“O balanço da atuação dos governos Lula e Dilma em relação ao quesito
“manter a inflação sob controle” é positivo. Somente em 2003, a inflação ficou
fora da meta estabelecida. Os governos do PT foram bem sucedidos em 9 dos 10
anos que governaram o País até o momento.
O Brasil adotou o regime de metas para a inflação em meados de 1999,
durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. A inflação estourou a meta nos
anos 2001 e 2002. O regime implantado em 1999 era muito simples: o Banco
Central (BC) seria o único organismo responsável por manter a inflação sob
controle, teria somente esse mandato e também um único instrumento
antiinflacionário, a taxa de juros básica da economia.
Tal regime era parte do receituário neoliberal cujas fórmulas são sempre
simples e aparentemente neutras. O regime de metas brasileiro mostrou que
precisava sofrer adaptações. A experiência internacional e brasileira revelaram
que a inflação é um fenômeno complexo, de causas variadas. O regime de metas,
em sua configuração original, apontava como causa da inflação o crescimento
econômico que geraria excesso de demanda e pressão sobre os preços. Nesse
sentido, tinha como regra que o BC deveria “tocar um samba de uma nota só”:
quando existisse algum tipo de pressão inflacionária a taxa de juros deveria
ser aumentada imediatamente.
É preciso que seja dito claramente: a elevação da taxa de juros
desaquece a economia, gera desemprego e, por último, adormece a inflação. Em
27-03-2013, a presidente Dilma afirmou que não é uma entusiasta dessas
políticas: “… não concordo com políticas de combate à inflação que ‘olhem’ a
questão do crescimento econômico, até porque temos uma contraprova dada pela
realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e um aumento da
inflação, porque houve um choque de oferta devido à crise e fatores externos”.
Utilizar somente a elevação da taxa de juros como instrumento
antiinflacionário obriga o Banco Central a utilizar o remédio em doses
cavalares o que mata a inflação e, também, a economia real: a inflação é
reduzida e com ela milhares de trabalhadores são jogados no desemprego.
Complementou a presidente: “Esse receituário que quer matar o doente antes de
curar a doença é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí
está datado. É uma política superada”.
Como a elevação de preços tem diversas causas, o combate a inflação não
pode se restringir a utilização de um único instrumento, a taxa de juros, que
possui um perverso efeito colateral. A inflação pode ser combatida, dentre
outras maneiras, com a redução de tributos (p.e. os impostos sobre os bens da
cesta básica), com estímulos à produtividade (p.e. qualificando a mão-de-obra)
e com a redução de custos de produção (p.e. diminuindo as tarifas de energia
elétrica).
A independência ou autonomia do Banco Central, que torna exclusiva a
responsabilidade pelo controle da inflação, representa também o atraso, o
passado. Época em que os fenômenos reais, sociais ou monetários eram analisados
por uma única ótica. Os fenômenos econômicos são todos fenômenos sociais que
merecem um acompanhamento interdisciplinar e interministerial: um
acompanhamento de todo o governo, inclusive da Presidência.
É fato que o Brasil não precisa ter uma taxa de juros elevada para ter
uma inflação controlada. Isto foi provado nos últimos anos: houve queda da taxa
de juros básica (a taxa Selic) e controle inflacionário. O Brasil também não
precisa gerar desemprego e reduzir a massa salarial para ter preços bem
comportados. Nos últimos tempos, empregos e salários subiram.
Neoliberais rejeitam a política bem sucedida de controle da inflação dos
governos Lula e Dilma. Para eles, sempre é melhor uma taxa de juros maior do
que uma taxa menor. Aqui neoliberais revelam de que lado eles estão: com juros
elevados, trabalhadores ganham o desemprego e banqueiros, mais rendimentos e
lucros. Nesse jogo há perdedores e ganhadores. Não há a neutralidade das
políticas antiinflacionárias decantada por neoliberais.
Para camuflar de que lado estão, ensaiam sempre o seguinte argumento:
“quem mais perde com a inflação são os pobres que não podem proteger seus
parcos recursos no sistema financeiro”. É verdade, mas é igualmente verdade que
a experiência tem mostrado que usar a taxa de juros com parcimônia pode
auxiliar a manter a inflação sob controle, além de não provocar desaquecimento
econômico e desemprego relevantes.
Por último, cabe ser destacado que essa sensibilização com a vida dos
pobres não combina com o DNA dos neoliberais brasileiros. O que eles querem de
fato são juros maiores, mais rentismo e lucros financeiros. Postado por Marcos Imperial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá queridos leitores, bem vindo a pagina do Blog Imperial. Seu comentário é de extrema importância para nosso crescimento.
Marcos Imperial