“O Brasil, para ter democracia de fato, precisa ter instrumentos de regulamentação dos seus meios de comunicação”, avaliou Ferro. O Conversa Afiada republica
post do Viomundo:
Da assessoria de imprensa da Liderança do PT na Câmara dos Deputados, via
e-mail.
O
deputado Fernando Ferro (PT-PE) discursou em plenário nesta terça-feira (19),
sobre a decisão do parlamento do Reino Unido de promover a regulamentação da
mídia naquele país. Para ele, a decisão foi um passo importante e pode ser
seguida pelo Brasil. “Todas as democracias modernas têm alguns tipos de ajustes
legais e jurídicos para os setores da mídia. O Brasil, para ter democracia de
fato, precisa ter instrumentos de regulamentação dos seus meios de
comunicação”, avaliou Ferro, que é vice-líder da Bancada do PT na Câmara.
Fernando
Ferro disse que a regulamentação do setor da imprensa não pode ser confundida
com censura, com ausência de liberdade de expressão. No Brasil, explicou, não
se faz esse debate porque qualquer tentativa nessa direção é vista pelos
“barões” da mídia como censura. “Esse é um debate que precisamos fazer. Os
barões da imprensa não têm o direito de nos calar. Jornalistas e empresários
amestrados querendo impedir o debate. Enquanto isso, o que se vê é a destruição
de reputações, é o enxovalhamento de pessoas e fica tudo por isso mesmo”,
reclamou Fernando Ferro.
O
parlamentar petista lembrou que o processo no Reino Unido foi acelerado após
escândalo envolvendo o magnata da imprensa britânica, Rupert Murdoch, dono do
tabloide News of the Word, denunciado por práticas ilegais no exercício do
jornalismo. Ferro traçou um paralelo entre o escândalo britânico e o caso
brasileiro que teve como atores o jornalista e diretor da revista Veja,
Policarpo Júnior, e o contraventor Carlos Cachoeira. “Eles fizeram investigações
ocultas para atender interesses criminosos e interesses da mídia. O Brasil
precisa impedir que esse tipo de delinquência fique impune”, enfatizou.
Para
constituir o colegiado que vai mediar as decisões acerca dos procedimentos
adotados pela imprensa britânica foram necessários debates que contaram com a
participação dos três principais partidos: Conservador, de David Cameron,
Liberal Democrata, da base governista, e a oposição representada pelo Partido
Trabalhista. O novo órgão regulador foi aprovado pelo Parlamento Britânico na
segunda-feira (18).
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Íntegra do discurso
O
SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Deputados, quero ressaltar a importância de uma iniciativa tomada pelo
Parlamento do Reino Unido, qual seja a definição de uma legislação que
regulamenta os meios de comunicação daquele país.
O
debate surgiu a partir do escândalo envolvendo denúncias de espionagem,
provocadas por um magnata, Rupert Murdoch, o que levou à criação da Comissão
Leveson no Reino Unido para discutir o papel da mídia.
O
paralelo no Brasil é o de Policarpo-Veja/Cachoeira, em que também fizeram
espionagem e investigações ocultas com o fim de atender a interesses criminosos
e ao sensacionalismo de setores da mídia.
A
Inglaterra, portanto, construiu um instrumento de regulamentação. Todas as
democracias modernas têm regulamentação de mídia. Aqui no Brasil sequer querem
fazer esse debate. Fala-se em censura, tolhimento de liberdade. Um escândalo! E
nós aqui, Parlamentares, vimos, em vários momentos, pessoas sendo enxovalhadas
pela mídia. Alguém se lembra do escândalo envolvendo a Ministra Erenice Guerra?
Aqui alguém sabe que ela foi inocentada das acusações que vieram da Veja e da
Folha de S.Paulo? Ninguém sabe. E é isto o que se faz neste País: demolem,
destroem uma reputação e fica por isso mesmo, porque os meios de comunicação
não prestam contas a ninguém.
Por
isso eu defendo que o Brasil para ser uma democracia de fato tem que ter
instrumento, sim, de regulamentação. Na Inglaterra constituiu-se esse
instrumento. Dele participam três setores, a imprensa, com um terço de
representantes, um jornalista, e figuras de saber notório, para compor esse
órgão regulador, onde o cidadão, qualquer pessoa pode recorrer, pedir o direito
de resposta para defender a sua reputação.
Portanto,
esse é um debate que nós temos que fazer aqui sem ter medo, porque a imprensa
determina, ou os barões da imprensa. Querem nos submeter aqui a não ter direito
de falar em nada. Aí, ficam jornalistas amestrados e políticos amestrados a
interesses empresariais, a grupos de mídia, querendo impedir esse debate. Pelo
menos o direito do debate nós temos que ter, para acabar com essa história de
se destruir reputação, de se caluniar e ficar por isso mesmo.
Por
isso eu quero que o Brasil aprenda com o Reino Unido e aprenda com as
democracias modernas. Em todas elas há instrumentosde regulamentação. Aqui no
Brasil quando se fala isso: É a censura que quer voltar, tolher a liberdade de
expressão.Não confundir liberdade de expressão com liberdade de empresa, que,
lamentavelmente… Postado por Marcos Imperial.
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