Ex-ministro do governo Lula diz que políticas de
inclusão da última década mudaram o país, que ganhou em autoestima, e mudaram o
povo, que se tornou um ator político efetivo da democracia brasileira
O jornalista Franklin Martins, ex-ministro da
Comunicação Social no governo Lula, disse que o protagonismo do povo foi a
grande conquista política e cultural de 10 anos de governos democráticos e
populares que começaram com a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2002. "Até algum tempo atrás, a maioria dos presidentes, a
maioria dos governos, governava o Brasil para apenas um terço da população. Era
como se eles dissessem para o restante, que estava excluído: ´Eu até gostaria
de ajudar vocês, eu até gostaria de ter medidas que fizessem vocês se levantar.
Mas é impossível. Virem-se!´".
A declaração foi dada em uma entrevista
para o Instituto Lula e faz parte de uma série sobre os 10 anos de governo
democrático e popular. Você pode acompanhar mais opiniões sobre os 10 anos que
mudaram o país clicando
aqui.
Para o ex-ministro, a exclusão de parcelas
consideráveis da população das decisões de governo, a pretexto de que a
política para os pobres era uma impossibilidade, está na raiz do "famoso
complexo de vira-lata do povo brasileiro" (clique aqui para ler a crônica do dramaturgo
Nelson Rodrigues que cunhou o termo "complexo de vira-lata", em
1958). Com a eleição de Lula, o cenário começou a mudar e o povo decidiu não
apenas escolher governos que governassem para todos, mas passou também a cobrar
esses governos.
"Eu acho que o que mudou muito de 10 anos para cá
é que o povo escolheu governos e cobrou desses governos que eles governassem
para a maioria. Eu acho que essa é a grande mudança, porque ela fecundou, ela
gerou diversas políticas que acabaram atendendo à maioria do povo, que passou a
ver que havia um governo que governava para ele". Franklin ressalta que
isso gerou também uma tensão no sentido contrário. "E que passou também a
ver que existia uma elite que não admitia que se governasse para todos e que
foi fazer uma oposição furiosa a esses governos".
A participação efetiva do povo, não apenas como
beneficiário das políticas governamentais, mas também como ator político, marca
uma mudança visível na última década, segundo o ex-ministro: "Eu acho que
o que tem de novidade no Brasil, no fundo, é o coroamento de um processo de
acumulação e fortalecimento da democracia, onde o povo foi identificando seus
interesses, aprendendo a votar, votando em quem poderia fazer políticas que o
beneficiassem e depois elegeu governos que iam implementar essas políticas, deu
força a esses governos e cobrou desses governos. Eu acho que a novidade é que o
povo é um ator político muito maior hoje em dia e por isso mesmo está no centro
dos acontecimentos."
"Uma classe média muito maior, redução da
miséria, Prouni, Luz para Todos, Bolsa Família... a quantidade de programas é
indescritível, mas a grande coisa é o seguinte: o povo está no centro da
política no Brasil hoje", completa.
Termo "complexo de vira-latas" foi cunhado
em 1958
O dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues cunhou o
termo "complexo de vira-lata" em 1958, para designar a postura de
inferioridade assumida no futebol, a partir de 1950, quando o Brasil perdeu a
Copa do Mundo para o Uruguai, no Maracanã. Para Rodrigues, o brasileiro só
começou a se curar esse complexo em 1958, quando ganhou a Copa pela primeira
vez, mas apenas nesse esporte. A postura permaneceu em relação a outros temas.
"Por 'complexo de vira-lata', entendo eu a inferioridade em queo brasileiro
se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo´", afirmou.
Em agosto do ano passado, o ex-ministro e
vice-presidente do PSB Roberto Amaral escreveu na revista Carta Capital uma
outra crônica revisitando o termo. Para ele, esse complexo foi alimentado pelos
interesses dominantes. "Esse sentimento existe, mas regado pela classe
dominante brasileira, desde a Colônia, que sempre viveu de costas para o país e
com os sonhos, as vistas e as aspirações voltadas para a Europa. Terra de
"índios desafeitos ao trabalho", de "negros manimolentes e
banzos" e "europeus de segunda classe", nosso destino, traçado
pelos deuses, era a de eternos coadjuvantes. História própria,
industrialização, destino de potência... ah, isso jamais!".
O texto re
Roberto Amaral relembra fatos curiosos, como a oposição direitista a obras como
a Ponte Rio-Niterói, o metrô no Rio de Janeiro, a Petrobras e — mais
recentemente — a transposição do rio São Francisco. Clique
aqui para
ler o artigo de Roberto Amaral. Postado por Marcos Imperial.
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