Nono filho de Carlos de Paula Andrade (fazendeiro) e Julieta Augusta
Drummond de Andrade, Carlos Drummond de Andrade nasce na cidade mineira de
Itabira do Mato Dentro. Estuda em Belo Horizonte e, em 1918, muda-se para
Friburgo (RJ), sendo matriculado no Colégio Anchieta. Um ano depois, é expulso
por "insubordinação mental", após um incidente com o professor de
português, e volta para Belo Horizonte.
Em 1925, casa-se com Dolores Dutra de Moraes e conclui o curso de
farmácia em Ouro Preto, mas não exercerá a profissão. No mesmo ano, funda com
outros escritores "A Revista", que, embora só conheça três edições,
será importante para a afirmação do movimento modernista mineiro.
No ano seguinte, Drummond leciona geografia e português em Itabira e
então muda outra vez para Belo Horizonte, a fim de ser redator-chefe do
"Diário de Minas". Em 1927, ele e Dolores perdem o filho
recém-nascido.
Em 1929, deixa o "Diário de Minas" para ser auxiliar de
redação e depois redator no "Minas Gerais" (órgão oficial do Estado).
Em 1930, publica "Alguma Poesia", seu primeiro livro, numa edição de
500 exemplares (paga por ele mesmo), e se torna redator de três jornais
simultaneamente: o "Minas Gerais", o "Estado de Minas" e o
"Diário da Tarde".
Em 1934, publica "Brejo das Almas" (200 exemplares) e assume
um cargo público no Rio de Janeiro, como chefe de gabinete de Gustavo Capanema,
ministro da Educação.
"Sentimento do Mundo" é publicado em 1940, com tiragem de 150
exemplares. "Poesias" sai dois anos depois, pela José Olympio
Editora. Em 1944, Drummond lança "Confissões de Minas" e, em 1945,
"A Rosa do Povo" e a novela "O Gerente".
Também em 1945, deixa a chefia de gabinete de Capanema, tornando-se
editor da "Imprensa Popular", o jornal comunista de Luís Carlos
Prestes. Meses depois, afasta-se por discordar da orientação do jornal. É então
chamado para trabalhar no Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(DPHAN).
Apesar de exercer funções burocráticas até 1962 (quando se aposenta), o
poeta se preocupa com a profissionalização do escritor e, sempre que possível,
trabalha em prol dos companheiros de escrita.
Em 1948, lança "Poesia Até Agora". No mesmo ano, no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, executa-se a obra "Poema de Itabira", de
Heitor Villa-Lobos, inspirada pelo poema "Viagem na Família".
Drummond volta a escrever no "Minas Gerais" em 1949. Sua
filha, Maria Julieta (que em 1946 publicou a novela "A Busca"),
casa-se e muda para Buenos Aires. No ano seguinte, Drummond vai para a
Argentina para o nascimento de Carlos Manuel, o primeiro neto. (Em 1953 e 1960,
virão outros dois, Luis Mauricio e Pedro Augusto.)
Na década de 1950, uma sucessão de obras: "Claro Enigma",
"Contos de Aprendiz", "A Mesa", "Passeios na
Ilha", "Viola de Bolso", "Fazendeiro do Ar & Poesia até
Agora", "Viola de Bolso Novamente Encordoada", "Fala,
Amendoeira" e "Ciclo". Em 1953, ao estabilizar-se sua situação
funcional na DPHAN, deixa o cargo de redator do "Minas Gerais". No
ano seguinte, passa a publicar crônicas no "Correio da Manhã".
Nos anos 1960, seus livros serão lançados em Portugal, EUA, Alemanha,
Suécia, Argentina e Tchecoslováquia. Nessa época, publica ainda "Lição de
Coisas", "Antologia Poética", "A bolsa & a Vida",
"Obra Completa", "Rio de Janeiro em Prosa & Verso" (em
colaboração com Manuel Bandeira) e "Reunião (10 Livros de Poesia)".
Seus temas são o indivíduo; a terra natal, a família e as vivências de menino;
os amigos; o choque social e a violência humana; o amor; a própria poesia; a
visão da existência. Há ainda os exercícios lúdicos.
Drummond também traduz obras de autores como Balzac, Laclos, Proust,
García Lorca, Mauriac e Molière. Em 1963, colabora no programa "Vozes da
Cidade" (Rádio Roquette Pinto) e inicia o programa "Cadeira de
Balanço" (Rádio Ministério da Educação). E, em 1969, deixa o "Correio
da Manhã" para escrever suas crônicas no "Jornal do Brasil".
Na década de 1970, publica "Caminhos de João Brandão",
"Seleta em Prosa e Verso", "O Poder Ultrajovem", "As
Impurezas do Branco", "Menino Antigo", "Amor, Amores",
"A Visita", "Discurso de Primavera e Algumas Sombras" ,
"Os Dias Lindos", "70 Historinhas", "O Marginal
Clorindo Gato" e "Esquecer Para Lembrar". Na primeira metade da
década seguinte, sairão "Contos Plausíveis", "O Pipoqueiro da
Esquina", "Amar Se Aprende Amando", "O Observador no
Escritório" (memórias), "História de Dois Amores" (infantil) e
"Amor, Sinal Estranho".
Em 1986, lança "Tempo, Vida, Poesia" e contribui com 21 poemas
para "Bandeira, a Vida Inteira", edição comemorativa do centenário de
Manuel Bandeira. No mesmo ano, sofre um infarto e fica 12 dias internado.
Em 31 de janeiro de 1987, escreve o derradeiro poema, "Elegia a um
Tucano Morto", que integrará "Farewell", último livro organizado
pelo poeta. No Carnaval do Rio, é homenageado pela Mangueira com o samba-enredo
"No Reino das Palavras". Em 5 de agosto, após dois meses de
internação, morre sua filha, Maria Julieta, vítima de um câncer. O poeta fica
desolado: seu estado de saúde piora, e ele falece 12 dias depois, aos 85 anos,
de problemas cardíacos. É enterrado no mesmo jazigo que Maria Julieta, no
cemitério São João Batista (Rio de Janeiro).
"Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?", escreveu
certa vez. E de fato, apesar do retraimento e do jeito avesso à publicidade,
Carlos Drummond de Andrade era, dentro e fora do Brasil, uma espécie de
personificação da poesia. (Fonte:www.uol.com.br/educacao)
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Marcos Imperial