segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O choro de Boris Casoy e o sorriso do gari Francisco Gabriel

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre.

Réveillon de 2009. Hora antes da virada de ano. O tom do comentário foi de desprezo, ironia, torpeza, e, mais do que tudo: profundo preconceito social, pois arraigado em sua alma elitista, e, ao que parece, em seus mais secretos princípios, guardados em segredos e somente pronunciados àqueles que o Boris Casoy considera como seus iguais.

"Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho"— comentou, o mordaz e inconformado Casoy ao seu colega, Joelmir Beting, politicamente tão conservador como ele, com a presença de garis na tela da Band, a desejarem “feliz ano novo” no intervalo publicitário do Jornal da Band.
Eis que um dos garis, o senhor Francisco Gabriel de Lima, tal qual ao “âncora” da Band ficou igualmente inconformado com tamanha falta de respeito, e, sentindo-se humilhado ainda mais porque milhões de telespectadores ouviram tais impropérios do veterano jornalista, procurou seus direitos na Justiça, que depois de quase três anos condenou a TV Bandeirantes e o jornalista Boris Casoy a pagarem R$ 21 mil ao trabalhador que se sentiu ofendido, desconsiderado.
À época, ao saber que o áudio foi ao ar e ao vivo e com isso permitiu que sua opinião sobre os garis estava a ser visualizada e ouvida por milhares de internautas, o conservador jornalista decidiu se retratar em público e na tevê. Casoy afirmou que suas palavras foram “infelizes” e pediu “profundas” desculpas aos garis e a todos os telespectadores.
Eu vi e ouvi suas desculpas, pois soube do grande furo na internet por intermédio de amigos, de colegas de trabalho e fiquei atento para assistir o Jornal da Band. Contudo, Casoy se desculpou mecanicamente, conciso, lacônico, quase a demonstrar tédio ou enfado. Percebia-se a má vontade e a falta de arrependimento para se desculpar, bem como sua incondicional e inseparável arrogância. Não poderia ser o contrário, afinal ele integra um grupo de jornalistas que trata seus patrões como colegas, quando na verdade são empregados, de confiança, lógico, mas sempre empregados.

A família Saad, proprietária do Grupo Bandeirantes, não gostou da determinação da 8ª Câmara de Direito Privado de São Paulo e já anunciou que vai recorrer, porque está inconformada em ter que pagar o gari, ou seja, ressarci-lo por o seu empregado ter humilhado, em público, os garis que saudaram os telespectadores da Band, com o desejo de um próspero ano novo. O advogado da família midiática considera que o gari “quer ganhar dinheiro fácil”. Além das palavras ríspidas e grosseiras do Boris, o trabalhador tem de ouvir picardia barata como essa.

Nada é tão emblemático e sintomático quando ouvimos advogado como esse, porque temos a oportunidade de confirmarmos mais uma vez a forma cruel e preconceituosa de agir da burguesia brasileira, separatista, arrivista, hedonista e que luta, incessantemente, por um País VIP, para poucos privilegiados, como se fosse um clube privêà disposição dos herdeiros ideológicos da escravidão viverem intensamente seus sonhos de superioridade racial, de classe e de consumo a seus bel-prazeres.

Para os inquilinos das classes abastadas e hegemônicas, a intenção do gari de ganhar dinheiro (mesmo com a determinação do Judiciário) não condiz com sua classe social e sua origem natural. Os capitalistas poderosos pensam assim, sem sombra de dúvida. Essas coisas se percebem quando ouvimos o gari Francisco alegar que “jamais pensou que sua participação”, no intervalo do Jornal da Band, acarretaria em “preconceito e discriminação”.

O TJSP considerou que “as desculpas {do Casoy} não são suficientes para reparar o dano causado ao gari”, e completou: “Francisco Lima avisou aos familiares que iria aparecer na televisão”, e completou: “Lamentável ocorrência efetivamente ofendeu a dignidade do autor (gari)”. Os Saad donos da Band não aceitam e acham que o gari está a se aproveitar para ter vantagens monetárias. É dessa forma que os barões da imprensa, os donos das mídias de negócios privados.
O gari de origem pobre e nordestina, acompanhado de um colega, é humilhado e sua profissão, uma das mais úteis e importantes para a sociedade ao tempo que de alta insalubridade, tem sua queixa atendida pelo Judiciário, que, ao contrário do que fizeram no STF, não foi necessário distorcer e manipular a tese do “domínio do fato” para verificar e compreender que o senhor Boris Casoy “pisou na bola” e, como ensina o adágio popular: “Quem fala de mais dá bom dia a cavalo”.  É isso aí.
CLIQUE AQUI E LEIA O ARTIGO E VEJA O VÍDEO DE BORIS CASOY

Um comentário:

  1. O meio televiso tem por finalidade vender ilusões, uma vez que há aqueles que pagam por elas. As pessoas que trabalham nessas emissoras sejam jornalistas, garoto ou garota propaganda, atores ou apresentadores são de certa forma muito bem pagos para representar um papel, vendendo ilusões. Tamanha é a competência desses profissionais que acabam convencendo os telespectadores, principalmente os ingênuos, de que são pessoas boas, dotadas de virtudes. Entretanto o público esquece de que antes serem artistas, essas pessoas são seres humanos e por isso, dotadas de maldade: inveja, ganância, prepotência. Movidos pela vaidade, exibicionismo e um excelente salário conseguidos na trajetória profissional, tornam-se pessoas extremamente insuportáveis, pois se consideram blindadas. Julgam-se no direito de desrespeitar e tripudiar sobre os que não se encontram no mesmo nível socioeconômico que o delas. Alguns, como é o caso desse senhor tão desagradável chamado Boris Casoy, não demonstrou o menor respeito por aqueles profissionais que fazem com que o espaço por onde ele passa esteja limpo. Sente-se acima do bem e do mal. Dá pena de ser como esse. E o que me deixa mais feliz nesta minha vida de pobre mortal que sou é que, independente do credo, nível social, da etnia, a lei está sendo aplicada para todos, principalmente a lei do retorno. Portanto, não será essa pessoa uma exceção. Graças a Deus que o ser humano não vive eternamente para aproveitar do orgulho bobo, da arrogância e riqueza que ele adquire durante sua existência.
    Que Deus tenha misericórdia de um pobre mortal como esse senhor Boris Casoy.

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Marcos Imperial

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