Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente Lula esteve presente na manhã desta
quarta-feira (19) à posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, Rafael Marques. Num discurso bem-humorado de pouco mais de 40 minutos,
Lula lembrou episódios de sua carreira sindical e como metalúrgico e destacou
as mudanças ocorridas no Brasil na última década e comemorou a saída de 40
milhões de pessoas da linha da pobreza. “Não me peça para gostar de miséria,
porque eu não gosto. E nenhum de vocês deve gostar. A gente deve gostar de ter
sonhos, de construir coisa melhor, a gente quer uma casa boa, quer um carro
bom, que os filhos se vistam bem, é isso que a gente deseja”.
Para baixar imagens em alta resolução,
visite o Picasa do Instituto Lula.
Lula incentivou os trabalhadores a perseguirem seus
sonhos e suas reivindicações. “A democracia não é um pacto de silêncio, a
democracia é um processo de movimentação da sociedade na tentativa de
conquistar. E cada vez que a gente conquista uma coisa, a gente quer outra.
Isso é natural”. O ex-presidente agradeceu as palavras de apoio que recebeu dos
presentes e disse que o que mais machuca seus adversários é seu sucesso.
“O milagre das coisas que fizemos foi que
acreditamos que não era possível governar só para um terço desse país. (…) Por
isso eles não se conformam como é que em oito anos a gente elevou 40 milhões de
homens e mulheres para a classe C, a ter um padrão de consumo de classe média
baixa, ver os pobres viajarem de avião, ver as pessoas trocarem de carro todo
ano. Então eu acho que isso deixa eles muito irritados”. E continua: “Como é
que eles podem aceitar pacificamente sem ódio que seja um metalúrgico de
diploma primário que tenha feito em oito anos uma vez e meia tudo o que eles
fizeram de escolas técnicas em um século?”
“Por que tinha que ser eu, e não eles? Eles
governaram antes de mim. Tinham unanimidade na imprensa. Era um pensamento
único, não tinha nada contra, era tudo favorável. E por que não foram eles que
fizeram essas coisas? Por que eles não cuidaram dos índios, dos negros, das
mulheres, dos pobres?”, perguntou o ex-presidente, em meio a aplausos.
Rafael Marques, ao tomar posse como presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC disse que o ex-presidente Lula começou, em
seu governo, a pagar a dívida social histórica com os negros, índios, mulheres
e segmentos mais excluídos da sociedade. “O movimento organizado no Brasil
nunca teve tanta participação política”, comemorou.
O presidente nacional do PCdoB também destacou as
mudanças pelas quais o país passou graças a uma trajetória política que começou
no ABC. “Lula surge daqui, como essa liderança que se projeta como maior líder
político nacional e maior presiente do nosso país”. E completou: “É claro que ainda
temos muito pela frente, mas esse é um começo grandioso”.
Daniel Iliescu, presidente da UNE, também discursou
e disse que, depois que um operário foi eleito presidente da República, “cada
vez mais trabalhadores hoje podem estudar e entrar nas universidades”.
O tema da necessidade de reforma política foi
abordado em várias falas. Wagner Freitas, presidente da CUT, defendeu ainda o
financiamento público de campanha. “Reforma política para não eleger só
empresários e filhos de empresários (…) Precisamos ter no parlamento
representantes do povo, e não representantes de uma classe”. E foi duro com
relação aos críticos do ex-presidente. “A elite percebeu que não consegue
ganhar as eleições, então resolveu mudar a regra do jogo”.
Estiveram presentes ainda o corrdenador nacional do
MST, Gilmar Mauro, o presidente estadual do PT, Deputado Edinho e Sérgio Nobre,
da CUT estadual.
Os áudios
dos discursos de Lula, Rafael Marques, Renato Rabelo, Daniel Iliescu e Wagner
Freitas estão disponíveis para download nos links abaixo:
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Marcos Imperial