No
final de fevereiro foi divulgado um estudo realizado pelo Instituto Trata
Brasil que procura, por meio de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), medir o
impacto sobre a saúde da população exposta ao saneamento básico inadequado nos
100 maiores municípios brasileiros.
Dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS) apontam que 88% das mortes por diarreia no mundo são causadas pelo
saneamento inadequado, enquanto a Unicef demonstra que essa é a segunda maior
causa de mortes entre crianças de 0 a 5 anos e se estima que a cada ano 1,5
milhão de crianças nessa idade morram em todo o mundo vítimas de doenças
diarreicas.
No estudo do Instituto Trata Brasil levantou dados de 2008 a 2011, em alguns casos 2012, e demonstrou que em quase metade dos municípios, 49%, existe apenas uma oscilação nos números de internações, sem apresentar nenhuma tendência clara de melhora no indicador. Em 2011, 396.048 pessoas deram entrada no SUS com doenças diarreicas, sendo que 54.399 vivem nos 100 maiores municípios do país.
De todas as
internações, cerca de metade são crianças de 0 a 5 anos, justamente a faixa
etária mais fragilizada pela falta de saneamento básico, sendo que em algumas
cidades essa taxa chega a mais de 70%, como é o caso de Duque de Caxias (RJ),
Juazeiro do Norte (CE), Macapá (AP), Feira de Santana (BA), Belém (PA), Porto
Velho (RO) e Manaus (AM).
Dados de 2011 apontam que os gastos do SUS com internações por diarreia foram de 140 milhões de reais e os municípios que mais gastaram foram justamente aqueles com piores indicadores de saúde e de saneamento básico.
Os mais prejudicados
Ananideua, um
município próximo a Belém, tão próximo que parece um bairro, registrou em 2011
o alarmante número de 904 internações por diarreia para cada 100 mil
habitantes. Em 2012 a cidade conseguiu bater seu recorde entre os 100 maiores
municípios brasileiros e marcou 1210 pessoas internadas com doenças causadoras
de diarreias. Na outra ponta, das menores ocorrências de doenças com diarreia,
ficou em 2011 a cidade paulista de Taubaté, com 1,4 internação para cada 100
mil habitantes. Enquanto em Ananideua o gasto total por 100 mil habitantes foi
de 314,4 mil reais, na cidade de Taubaté o gasto foi 721 reais para a mesma
população.
Dados do
Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) mostram que são poucas as
cidades, entre as 100 maiores do país, que podem ostentar a marca de 100% de
seus esgotos coletados, o que não significa tratados. Elas são Santos,
Piracicaba, Jundiaí e Franca, no estado de São Paulo, e a capital mineira, Belo
Horizonte.
Esses números reforçam a urgência de aplicação dos recursos previstos para saneamento básico em todo o Brasil. Existem políticas e planos nacionais para a gestão de recursos hídricos e saneamento, sem, no entanto, haver um esforço concentrado na aplicação em obras que possam reverter este quadro de desastre vivido pela população, principalmente das áreas mais pobres do país.
Às vésperas de
mais um Dia Mundial da Água, que é comemorado em 22 de março, o Brasil pouco
tem a comemorar. Nas grandes cidades a questão do abastecimento de água é cada
vez mais complexa, com as empresas de água tendo de buscar o recurso em
mananciais cada vez mais distantes, justamente pela falta do saneamento e do
tratamento de esgotos, que coloca os rios das regiões mais habitadas entre os
mais poluídos do mundo. Com
informações da Carta Capital. Postado por Marcos Imperial.
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