Brasília e Niterói são as cidades com maior número de obras do
mestre. Arquiteto teve uma única filha, quatro netos, 13
bisnetos e seis tataranetos.
O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, morto às
21h55 desta quarta-feira (5), foi um dos profissionais mais premiados e
influentes do mundo. Seu trabalho, sempre cheio de curvas em concreto que
tornavam seu estilo inconfundível, marcou a paisagem urbana do Brasil e de
outros países. Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no
bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no dia 15 de dezembro de
1907. Apaixonado por futebol e pelo Fluminense, Niemeyer chegou a jogar no time
juvenil do clube de Laranjeiras.
Casou-se cedo. A
união com Annita Baldo foi aos 21 anos, quando Niemeyer ajudava o pai na
tipografia. Em 1929, entrou para a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de
Janeiro, onde cinco anos depois formou-se engenheiro arquiteto. No meio do
período da faculdade, em 1932, nasceu Anna Maria, sua única filha, que morreu
em junho de 2012.
O casamento com Annita Baldo, a primeira
mulher, durou 76 anos, quando ela morreu, em 4 de outubro de 2004. Casou-se
novamente em 2006, com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira.
Os primeiros passos na carreira que o
consagraria como um dos nomes mais influentes na arquitetura foi dado no
escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, onde fez estágio sem remuneração.
Niemeyer teve a oportunidade de conhecer outro gênio da arquitetura ao ser
designado por Lúcio Costa para ajudar Le Corbusier, famoso arquiteto suíço, que
estava de passagem pelo Brasil, em 1936, para colaborar com o projeto do prédio
do Ministério da Educação no Rio.
Ativista político. Em 1940
Niemeyer conhece Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, e
realiza seu primeiro grande projeto, o Conjunto da Pampulha, no bairro na
capital mineira, que incluía o cassino, a Casa do Baile, o clube e a igreja de
São Francisco de Assis.
Boa parte
das obras mais importantes do arquiteto serviu a projetos ideológicos e
políticos. Niemeyer projetou o parque Ibirapuera e o Edifício Copan, ambos em
São Paulo. Em 1956, com JK na presidência do Brasil, organizou o plano piloto
de Brasília e foi responsável pela construção da nova capital federal.
Com traços ousados, o filho do modernismo criou o Itamaraty, o
Alvorada, o Congresso, a Catedral, a Praça dos Três Poderes, entre outros
prédios e monumentos: “Nós começávamos a imaginar quando é que Brasília iria
surgir. De repente, aparecia uma mancha azul no horizonte. Ela ia crescendo.
Depois apareciam os contornos e começávamos a dizer: ali é o Teatro, lá é o
Congresso, a Torre. Brasília surgia como num passe de mágica, um milagre”,
contou ele.
A
participação de Niemeyer na vida política do Brasil fez dele um
intelectual
comprometido com seu tempo. Comunista histórico - se filiou ao Partido
Comunista Brasileiro (PCB) em 1945 -, o arquiteto teve seu escritório no Rio
invadido no golpe de 1964. Depois de passar por
interrogatório na polícia,
decidiu morar fora do Brasil.
Conviveu com Jean-Paul Sartre em Paris, passou seis meses em
Israel, elaborou o projeto da Universidade Constantine, na Argélia, na África,
e nesse mesmo período, desenvolveu a sede da ONU em Nova York, nos Estados Unidos. Niemeyer
passou a ganhar projeção internacional e nos anos 70 abriu seu escritório na
Champs Elysées, em Paris. O arquiteto também projetou a sede da editora
Mondadori, em Milão, na Itália. Foi nesse período que ele influenciou a
arquitetura mundial. As amizades iam do pintor Cândido Portinari ao maestro
Villa-Lobos, passando por Fidel Castro e Chico Buarque.
Obras em curvas Niemeyer
sempre defendeu o uso do monumental na arquitetura, com certa obsessão pela
leveza em contradição com o concreto. A forma é a curva, com que substituiu a
tradição milenar de ângulos e retas.
“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a
linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre
e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso dos
sentidos, nas nuvens do céu. No corpo da mulher preferida. De curvas é feito
todo o universo”, explicou o mestre.
Ele retornou ao Brasil no início dos anos
80, período da anistia dos exilados no governo de João Figueiredo. Para
consolidar os projetos do amigo Darcy Ribeiro, antropólogo e então
vice-governador do Rio na época de Brizola, ele projetou os CIEPs (Centro
Integrado de Educação Pública) e o Sambódromo do Rio.
A cidade de Niterói é a segunda do Brasil com o maior número de
trabalhos do arquiteto, depois de Brasília. Após o consagrado Museu de Arte
Contemporânea (MAC), foi projetado o Caminho Niemeyer, um complexo de
edificações assinadas pelo mestre e voltado para a cultura e a religião. As
obras foram distribuídas ao longo da orla da Baía de Guanabara, se iniciando
pelo Centro da cidade. Entre as nove construções projetadas, está o Teatro
Popular, inaugurado em 2007.
Centenário
No mesmo ano, o mestre da arquitetura completou 100 anos de
vida. A comemoração contou com a presença de cerca de 600 amigos e familiares.
No dia, Niemeyer citou mais de uma vez que a vida não é fácil e que, se tivesse
que resumi-la numa palavra, escolheria a solidariedade: "Os pobres ficam
vendo os palácios de hoje sem poder entrar”, disse. “A vida não é justa. E o
que justifica esse nosso curto passeio é a solidariedade”.
A família era composta pela então esposa Vera Lúcia Cabreira, a
filha Anna Maria, além de quatro netos, 13 bisnetos e seis tataranetos.
Apesar de
tanto sucesso - recebeu todos os prêmios imagináveis, incluindo o prestigioso
Pritzker em 1988 e a Ordem do Mérito Cultural - Oscar Niemeyer era um homem
modesto. Para os íntimos, ele confessou que não conseguia entender a razão de
tanta reverência. “Trabalhei muito, fiz meu trabalho na prancheta, como um
homem comum...”. G1.
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Marcos Imperial