Maycon Freitas, personagem desta semana das Páginas Amarelas da revista
Veja, tem página no Facebook repleta de mensagens antidemocráticas,
preconceituosas e violentas; "Galera, tive uma ideia: que acham de eu ir
lá no Congresso em Brasília, me acender e tocar fogo geral?", pergunta
ele, que postou foto sua com roupas de combate e fuzil na mão; dublê da Rede
Globo, onde trabalhou no policial Linha Direta, ele é direto e grosso no que
pensa sobre respeito ao ser humano: "E vai tomar no c... quem é a favor
dos direitos humanos"; Veja deve desculpas a seus leitores; a não ser que
concorde com o que Maycon diz a todos.
Via 247 – Veja já teve mais critério ao
selecionar entrevistados para suas "páginas amarelas", ou, na
verdade, é o contrário: agora sim é que Veja tem nitidamente um critério
ideológico para eleger seus entrevistados. No caso, o "jovem" e
"técnico de segurança do trabalho que vive de bicos e já trabalhou como
camelô e dublê" Maycon Freitas, de 31 anos.
Uma pesquisa básica no Facebook e nas
mensagens de Twitter postadas pelo mesmo Maycon Freitas mostra que ele
simpatiza com ideias típicas de extrema direita, dissemina a homofobia e cultua
a violência. Um perfil real que não aparece em uma linha sequer da entrevista
publicada pela principal revista do Grupo Abril, feita por Álvaro Vale. Ali,
Maycon surge como um líder forte e renovador, que detesta os partidos e os políticos,
mas que renega a violência. Bem diferente do que ele realmente é, dito por si
mesmo:
"Marcelo Freixo, vai dar meia hora de
c... com o relógio parado e chupar um canavial de rola, seu filho da puta.
Direitos humanos é o caralho, seu FROUXOOOOO!!!!!!", postou ele, por
exemplo, em sua página, a respeito do deputado estadual do Rio de Janeiro.
Entre fotografias em que aparece ao lado
da estrela Xuxa, da Rede Globo, Maycon postou a si próprio vestido como
policial militar, de fuzil na mão. Explica-se: Maycon trabalhou sim como dublê,
e isso foi para a Rede Globo, no programa Linha Direta, que explorava casos
policiais de maneira romanceada..
Em poucas palavras, numa postagem
anterior, ele definiu sua posição sobre direitos humanos, garantidos à
humanidade desde a Declaração Universal, de 1948:
"E vai tomar no c... quem é a favor
de direitos humanos", cravou Maycon, como se estivesse espetando uma
baioneta no coração da democracia.
Foi esse "jovem" para o qual
Veja desta semana, nas bancas, abriu sua seção considerada mais nobre, de três
páginas.
Além de ser um rematado reacionário, que
nitidamente não tem sintonia ideológica nenhuma com a grande maioria dos
jovens, esses sim, universitários que saíram às ruas de todo o País, Maycon é
um louco incendiário. Exagero? Abaixo,uma de suas últimas postagens em sua
página no facebook:
"Galera,
tive uma ideia.
Que acham de eu
chegar la no congresso em Brasilia, me acender e tacar fogo em geral?
(abaixo)", perguntou o entrevistado de Veja. Não nas paginas amarelas, mas
depois, em sua página no Face, sob efeito da entrevista que o tornou famoso.
Ao abrir a revista para um personagem
desse calibre, mesmo em nome da ideologia que defende, a revista Veja cometeu
uma grande falha de apuração, tendo apresentado a seus leitores apenas uma
parte – e a mais rósea delas – de um cidadão cujas ideias são extremamente prejudiciais
à democracia. Deve a publicação desculpas a seus leitores, a não ser que
concorde com o que pensa o "herói" Maycon.
Leia, ainda, texto de Paulo Nogueira,
ex-diretor da Abril, sobre o entrevistado de Veja, no Diário do Centro do
Mundo:
O heroi da Veja diz que bandido bom é
bandido morto
Maycon Freitas é a vanguarda do atraso.
Desequilibrado, agressivo e fanático: o heroi da Veja
Obtusidade? Má fé cínica? Ambas?
Faça sua escolha.
Tantos jovens brilhantes emergindo nos protestos, e
eis que a Veja consegue escolher, para dar nas suas Páginas Amarelas, um certo
Maycon Freitas que tem sido, justificadamente, chamado de ‘débil mental’ nas
mídias sociais.
Maycon, segundo a Veja, teria se destacado nas
manifestações do Rio.
Wellington diria que quem acredita nisso acredita em
tudo, mas o ponto não é a liderança, ou pseudoliderança, que ele possa ter
exercido.
São suas ideias, cruamente expostas em sua página no
Facebook.
Uma mensagem conta quase tudo.
“Marcelo Freixo, vai dar meia hora de cu com o relógio
parado e chupar um canavial de rola, seu filho da puta. Direitos humanos é o
caralho, seu FROUXOOOOO!!!!!!”
Outra mensagem de Maycon afirma o seguinte: “Bandido
bom é bandido morto”.
Maycon se declara presidente de uma certa UCC, União
Contra a Corrupção. Não se sabe direito o que ele faz quando você
percorre sua página.
Numa hora, ele aparece vendendo dólares e
aparelhos eletrônicos. Mas num vídeo que circula hoje pela internet ele diz,
histericamente, ser funcionário da Globo.
Viaja muito, e publica fotos das viagens, muitas delas
sem camisa. Diz ser faixa preta de alguma luta marcial, para enfrentar pessoas
maiores.
Seu heroi, claro, é Joaquim Barbosa, o
“guerreiro”.
“Fique firme, suporte com galhardia e não esmoreça
jamais”, escreveu ele sobre JB. “Toda a nação depende do senhor.”
Aprecia também o promotor paulista Rogério Zagallo,
que recentemente sugeriu que a tropa de choque paulistana abrisse fogo contra
manifestantes do MPL.
A terra de sua adoração são os Estados Unidos. Ele
vibrou quando a família do jovem acusado em Boston não encontrou cemitério.
“Por isso que sou fã dos EUA. Enterrar vagabundo é o cacete. Manda pro Brasil.
Aqui vagabundo tem direito.”
O Brasil é um “país de merda”, por este tipo de coisa,
composto por um “povo de merda”.
Em outro texto, ele diz: “E vai tomar no cu quem é a
favor de direitos humanos”.
Ele diz que é vascaíno ao publicar uma foto de uma
latinha de Coca Zero com a inscrição “Flamerda”.
Teme a ‘ditadura comunista’, bem como a ‘ditadura
bolivariana’, e isso mostra que ele é, essencialmente, um homem assustado.
Importante notar: ele é irrelevante. Não influencia
ninguém.
Seus posts no Facebook, pré-Amarelas, em geral não
tinham nenhum comentário e nenhum “curti”.
Alguns raros tinham duas ou três manifestações, uma
das quais vinha sempre de sua mulher, Cris.
Nada da mente fanática de Maycon apareceu na
entrevista, feita pelo jornalista Álvaro Vale, ao qual ele agradeceu a
gentileza no Facebook.
Álvaro é um jornalista de verdade? Se é,
por que não confrontou Maycon com algumas de suas aberrações publicadas? Um dia
talvez ele, Álvaro, se dê conta de quanto sua reputação se mancha ao fazer um jornalismo tão desonesto.
Você lê e se pergunta: é esse o Brasil que
emergiu?
Só para a Veja.
Queremos um Brasil à imagem e semelhança de Maycon
Freitas?
Talvez a Veja queira.
Mas os brasileiros de bem não querem isso.
Postado por Marcos Imperial.
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