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Edição/247 -
NO MOMENTO EM QUE
RETORNA AOS PALANQUES, LULA É ALVO DE UMA TENTATIVA DE GOLPE PREVENTIVO. O
RECADO QUE OS OPOSITORES TRANSMITEM É: “SE VOLTAR LEVARÁ CHUMBO”. DIANTE DO
ATAQUE ORGANIZADO, O EX-PRESIDENTE SÓ TEM UMA ALTERNATIVA, QUE É LUTAR PARA NÃO
SER DEVORADO PELOS ADVERSÁRIOS.
247 – Personagem central da vida política
brasileira nos últimos quarenta anos, Luiz Inácio Lula da Silva construiu sua
trajetória na base da superação. Retirante venceu a pobreza extrema.
Sindicalista, desafiou a ditadura militar e organizou as greves do ABC.
Candidato à presidência da República desde 1989, ele enfrentou a desconfiança
generalizada das elites até finalmente chegar ao poder, em 2002. Na
presidência, consagrou-se ao deixar o Palácio do Planalto com 70% de aprovação popular
– inclusive da classe empresarial que, com Lula, enriqueceu. Depois disso, Lula
passou a ser convidado a dar palestras em vários cantos do mundo, recebendo
cachês jamais inferiores a U$S 100 mil. Lula estava, portanto, com a vida
ganha. Continuava sendo o principal ator político do País e um homem, a cada
dia, mais rico – e que, segundo muitos, poderia escolher se voltaria ao poder
em 2014 ou 2018.
Neste
fim de semana, no entanto, Lula teve um choque de realidade. E foi despertado
para o fato de que nada, em sua trajetória, veio de graça. Com a reportagem de
capa de Veja, o ex-presidente foi alvejado por um típico golpe preventivo. Como
a oposição sabe que não poderá derrotá-lo nas urnas em 2014, 2018 ou mesmo
depois, o campo de batalha passou ser outro: o tribunal sumário dos meios de
comunicação. Como se sabe, Lula passou a ser acusado de ser o chefe supremo do
mensalão, no momento em que alguns de seus companheiros estão prestes a ser
condenados. Ainda que a consistência da acusação seja questionável (uma
“entrevista” sem fita negada pelo entrevistado), o que os opositores dizem a
Lula é bem simples: “se voltar levará chumbo”. E isso significa ser alvo de um
processo judicial que o colocaria numa espécie de impedimento político. Assim,
no Brasil, tal como começa a acontecer em outros países latino-americanos, a
disputa política passaria a ser decidida no tapetão, à la paraguaia.
O jogo
dos adversários já está claro. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rege a
orquestra sem perder a elegância, suas teses (como a da “herança pesada”) se
espalham pelos meios de comunicação de corte mais conservador e José Serra
range os dentes. De prontidão, talvez existam alguns procuradores dispostos a
apresentar uma denúncia contra o ex-presidente Lula, ancorados na mais recente
denúncia de Veja ou na delação de Roberto Jefferson – que passou a acusar Lula
de ser o “mandante” do mensalão.
O que
ainda não se sabe é como Lula irá reagir. Neste momento, ele começa a voltar
aos palanques. Já esteve em Belo Horizonte e Salvador. Pediu aos militantes
petistas que voltassem a vestir a camisa. Mas qual será sua estratégia de
guerra – se é que há uma? Diante da ameaça de um processo, como Merval Pereira
anunciou hoje em sua coluna no Globo, Lula pode decidir se apequenar e
recolher-se à aposentadoria em São Bernardo do Campo. Em seguida, o alvo
passaria a ser a presidente Dilma Rousseff.
Lula
tem ainda a alternativa de sair da zona de conforto e voltar a ser o Luiz
Inácio Lula da Silva da década de 80, que não apenas encantava multidões, mas
também sabia confrontar seus adversários. Hoje, os personagens que querem
destruir o lulismo são cada vez mais claros, como também foram aqueles que
combateram outros governos trabalhistas na história do Brasil e da América
Latina.
A luta
levou Lula ao poder – e, depois, à glória. A covardia não reserva um bom futuro
nem a ele, nem ao PT. COM INFORMAÇÕES:http://www.brasil247.com
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Marcos Imperial