Ex-presidente do Banco Central, que entregou ao País
juros altíssimos, inflação fora da meta e crescimento pífio, o economista
Armínio Fraga é hoje um gestor de fundos cuja rentabilidade, em grande medida,
depende da taxa básica do BC; em entrevista, ele nega que tenha havido uma
queda estrutural dos juros no Brasil e pede uma Selic maior, às vésperas da
reunião do Comitê de Política Monetária; conselheiro de Aécio Neves e
aberto a conversas com Eduardo Campos, ele prega a redução da demanda, ou seja,
desemprego.
Via 247 - A reputação do economista Armínio
Fraga não corresponde exatamente aos números que ele entregou ao País.
Presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, ele implantou o regime de metas
de inflação, mas errou o alvo em três das quatro oportunidades. Em 1999, o
índice foi de 8,94%, seguido por 5,97% em 2000, 7,67% em 2001 e perigosos
12,53% em 2002.
Os péssimos resultados no tocante à
inflação foram também acompanhados de um desempenho medíocre do PIB – reflexo,
em grande parte, da política monetária extremamente recessiva implantada por
Fraga. Na sua gestão, a taxa Selic chegou a ser fixada em 45%. No fim de sua
gestão, estava em quase 25%. E como o Brasil tinha uma altíssima dívida
cambial, indexada ao dólar, o Brasil se tornava o paraíso dos especuladores a
cada vencimento de títulos do governo.
Fora do governo, Armínio se tornou
gestor de fundos, com sua Gávea Investimentos, e passou a comercializar
produtos cuja rentabilidade depende, em grande medida, da taxa de juros paga
pelo governo em seus papéis. Portanto, sua análise sobre a política monetária
no Brasil não é absolutamente neutra.
Nesta sexta, no jornal Valor Econômico,
Armínio pede explicitamente que o Banco Central eleve a taxa de juros, a uma
semana da reunião do Comitê de Política Monetária. Ele nega, inclusive, que
tenha havido uma queda estrutural dos juros no Brasil – como se os 7,5% de
Alexandre Tombini fossem parecidos com os seus 25%.
Segundo ele, os juros atuais
"parecem bem baixos" e seria incompatíveis para uma economia
"com inflação perto de 8%" – detalhe: a inflação está em 6,5% e em
queda. "O governo vem trabalhando com o pé no acelerador na área fiscal,
monetária e creditícia", disse Armínio". Sobre a queda estrutural das
taxas, ele a nega. "Toda vez que ouço isso, começo a me coçar".
Armínio falou também sobre suas conversas
com o presidenciável tucano Aécio Neves. "Tenho tido algumas
conversas com ele, não muitas, mas boas. E volta e meia outros políticos me
procuram." Ele também está aberto a dialogar com Eduardo Campos, do PSB.
"Ainda não tive a chance de falar com ele. Mas amigos em comum já
comentaram que, eventualmente, seria muito interessante bater um papo.
Certamente teria o maior prazer."
Sobre inflação, ele fez uma crítica dura
ao governo Dilma e pediu "liberdade" ao Banco Central para elevar os
juros. "O governo vem trabalhando com o pé no acelerador na área fiscal,
monetária e creditícia. Isso nos trouxe à inflação alta. Há sempre uma certa
tendência de atribuir a inflação alta a um dado preço ou outro, mas o fato é
que há uma alta mais generalizada de preços. Seria preciso segurar as três
frentes. Segurar o fiscal, dar liberdade para o Banco Central trabalhar a
política de juros sem grandes constrangimentos e tomar cuidado do lado do
crédito."
Ele afirma ainda que o presidente do BC,
Alexandre Tombini, demorou a agir. "Houve, sim, uma demora [em agir].
Conheço muito bem o Tombini, um profissional de mão cheia, muito equilibrado.
Então tenho que atribuir ao ambiente [de falta de liberdade para o Banco
Central agir] pelo menos parte dessa situação que temos hoje de inflação
bastante alta. Essa inflação, sem as intervenções pontuais que o governo tem
promovido, provavelmente está mais próxima de 8%. O Banco Central, em tese,
deveria desconsiderar essas intervenções. Então, com uma inflação próxima de 8%
e a economia em pleno emprego, os juros em 7,5% ao ano parecem bem baixos.
Normalmente não entro nesse detalhe sobre política monetária. Mas é o que
penso", diz o economista. "Melhor encarar logo isso, resolver de uma
vez. Torço para que isso ocorra."
Assim como Alexandre Schwartsman, que
prega desemprego para conter uma inflação já em queda, Fraga segue pelo mesmo
caminho. "Não é uma proposta razoável do ponto de vista macroeconômico
ficar esperando a oferta reagir em vez de fazer um ajuste na demanda. É preciso
ajustar a demanda ao longo do caminho, sob pena de a inflação ficar alta e a
economia se reindexar."
Em outras palavras, Armínio prega um
garrote na economia. E se Aécio Neves ou Eduardo Campos quiserem mesmo ter
alguma chance de sucesso em 2014, deveriam ficar longe desse receituário que já
se mostrou ineficaz até mesmo no combate à inflação. Postado por Marcos Imperial.
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Marcos Imperial