
Então é Carnatal. Tempo de voltar no tempo. De reviver
a Idade Média. De urinar nas ruas. De violentar os sentidos uns dos outros, com
gritos, fedores, empurrões.
É tempo de ir à caça das fêmeas como faziam os
neandertais. De agarrar-lhes à força, rasgar-lhes a roupa, forçar-lhes o beijo,
mostrar-lhes quem manda, que esse negócio de feminismo é conversa fiada, um
disfarce pra esconder quem ainda está no poder, quem ainda lhes tem como
posse.
É tempo de descansar as máscaras da moralidade. Deixar na gaveta, por três dias, o poder que nos prende.
Ficar com um, dois, três na mesma noite, na mesma
volta. Trair-se, e aos outros. Viver toda a canalhice e estultice que forçamos
esconder durante os 362 dias restantes.
É tempo, ainda, de materializar as barreiras, erguer
os camarotes, cercar a alegria, pôr cordas entre as pessoas e pagar caro pelo
prazer estrango de estar acima, de estar à parte.
Carnatal é a celebração da
barbárie, desagregação da hipocrisia, da aniquilação ( momentânea
que seja ) de todas as regras do bem viver. Não há uma gota de arte, uma nota
de música. É uma festa para os empresários ficarem mais ricos e os pobres
ficarem na mesma.
Há não muito tempo, alguns jovens ocupavam as ruas de
Natal por protesto - contra aumento de passagens no transporte público. A
polícia lhes surrou. Hoje, um grupo diferente se prepara para ocupar o mesmo
espaço por mais tempo, e sujar, e gritar, impedir. Estes serão
protegidos. É que é Carnatal: tempo de amar o vazio, de cantar o mesquinho
e reformar o abadá. Por Léo Ventura via http://nossanatal.blogspot.com.br
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Marcos Imperial