reiterou. Via http://embolandopalavras.com.br
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Marcos Imperial