O que justifica?
José Dirceu
A decisão do relator Joaquim Barbosa de
apreender os passaportes dos réus da Ação Penal 470 é puro populismo jurídico e
uma séria violação aos direitos dos réus ainda não condenados, uma vez que o
julgamento não acabou e a sentença não transitou em julgado. Cabem recursos
mesmo após a publicação do acórdão. Mostra-se também exagerada porque todos os
réus estão presentes por meio de seus advogados legalmente constituídos e em
nenhum momento obstruíram ou deixaram de atender as exigências legais.
Mas o mais grave são os argumentos para
tal decisão, alegando que os réus adotaram comportamento incompatível e
desrespeitoso com o Supremo. O ministro sustenta o pedido de recolhimento dos
passaportes porque dois réus - antes de serem condenados - viajaram para o
exterior e voltaram normalmente. Afirmou ainda em seu despacho que alguns réus
“deram a impressão de serem pessoas fora do alcance da lei” com atitudes que
afrontariam o Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, os argumentos cerceiam a
liberdade de expressão e são uma tentativa de constranger e censurar, como se
os réus não pudessem se defender e, mesmo condenados, continuarem a luta pela
revisão de suas sentenças.
É importante ressaltar que eu nunca me
manifestei sobre o mérito dos votos dos ministros ou sobre a legitimidade e o
respeito à corte. Sempre respeitei as decisões do Supremo Tribunal
Federal, uma vez que lutei pela nossa democracia, mesmo com risco à minha
própria vida.
Nada vai me impedir de me defender em
todos os foros jurídicos e instituições políticas. Mesmo condenado e apenado,
não abro mão de meus direitos e garantias individuais - do direito de me
expressar e contraditar o julgamento e minha condenação.
Nenhum ministro encarna o Poder Judiciário
- não estamos no absolutismo real. Nenhum ministro encarna a nação ou o povo -
não estamos numa ditadura. Mesmo acatando a decisão, tenho o direito de me
expressar diante de uma tentativa de intimidar os réus, cercear o direito de
defesa e expor os demais ministros ao clamor popular instigado, via holofotes
de certa mídia, nestes quase quatro meses de julgamento.
José Dirceu Oliveira e Silva
Segue nota do meu advogado de defesa:
Decisões judiciais devem ser respeitadas e
cumpridas, mas isso não quer dizer que não podem ser contestadas, quer pelo
acusado, quer pela defesa técnica. Criticar uma decisão, não significa desrespeitar
o Poder Judiciário. Vivemos em um país livre, numa democracia, onde a liberdade
de expressão é a regra e faz parte do Estado Democrático de Direito. O
passaporte do meu cliente será entregue hoje. José Luis Oliveira Lima.
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Marcos Imperial