Se ainda havia alguma dúvida sobre o
engajamento político da revista Veja, ele desaparece por completo na edição
desta semana; reportagem "O acerto que saiu dos trilhos" é capaz de
gastar papel e tinta com o caso Siemens praticamente sem mencionar políticos
tucanos e sem publicar nenhuma foto; sobra até para um petista, o ex-presidente
Itaipu, Jorge Samek, que teria pedido favores para perdoar uma dívida da
multinacional alemã; nada sobre Geraldo Alckmin, Mario Covas, Robson Marinho
(acusado de receber propinas de US$ 20 milhões) ou Andrea Matarazzo, também
indiciado pela Polícia Federal; na única citação a políticos, José Serra e José
Roberto Arruda, Veja afirma que os dois aparecem "em situações não
comprometedoras"; uma reportagem vergonhosa, que não traz de nada de novo
sobre o caso Siemens, mas revela a natureza partidária de Veja.
Via 247 - Em
grave crise financeira, a Editora Abril, que vem cortando títulos e demitindo
profissionais, acaba de atirar de vez sua credibilidade no lixo. Numa
reportagem vergonhosa, sobre o caso Siemens, a revista Veja é capaz de dedicar
seis páginas ao escândalo que movimenta o debate político no Brasil como se ele
ocorresse na lua ou em outro planeta – e não em São Paulo, onde fica a sede da
editora.
Para quem ainda tinha alguma dúvida sobre o engajamento político
da casa editorial dos Civita, Veja rasgou de vez a fantasia. É tucana, ou
melhor, tucaníssima. E prova, com seu texto, que o cientista político André
Singer tem toda a razão, ao falar sobre grupos sociais que articulam o debate
contra a corrupção no Brasil. "Terão a mesma energia ou o ímpeto revelado
irá esmorecer, agora que são outros os personagens na berlinda?", indaga
na Folha (leia mais aqui).
Assinada pela jornalista Laura Diniz, com reportagem de Bianca
Alvarenga e Pieter Zalis, o texto conta a história da Siemens e explica o que é
cartel, como se os leitores estivessem interessados em biografias empresariais
ou aulas de teoria econômica. "A isso se dá o nome de cartel, crime no
qual um grupo de empresas se une para lotear o mercado e combinar preços, de
forma a atropelar a livre concorrência e aumentar seus ganhos, já que, em seus
acordos secretos, nunca decidem fixar os preços para baixo".
Ilustrada de forma asséptica, a reportagem não tem fotos de
personagens, contrariando o padrão gráfico da própria Veja. Onde estão as fotos
de Geraldo Alckmin, José Serra ou Mario Covas? Nada. Ou então de Robson Marinho
e Andrea Matarazzo, acusados de receber propinas da Alstom, outra empresa
partícipe do esquema? Também nada. Ou quem sabe de José Luiz Portella, o
Portelinha, homem de confiança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
citado num email da Siemens como articulador de um acordo que envolveria também
José Serra?(leia aqui) O gato comeu.
Sem tucanos na mira, Veja conseguiu até a proeza de disparar
contra um petista em sua leitura sobre o caso Siemens, ao resgatar uma história
contra Jorge Samek, diretor-geral de Itaipu. Ele teria sido acusado de cobrar
US$ 6 milhões para perdoar uma dívida da multinacional alemã.
Lá pelo finalzinho do texto, o leitor descobre, enfim, o nome de
dois políticos. "Nos milhares de documentos e e-mails apreendidos,
aparecem apenas os nomes de dois políticos, os ex-governadores José Serra
(PSDB-SP) e José Roberto Arruda (DEM-DF). Os dois são apenas citados – e em
situações não comprometedoras", diz a revista. Ah, bom...
A reportagem de Veja é histórica não pelo que traz de novo sobre o
caso Siemens – de onde menos se espera, é que não sai nada mesmo, como diria o
Barão de Itararé. Ela ficará marcada como um exemplo da natureza perversa da
própria imprensa brasileira.
Veja tem lado. A Editora Abril tem lado. E isso ficou explícito e
absolutamente escancarado neste fim de semana. O grande problema, para a
democracia brasileira, é que empresta seu poder de fogo para manipular e
pressionar instituições públicas, como a procuradoria-geral da República e o
Supremo Tribunal Federal, sempre em defesa de seus próprios interesses
políticos e comerciais. Postado por Marcos Imperial.
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