Segundo Janio de Freitas,
a imprensa brasileira, inclinada à direita, como definiu o presidente do
Supremo Tribunal Federal, encontrou no próprio ministro um caminho para tentar
recuperar seu espaço perdido.
Via 247 - Janio
de Freitas deu razão ao ministro Joaquim Barbosa, que diagnosticou a inclinação
à direita da imprensa brasileira. Mas essa mesma imprensa encontrou em Barbosa
um caminho para resgatar a tradição conservadora da sociedade brasileira. Leia
abaixo:
O
prestígio de Joaquim Barbosa foi elaborado pelas características identificadas
por ele na imprensa do país.
A intervenção do ministro Joaquim Barbosa,
de franqueza incomum em pronunciamentos internacionais, durante encontro na
Costa Rica sobre liberdade de imprensa desvendou uma situação algo extravagante.
O diagnóstico da imprensa brasileira feito
pelo palestrante aparenta duas vertentes que, na realidade, têm iguais pontos
de partida e de chegada. A primeira delas resume-se bem em poucas frases do
pronunciamento:
"O Brasil tem hoje três principais
jornais nacionais impressos, todos mais ou menos inclinados para a direita no
campo das ideias";
"Eu não seria sincero se concluísse a
apresentação sem trazer a público desvantagens que vejo em meu país acerca da
informação, da comunicação, da liberdade de expressão e de imprensa: o problema
está, basicamente, na falta de um pluralismo forte [na imprensa]".
Entremeadas, citações à ausência de
"pluralismo" e à "fraca diversidade política e ideológica da
imprensa brasileira".
Irretocável.
Curioso, no entanto, é que o fulminante
prestígio de que Joaquim Barbosa vê-se munido, também fora do Brasil, foi
elaborado exatamente por aquelas características políticas e ideológicas
identificadas na imprensa brasileira pela visão crítica do ministro. A
contrariedade da "inclinação para a direita", com a vitória sem
precedentes de adversários políticos e ideológicos, encontrou no relator
Joaquim Barbosa um veio para sua ansiedade de reverter o país à tradição
conservadora. A razão e a desrazão, o equilíbrio e o atropelo não importariam
mais do que a efetivação do objetivo intermediada por Joaquim Barbosa e nele
heroizada.
O próprio convite para falar na reunião da
Unesco, portanto, foi fruto do que Joaquim Barbosa lá descreveu como identidade
da imprensa brasileira.
O outro componente do diagnóstico, como
aparência de fator à parte do anterior, também se acomoda em referências breves:
"No Brasil, negros e mulatos
representam 50% a 51% população. Mas não brancos são bem raros nas Redações,
telas de televisão, sem mencionar a quase abstenção deles nas posições de
controle ou liderança na maioria dos veículos. É quase como se não existissem
no mercado das ideias. Raramente são chamados para expressar pontos de vista ou
especialidades, salvo nas situações de estereótipos";
"As pessoas são tratadas de modo
diferente de acordo com seu status, sua cor de pele e o dinheiro que têm".
Não poderia ser diferente em uma imprensa
"inclinada para a direita" e com "fraca diversidade política e
ideológica". O conservadorismo político e ideológico é conservadorismo
social que é conservadorismo também racial. Aqui, está tudo no mesmo trono. Sem
que a raridade de não brancos seja uma peculiaridade da imprensa, e sem que
haja nas Redações, em geral, uma predisposição pensada.
Entre as inevitáveis respostas sobre o
Judiciário, não muito menos críticas, o ministro mencionou, segundo uma das
notícias a respeito, certo dado perturbador: "(...) a Suprema Corte, que
tem 60 mil casos aguardando julgamento, casos que afetam a sociedade (...)".
A "imprensa se inclina para a
direita" e o Judiciário se inclina para a inutilidade social, pois. O que
dá no mesmo, como inclinação. Postado por Marcos Imperial.
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