sexta-feira, 6 de julho de 2012

No mundo dos moinhos: perfil de Mineiro no Novo Jornal

APAIXONADO PELO PERSONAGEM DOM QUIXOTE, FERNANDO MINEIRO COMPARA A HISTÓRIA DO ESCRITOR MIGUEL DE CERVANTES AO EXERCÍCIO DA POLÍTICA.


O CAVALEIRO DOM Quixote de La Mancha, personagem apaixonante e delirante do espanhol Manuel de Cervantes é uma das paixões literárias do deputado estadual e candidato a prefeito de Natal, Fernando Mineiro, 55. 

O Fidalgo que lutava contra moinhos de ventos é quase um fetiche para o deputado. Mineiro explica que não tem nenhum traço do cavaleiro andante, a não ser pelo evento de na política, às vezes, ter que lutar contra moinhos de ventos. “Sempre gostei do livro. A política talvez tenha um quê de Dom Quixote; o exercício da política tem um quê de paixão, talvez seja isso”. Aí, é preciso relembrar que Dom Quixote era um aventureiro que misturava fantasia e realidade no livro editado pela primeira vez 
em 1605 em Madri, Espanha. 

O personagem é tão emblemático na vida de Mineiro que ele tem várias esculturas e pintura do cavaleiro. Uma das esculturas, de papel de embrulho, está na mesa de seu gabinete na Assembleia. Tem outras em casa, além de representações de Sancho Pança, o Fiel escudeiro de Quixote.

Registrado Fernando Wanderley Vargas da Silva, Mineiro nasceu dia 6 de dezembro de 1956 na pequena Curvelo, na região central de Minas Gerais, a 127 km de Belo Horizonte. Aos 17 anos, em 1974, chegou a Natal a convite de um tio para estudar. Veio, fez vestibular e passou para Biologia na UFRN. Não lembra quem colocou o apelido de Mineiro. “Não tem Mineiro em seu nome?” é a pergunta básica que o fazem ao constatar que “Mineiro” não está na documentação do deputado´. Com “Vargas” e “Silva” no sobrenome a sina do estudante era mesmo a política, diriam os místicos.

Um dos líderes do movimento estudantil na UFRN, Mineiro e mais um grupo de cerca de 500 alunos, principalmente residentes, invadiram em 1984 a reitoria da universidade. Protestavam contra o aumento de 500% no valor da refeição no RU (Restaurante Universitário). 

A história política de Fernando Mineiro começa entre 1979/1980 quando ele entrou na UFRN e fez parte da reconstrução do DCE (Diretório Central dos Estudantes). “Foi na universidade que tive os primeiros contatos (com o movimento estudantil)”. O jovem de 19 começou, então, seu estágio para o mundo da política. Participou naquele início da década de 1980 da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT) em Natal onde está há 32 anos. Também fez parte da APRN (Assossiação dos Professores do Rio Grande do Norte), atual Sinte, uma das portas para sua entrada na política partidária. A mesma que contribuiu para a eleição de Fátima Bezerra como deputada estadual.

Segundo Fernando Mineiro, fazer parte do PT “é sobretudo um ato cultural” e explica que é preciso mudar a cultura política para fazer parte desse partido que tem “mais acertos do que erros”. Aponta que o país hoje vivencia transformações positivas desde que o PT chegou à Presidência da República. E no Brasil, de cultura anti-partido, afirma, o PT é a maior legenda do país. “A história contemporânea do Brasil tem uma grande participação do PT”, repete. 

Ler é um sacerdócio na vida de Mineiro, assim como a política. “Leio muito. É um hábito. Tenho livros em casa, no carro, na pasta (aponta para a pasta na mesa)”. E o prazer único da leitura vem junto a uma infidelidade aos gêneros: “Sou muito eclético”, define-se. No momento corre os olhos por livros com temas voltados para gestão e tece comentários sobre dois que leu recentemente. “A cidade dos reis” do jornalista potiguar Carlos de Souza e “Minas do Ouro” de Frei Beto. Duas obras que fazem da cidade o tecido de suas histórias: “Se tivesse tempo faria um contraponto entre os dois.” 

Rato de lançamento de livros, para Mineiro a literatura o faz ver melhor as coisas, clareia as ideais para fazer juízo de valores. Mas essa relação não é utilitarista. Serve para fazê-lo viajar pelo mundo, lhe dá asas e raízes. “Me alimenta”. Para não dizer que não leu biografias, gêneros que não acompanha, cita apenas a de Lula e a do Chê (Guevara). E o deputado filosofa: “Ler não é só prazer, também dói”. 

Mineiro se nega a dizer que tem um livro de cabeceira. “Desconfio de quem cita apenas uma coisa. Quanto mais a gente tem condições de alargar o olhar, melhor”, reflete. E diz que se fosse para escolher um livro de cabeceira o melhor seria dizer que tem muitos e, se fosse para não morrer de tédio, escolheria “Grande Sertão Veredas” de Guimarães Rosa. “É o livro da condição humana... é movido pela dúvida”. 

“SOU MUITO ECLÉTICO”
Alvo de críticas negativas da população, a política é a vida de Mineiro. É o seu dia-a-dia. “É bom fazer o exercício da política com alegria, com energia, com fé. Política para mim não é um fardo. É uma escolha”, reforça que a atividade  prática é muito marcada de forma negativa pela população. 

Mas a política, define, é o que move a sociedade. “É difícil, às vezes endurece as pessoas mas é onde me sinto bem”. Tanto que foi vereador por três mandatos e meio, e exerce atualmente o terceiro mandato como deputado estadual. 

No dia-a-dia Mineiro confessa que é um bicho caseiro. Que adora dormir, mas dorme pouco, e ouve o que lhe faz bem, apesar de ter predileção por música instrumental, “tá sempre comigo no carro”. Mesmo assim, diz não ter preconceito musical. Escuta de Pena Branca e Xavantinho a Miles Davis e Stanley Jordan. Do forró ao sertanejo. Ler e escutar música são hábitos que o aliviam a percorrer os desafios da vida e também serve para humanizar a política. E sugere ao repórter que ouça a cantora cubana Danay Suarez Fernandez da nova cena rapper da ilha de Fidel.

Depois da convenção do PT, domingo passado, foi ela que ele ouviu em casa. Também tem curtido Calle 13, uma dupla de reggaeton, rap alternativo e pop latino portorriquenha. Mineiro gosta de uma boa salada musical que une Chico Burque ao rapper Emicida. 

Casado há mais de vinte anos com a cirurgiã dentista Lavínia Araújo, servidora do Estado, e pai de Gabriel, 16, Mineiro faz questão de separar o privado do público. Para ele, a política já expõe demais a vida dos políticos. “Tenho o cuidado de não misturar”. 

Mesmo assim faz algumas revelações: “Gosto de cozinhar comida caseira”. Nesses momentos raros, ele comenta que costuma juntar os amigos. E cada um inventa pratos para a degustação de todos. Com a campanha, a jornada política é mais intensa mas nada tão diferente assim da vida cotidiana, avisa o deputado. Neste período, a raras saídas a bares ficam mais raras ainda. Mas adverte que quando sai um assunto proibido na mesa é política. Fonte: Perfil/Novo Jornal

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Marcos Imperial

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