DILMA GOVERNA PARA OS MAIS FRÁGEIS E CONTRARIA INTERESSES MESQUINHOS DOS
ALGOZES HISTÓRICOS DO POVO BRASILEIRO.
"Ela (Dilma) é a primeira líder mundial que presta atenção, que
ouve as demandas de pessoas nas ruas. Ela mostrou que é uma verdadeira
democrata. Ela está sendo esfaqueada pelas costas por políticos
tradicionais." (Manuel Castells, sociólogo)
"A verdade é que em apenas quinze dias as principais respostas que
Dilma ofereceu aos problemas reais colocados pelos protestos passaram no moedor
de carne e sobrou pouca coisa."
"Dilma foi 'esfaqueada pelas costas por políticos tradicionais',
sob aplauso dos mesmos veículos de comunicação que celebraram os protestos como
o despertar do gigante."
"No esforço unilateral para desqualificar ideias da presidente,
inclusive de grande aprovação popular, inventou-se até que Dilma havia tentado
criar uma lei inútil, aquela que transforma a corrupção em crime hediondo,
apenas para cultivar a demagogia das massas."
" (...) há um esforço para bloquear a comunicação. Procura-se
um debate a partir da mentira."
"O que se quer, na verdade, é negar às autoridades eleitas o
direito de definir prioridades para atender a população. O que se quer é deixar
para o mercado a tarefa de organizar a saúde pública – opção histórica de
nossas autoridades, que produziu a miséria visível aos olhos de todos.
Não é o exercício da crítica, não é a apuração para mostrar verdades
ocultas por trás dos atos do governo. Também não tem a ver com o caráter
adequado ou danoso de suas propostas.
É, simplesmente, um esforço para silenciar o governo. Vale tudo,
inclusive dizer que não sabe se comunicar."

Dilma silenciada
Paulo Moreira Leite
Amadores e profissionais do mundo político parecem de acordo num ponto:
Dilma Rousseff tem problemas de comunicação.
A razão dessa dificuldade é menos clara, porém.
Um conjunto de analistas, dentro e fora do governo, acredita que a
presidente não consegue comunicar com clareza aquilo que pensa ou planeja. É
como se fosse uma incapacidade congênita, apenas disfarçada pelo período em que
as coisas pareciam andar tão bem na economia que não era necessário falar
muito.
Ao enfrentar tempos mais difíceis, expressos nos protestos de junho,
revelou-se que seria incapaz de conversar com o povão e também com a elite.
Assim, sua mensagem não chega ao eleitor.
Não se trata, é claro, de uma opinião consensual.
Analisando os protestos, o sociólogo Manuel Castells, um dos mais
celebrados intelectuais contemporâneos, interlocutor de Fernando Henrique
Cardoso e referência do ex-presidente para tantos assuntos, disse a
Daniela Mendes, da IstoÉ:
- Ela (Dilma) é a primeira líder mundial que presta atenção, que ouve as
demandas de pessoas nas ruas. Ela mostrou que é uma verdadeira democrata.
Na mesma entrevista, Castells deixou claro que tinha entendido qual era
o problema da mensagem. Ele disse:
- Ela (Dilma) está sendo esfaqueada pelas costas por políticos
tradicionais.
A verdade é que em apenas quinze dias as principais respostas que Dilma
ofereceu aos problemas reais colocados pelos protestos passaram no moedor de
carne e sobrou pouca coisa.
É certo que, com toda sinceridade, e sem intenções ocultas, muita gente
não tinha a menor disposição de prestar atenção na presidente. Como escreveu
uma estudante no Twitter: “para quem tem 20 anos, a pergunta é: por que ela só
pensou nisso agora?”
Nem todos pensaram da mesma forma, contudo.
O plebiscito e a Constituinte, as principais ideias da presidente para
encaminhar a reforma política, tradução quase literal do urro das ruas contra
nossas formas de representação e nossos representantes,obtiveram apoio de 68%
da população. Difícil falar em problemas de comunicação, certo?
Até um calouro do pior curso de Ciência Política seria capaz de imaginar
que, a partir dali, a presidente poderia tentar reconstruir relações políticas
com uma fatia do seu antigo eleitorado. Aos trancos e barrancos, havia
encontrado uma passagem.
Em poucos dias, para realizar a profecia de Castells, Dilma foi
“esfaqueada pelas costas por políticos tradicionais”, sob aplauso dos mesmos
veículos de comunicação que celebraram os protestos como o despertar do
gigante.
O que se alegou? Que o plebiscito e a Constituinte eram ideias de quem
não têm ideias reais e se orientam pelas bolas de cristal dos serviços de
marketing.
Considerando que absolutamente todos os políticos brasileiros têm seu
consultor de marketing, que costuma exercer sua influência tão notável como
decisiva na maioria de suas decisões políticas, cabe abandonar a ingenuidade
fingida e mudar a pergunta: o que se temia?
Simples: temia-se que o povo desse palpite – de verdade – nas
linhas gerais de formação de um novo sistema político. Não se queria correr o
risco de eliminar a influência do poder econômico nos processos políticos. Era
preciso garantir a falsa mudança, o processo em que tudo muda para que nada
mude. As ruas sempre foram úteis para isso, como se sabe desde que essa
frase foi escrita, para registrar os limites da luta pela democracia italiana.
No esforço unilateral para desqualificar ideias da presidente, inclusive
de grande aprovação popular, inventou-se até que Dilma havia tentado criar uma
lei inútil, aquela que transforma a corrupção em crime hediondo, apenas para
cultivar a demagogia das massas. Você pode gostar ou não do projeto. Mas é
bom saber que ele só entrou em votação numa ação combinada entre Renan
Calheiros e a mais aplicada dupla de inimigos do governo no Senado, Álvaro Dias
e Pedro Taques. Os petistas apenas pegaram carona, até porque, em função de
projetos antigos, mantidos na gaveta pela direção do Senado, tinham todo
direito de se apresentar como pais da ideia.
O mesmo tratamento se reservou a um projeto ambicioso, prioritário e,
mais uma vez, tão necessário ao país que a estudante de 20 anos teria toda
razão em perguntar mais uma vez: por que não se fez isso antes?
Estou falando do programa Mais Médicos, destinado a suprir a
carência óbvia de médicos em boa parte dos municípios brasileiros. Quem estuda
o mercado de trabalho sabe que, em dez anos, nossas faculdades formaram 54.000
médicos a menos do que o número necessário para manter um atendimento razoável
no país. No Rio Grande do Sul, prefeituras em região de fronteira contratam
médicos uruguaios para atender à população. Há dois meses, 2.500 prefeitos –
que representam metade das cidades do país – apoiaram um abaixo assinado para
pedir a contratação de médicos. Cansados de esperar pelos doutores que não vêm,
foram até Brasília num ato explícito pela contratação de estrangeiros.
Mas é óbvio que esse projeto foi camuflado pela prioridade de dar voz
aos adversários do governo. Cumprindo aquele papel já assumido de auxiliar
uma oposição “fraquinha”, em vez de debater os prós e contras do projeto, a
maioria dos meios de comunicação deu atenção maior às entidades corporativas
dos médicos do que à opinião dos usuários do SUS e lideranças da
periferia. Por esse método, seria coerente ouvir apenas Federação Nacional
de Jornalistas para falar sobre o diploma da categoria. Ou perguntar somente
aos sindicatos dos professores sobre o plano de bônus por produtividade.
Os titulares das entidades médicas foram ouvidos como porta-vozes
legítimos de toda sociedade e não de uma parte dela. Veiculou-se como verdade
estabelecida a noção de que o governo pretendia enviar médicos para trabalhar
em taperas sem estrutura nem condição de trabalho. Falso.
Neste domingo, graças ao Estado de S. Paulo, revelou-se que as carências
da saúde pública são imensas, mas ela se encontra em situação oposta. Em cinco
anos, o total de equipamentos de saúde registrados pelo governo federal teve
alta de 72,3%. O número de leitos hospitalares subiu 17,3% e o de
estabelecimentos de saúde, 44,5%. A oferta de médicos, porém, cresceu apenas
13,4% - ou seja, menos do que os principais índices de infraestrutura de
saúde.
Posso até concordar que há um problema real na comunicação de Dilma,
entre aquilo que ela diz e aquilo que pretende dizer.
E é evidente que o governo possui um problema de articulação essencial,
que desconhece inclusive forças que poderiam ajudá-lo, como se viu no debate
sobre o plebiscito.
Mas há um esforço para bloquear a comunicação. Procura-se um
debate a partir da mentira. Dizem agora que o governo quer “obrigar”
estudantes a “doar” dois anos de suas vidas em função da residência em locais
onde a presença de médicos é mais necessária – como se não fosse uma atividade
remunerada, e que em alguns casos pode chegar a R$ 8.000.
O que se quer, na verdade, é negar às autoridades eleitas o direito de
definir prioridades para atender a população. O que se quer é deixar para o
mercado a tarefa de organizar a saúde pública – opção histórica de nossas
autoridades, que produziu a miséria visível aos olhos de todos.
Não é o exercício da crítica, não é a apuração para mostrar verdades
ocultas por trás dos atos do governo. Também não tem a ver com o caráter
adequado ou danoso de suas propostas.
É, simplesmente, um esforço para silenciar o governo. Vale tudo,
inclusive dizer que não sabe se comunicar. Postado por Marcos Imperial, via IstoÉ.
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