Nas ruas país afora estão os que querem mais. Mais
democracia, mais cidadania, mais participação, mais avanços. E é essa multidão
em movimento que será responsável pelas mudanças que estão por vir. Disso não
tenho a menor dúvida.
E no meio dessa
multidão formada por quem acordou agora e por quem há anos está acordado e nas
ruas deste país, também circulam uma minoria que sempre esteve à espreita e
choca o ovo da serpente. Violenta, racista, homofóbica, anti-democrática.
Esta minoria é
a que agride militantes partidários, dirigentes sindicais, militantes
organizados dos movimentos sociais e promove a baderna e a depredação. E,
lamentavelmente, recebe os aplausos de setores da mídia. Indisfarçável o
regozijo com que se noticia que a bandeira de tal ou qual partido foi queimada!
Nas redes se
propaga um discurso que as manifestações são contra os partidos e a política e,
por isso mesmo, os militantes partidários não podem estar presentes. E este
tipo de discurso ganha a adesão de quem conhece pouco a história do Brasil e do
mundo.
A saída para o
momento que vivemos é eminentemente POLÍTICA. Política renovada, mas política.
O caminho oposto é o fascismo, é a ditadura.
E a política é
atributo dos partidos. Que os partidos estão sendo questionados pelas atuais
manifestações, é fato. Inclusive o meu querido PT. Mas os partidos, todos eles
(de direita, de centro, de esquerda, do escambau) são instrumentos que impedem
a vitória da barbárie fascista e ditatorial.
A sociedade brasileira
avançará se mais e mais instituições políticas e organizações da sociedade
civil se fortalecerem, se modernizarem, se renovarem. E não o contrário. A
maior contribuição das atuais manifestações será a de obrigar que nossas
organizações e instituições políticas se renovem, se reformulem, se
revolucionem.
De minha parte,
estarei sempre nas ruas porque é de lá que venho. E lembrando sempre de onde
venho, sei onde estou e pra onde vou. E não irei sozinho. Irei com
aqueles/aquelas que sempre lutaram e lutam contra a barbárie obscurantista.
A quem, por
conhecer pouco a nossa história, agride militantes partidários e dos movimentos
sociais e jornalistas, ofereço Brecht:
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Postado por Marcos Imperial, via MDFM.
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