Grupo de jornalistas, intelectuais e professores universitários lança
campanha para defender o nome do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, autor de
"A privataria tucana", para concorrer com o ex-presidente Fernando
Henrique pela vaga aberta na Academia Brasileira de Letras com a morte do
jornalista e escritor paulista João de Scantimburgo; "Não é a primeira vez
que a Academia Brasileira de Letras tem a oportunidade de abrir suas portas
para o talento literário de um jornalista", diz o texto.
Via 247 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso terá competição na sua
empreitada por uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Pelo menos
no que depender da blogosfera. Um grupo de jornalistas, intelectuais e
professores universitários lançou nesta segunda-feira uma campanha para
defender o nome do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, autor de "A
privataria tucana" para a ABL.
Assinado por gente como Breno Altman, Emir Sader, Luiz Carlos Azenha, Luiz Gonzaga Belluzzo e
Marcio Pochmann, o manifesto diz que "não é a
primeira vez que a Academia Brasileira de Letras tem a oportunidade de abrir
suas portas para o talento literário de um jornalista. Caso marcante é o de
Roberto Marinho, mentor de obras inesquecíveis, como o editorial de 2 de abril
de 64". Leia registro feito pela Carta Maior e o manifesto:
Carta Maior – Um grupo de jornalistas, intelectuais e
professores universitários progressistas lança nesta segunda-feira (8) uma
campanha para defender o nome do jornalista Amaury Ribeiro Júnior para a
Academia Brasileira de Letras (ABL).
Jornalista premiado, hoje funcionário da TV Record,
Ribeiro Jr. é autor do best-seller "A privataria tucana",
livro-reportagem denuncia irregularidades na venda de empresas estatais durante
o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A candidatura de Ribeiro Jr. visa se contrapor à do
próprio Fernando Henrique, que está inscrito para disputar a cadeira de número
36, que está vaga desde que o jornalista e escritor paulista João de
Scantimburgo morreu, em 22 de março passado.
As inscrições de candidaturas na ABL podem ser feitas
até 26 de abril. Depois deste prazo, a entidade marca em até 60 dias uma
reunião para a eleição, em que o novo imortal deve ter a metade mais um dos
votos dos atuais imortais para ser eleito para a cadeira.
Leia, a seguir, o manifesto da candidatura de Amaury
Ribeiro Jr. Para assinar, clique
aqui.
"A PRIVATARIA É IMORTAL - Amaury
Ribeiro Júnior para a Academia Brasileira de Letras.
Não é a primeira vez que a Academia
Brasileira de Letras tem a oportunidade de abrir suas portas para o talento
literário de um jornalista. Caso marcante é o de Roberto Marinho, mentor de
obras inesquecíveis, como o editorial de 2 de abril de 64:
"Ressurge a Democracia, Vive a Nação
dias gloriosos" – o texto na capa de "O Globo" comemorava a
derrubada do presidente constitucional João Goulart, e não estava assinado, mas
trazia o estilo inconfundível desse defensor das liberdades. Marinho tornou-se,
em boa hora, companheiro de Machado de Assis e de José Lins do Rego.
Incomodada com a morte prematura de
"doutor" Roberto, a Academia acolheu há pouco outro bravo homem de
imprensa: Merval Pereira, com a riqueza estilística de um Ataulfo de Paiva,
sabe transformar jornalismo em literatura; a tal ponto que – sob o impacto de
suas colunas – o público já não sabe se está diante de realidade ou ficção.
Esses antecedentes, "per si", já
nos deixariam à vontade para pleitear – agora - a candidatura do jornalista
Amaury Ribeiro Junior à cadeira 36 da Academia Brasileira de Letras.
Amaury, caros acadêmicos e queridos
brasileiros, não é um jornalista qualquer. É ele o autor de "A Privataria
Tucana" – obra fundadora para a compreensão do Brasil do fim do século XX.
Graças ao trabalho de Amaury, a Privataria
já é imortal! Amaury Ribeiro Junior também passou pelo diário criado por Irineu
Marinho (o escritor cubano José Marti diria que Amaury conhece, por dentro, as
entranhas do monstro).
Mas ao contrário dos imortais
supracitados, Amaury caminha por outras tradições. Repórter premiado, não teme
o cheiro do povo. Para colher boas histórias, andou pelas ruas e estradas
empoeiradas do Brasil. E não só pelos corredores do poder.
Amaury já trabalhou em "O
Globo", "Correio Braziliense", "IstoÉ", "Estado
de Minas", e hoje é produtor especial de reportagens na "TV
Record". Ganhou três vezes o Prêmio Esso de Jornalismo. Tudo isso já o
recomendaria para a gloriosa Academia. A obra mais importante do repórter,
entretanto, não surge dos jornais e revistas. "A Privataria Tucana" –
com mais de 120 mil exemplares comercializados – é o livro que imortaliza o
jornalista.
A Privataria é imortal - repetimos!
O livro de Amaury não é ficção, mas é arte
pura. Arte de revelar ao Brasil a verdade sobre sua história recente. Seguindo
a trilha aberta por Aloysio Biondi (outro jornalista que se dedicou a pesquisar
os descaminhos das privatizações), Amaury Ribeiro Junior avançou rumo ao
Caribe, passeou por Miami, fartou-se com as histórias que brotam dos paraísos
fiscais.
Estranhamente, o livro de Amaury foi
ignorado pela imprensa dos homens bons do Brasil. Isso não impediu o sucesso
espetacular nas livrarias - o que diz muito sobre a imprensa pátria e mais
ainda sobre a importância dos fatos narrados pelo talentoso repórter.
A Privataria é imortal! Mas o caminho de
Amaury Ribeiro Junior rumo à imortalidade, bem o sabemos, não será fácil. Quis
o destino que o principal contendor do jornalista na disputa pela cadeira fosse
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC é o ex-sociólogo que – ao virar
presidente – implorou aos brasileiros: "Esqueçam o que eu escrevi". A
ABL saberá levar isso em conta, temos certeza. É preciso esquecer.
Difícil, no entanto, é não lembrar o que
FHC fez pelo Brasil. Eleito em 1994 com o apoio de Itamar Franco (pai do Plano
Real), FHC prometeu enterrar a Era Vargas. Tentou. Esmerou-se em desmontar até
a Petrobras. Contou, para isso, com o apoio dos homens bons que comandam a
imprensa brasileira. Mas não teve sucesso completo.
O Estado Nacional, a duras penas, resistiu
aos impulsos destrutivos do intelectual Fernando.
Em 95, 96 e 97, enquanto o martelo da
Privataria tucana descia velozmente sobre as cabeças do povo brasileiro, Amaury
dedicava-se a contar histórias sobre outra página vergonhosa do Brasil - a
ditadura militar de 64. Em uma de suas reportagens mais importantes, sobre o
massacre de guerrilheiros no Araguaia, Amaury Ribeiro Junior denunciou os
abusos cometidos pela ditadura militar (que "doutor" Roberto preferia
chamar de Movimento Democrático).
FHC vendia a Vale por uma ninharia. Amaury
ganhava o Prêmio Esso...
FHC entregava a CSN por uns trocados.
Amaury estava nas ruas, atrás de boas histórias, para ganhar mais um prêmio
logo adiante...
As críticas ao ex-presidente, sabemos
todos nós, são injustas. Homem simples, quase franciscano, FHC não quis vender
o patrimônio nacional por valores exorbitantes. Foi apenas generoso com os
compradores - homens de bem que aceitaram o duro fardo de administrar empresas
desimportantes como a Vale e a CSN. A generosidade de FHC foi muitas vezes
incompreendida pelo povo brasileiro, e até pelos colegas de partido - que desde
2002 teimam em esquecer (e esconder) o estadista Fernando Henrique Cardoso.
Celso Lafer - ex-ministro de FHC - é quem
cumpre agora a boa tarefa de recuperar a memória do intelectual Fernando, ao
apresentar a candidatura do ex-presidente à ABL. A Academia, quem sabe, pode
prestar também uma homenagem ao governo de FHC, um governo simples, em que
ministros andavam com os pés no chão - especialmente quando tinham que entrar
nos Estados Unidos.
Amaury não esqueceu a obra de FHC. Mostrou
os vãos e os desvãos, com destaque para o caminho do dinheiro da Privataria na
volta ao Brasil. Todos os caminhos apontam para São Paulo. A São Paulo de
Higienópolis e Alto de Pinheiros. A São Paulo de 32, antivarguista e
antinacional. A São Paulo de FHC e do velho amigo José Serra - também
imortalizado no livro de Amaury.
Durante uma década, o repórter debruçou-se
sobre as tenebrosas transações. E desse trabalho brotou "A Privataria
Tucana".
Por isso, dizemos: se FHC ganhar a
indicação, a vitória será da Privataria. Mas se Amaury for o escolhido, aí a
homenagem será completa: a Privataria é imortal!
===
Se você apoia Amaury para a ABL, deixe
abaixo seu nome, profissão e/ou entidade. Veja quem já aderiu à campanha
"A Privataria é imortal":
Altamiro Borges
Antonio Cantisani Filho
Breno Altman
Conceição Lemes
Daniel Freitas
Dermi Azevedo
Diogo Moysés
Elis Regina Brito Almeida
Emiliano José
Emir Sader
Enio Squeff
Ermínia Maricato
Flavio Wolf Aguiar
Gilberto Maringoni
Inácio Neutzling
Ivana Jinkins
Joaquim Ernesto Palhares
Joaquim Soriano
João Brant
José Arbex Jr.
Julio Guilherme De Goes Valverde
Katarina Peixoto
Ladislau Dowbor
Laurindo Leal Filho
Lúcio Manfredo Lisboa
Luiz Carlos Azenha
Luiz Fernando Emediato
Luiz Gonzaga Belluzzo
Marcel Gomes
Marcio Pochmann
Marco Aurelio Weissheimer
Marcos Dantas
Paulo Henrique Amorim
Paulo Salvador
Raul Millet Filho
Reginaldo Nasser
José Reinaldo Carvalho
Renato Rovai
Rodrigo Vianna
Samuel Pinheiro Guimarães
Venício Lima
Wagner Nabuco"
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Marcos Imperial