Ex-ministro da Educação nos governo Lula e Dilma vai
governar a maior cidade do País. O petista Fernando Haddad, ex-ministro
da Educação nos governos de Lula e Dilma Rousseff é o novo prefeito de São
Paulo. Haddad venceu o tucano José Serra com
56% dos votos válidos.
Trajetória de Fernando Haddad
O ex-ministro da Educação Fernando
Haddad, que ocupou a pasta entre julho de 2005 e janeiro de 2012, nos governos
de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, é filiado ao PT desde 1983 e
esta é a primeira eleição de sua vida pública. Antes desta campanha, as únicas
experiências em urnas foram na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na
capital, quando cursava o terceiro ano e foi eleito vice-presidente do Centro
Acadêmico 11 de Agosto em uma chapa encabeçada pelo jornalista Eugenio Bucci.
No ano seguinte foi o presidente. Indicado por Lula para disputar a prefeitura
paulistana, Haddad apareceu com apenas 3% das intenções de voto na primeira
pesquisa, divulgada em maio pelo Ibope.
Para comparação, o adversário a ser
batido então despontava com quase 40% das sondagens. Aos 70 anos, José Serra
(PSDB) já havia disputado nove eleições, tendo vencido duas para deputado, uma
para senador, uma para governador e uma para prefeito; e perdido duas à
Presidência da República e outras duas à prefeitura – agora três, sendo que na
reta final comportou-se mais como franco-atirador, interessado em preservar,
para os que vierem depois dele, o que há de rejeição ao PT. Haddad estava ainda
atrás de Paulinho da Força (PDT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS),
Netinho de Paula (PCdoB) e Celso Russomano (PRB).
Nestes cinco meses o intelectual com
sólida carreira acadêmica, e tido como gestor eficiente à frente do Ministério
da Educação, foi perdendo o acanhamento e a falta de traquejo em campanha
eleitoral e no corpo a corpo com os eleitores, ganhando pontos nas pesquisas,
pedidos de autógrafo e também de fotografias junto a moradores durante comícios
e caminhadas. O Haddad que teve seu nome exposto nas urnas eletrônicas do maior
colégio eleitoral do país, neste domingo é, pelo menos um pouco, diferente
daquele dos 3% que mal tinha companhia de militantes nas andanças pela cidade e
era bastante desconhecido dos eleitores, principalmente da periferia.
Paulistano, nasceu no dia do aniversário
da cidade, 25 de janeiro, em 1963, e cresceu no bairro Planalto Paulista. Aos
18 anos entrou para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da
Universidade de São Paulo (USP). Também na USP, fez mestrado em Economia e
doutorado em Filosofia. Filho de Khalil Haddad, libanês que deixou seu país com
22 anos de idade e imigrou para São Paulo em 1947, e de Norma Thereza Goussain
Haddad, filha de libaneses, Fernando é o único homem entre as irmãs Priscila e
Lúcia, uma mais velha e outra mais nova do que ele.
O pai era camponês no Líbano e estudou
até os oito anos. Quando veio para São Paulo foi trabalhar como atacadista de
tecidos na rua 25 de Março e depois de 11 anos no Brasil casou-se com Thereza.
A mãe formou-se no curso de Magistério no Liceu Pasteur, onde aprendeu francês.
Ela se casou com 20 anos e foi ser dona de casa. Encheu as estantes com as
principais enciclopédias do mercado na época e fez de tudo para garantir boa
educação aos filhos.
Haddad fez o ensino básico no Ateneu
Ricardo Nunes e o secundário no Colégio Bandeirantes e sonhava em ser
engenheiro. Mas acabou trocando os cálculos pelos códigos de leis quando seu
pai perdeu a casa ao se ver envolvido por um golpe de um estelionatário. A
difícil situação da família fez Haddad prometer a si mesmo que não queria passar
por uma situação similar. “O caminho para isso dava no Largo de São Francisco,
onde se encontra a velha Academia de Direito. E para lá eu fui.” Em 1988,
depois de formado e aos 25 anos casou-se com a dentista Ana Estela Haddad.
Quatro anos depois o casal teve o primeiro filho, Frederico. Em 2000 nasceu Ana
Carolina.
Atuou em incorporação e construção
civil, foi analista de investimento, professor no Departamento de Ciência
Política na USP, consultor na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe). Nesse ínterim, em 1997, a família se desfez do negócio mantido na Rua
25 de Março, por conta de problemas de saúde do pai.
Em 2001, convidado por João Sayad, então
secretário de Finanças na Prefeitura de São Paulo na administração de Marta
Suplicy, Haddad, assume a chefia de gabinete da Secretaria. Trabalhou na
estratégia de escalonamento dos débitos junto aos credores e ajudou a organizar
as finanças municipais, o que permitiria a retomada da capacidade de
investimento depois de dois anos de mandato. Em 2003, deixou a prefeitura para
se tornar assessor especial no Ministério do Planejamento, sob o comando do
então ministro Guido Mantega, atual ministro da Fazenda.
Em 2004 assumiu o posto de
secretário-executivo no Ministério da Educação – função logo abaixo da do
ministro na hierarquia do órgão, então comandado por Tarso Genro, atual
governador do Rio Grande do Sul. Na verdade, ministro responde pelo comando
político na estrutura de um ministério; e secretário-executivo responde pela
gestão operacional. Haddad estava para Genro como Dilma, chefe da Casa Civil,
estava para o então presidente Lula.
Com a ida de Tarso Genro para o
Ministério da Justiça, em 2005, Haddad assumiu o comando da Educação.
Ali criou o Programa Universidade Para
Todos (Prouni), que atendeu a mais de 1 milhão de estudantes desde que foi
implementado, em 2005, até o segundo semestre de 2012, e a maioria (67%) com
bolsa de estudo integral. No período em que Haddad esteve no ministério, as
vagas no ensino superior público federal passaram de 139,9 mil em para 218,2
mil, foram criados 126 campus universitários federais, 214 escolas técnicas e
587 polos de educação à distância. O número de formandos cresceu 195% nos
últimos dez anos. Haddad foi um dos poucos ministros da era Lula mantido pela
presidenta Dilma, eleita em 2010. Só deixou o posto no início deste ano para
participar da disputa pela sucessão paulistana.
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Marcos Imperial