Quadrilha é acusada de pagar propina a prefeitos para captar investimentos de fundos de pensão municipais.
Por Fábio Fabrini, Andreza Matais / Brasília, Fausto Macedo / São Paulo, via ESTADÃO.
A
Polícia Federal acusa um assessor do ministro da Previdência, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), de envolvimento com a quadrilha suspeita de pagar propina a
prefeitos para captar investimentos de fundos de pensão municipais.
Relatório
da Operação Miqueias, obtido pelo 'Estado', diz que Gustavo Alberto Soares
Filho, auditor da Receita Federal que trabalha no Ministério da Previdência
como assessor da Diretoria do Departamento dos Serviços de Previdência no
Serviço Público, mantinha contatos com a organização investigada e frequentava
uma das empresas apontadas no esquema, a Invista Investimentos Inteligentes,
tendo sido fotografado numa dessas visitas, em outubro do ano passado. A
Polícia Federal já pediu a prisão temporária do Gustavo Soares.
Na
sexta-feira, 20, o 'Estado' revelou que, segundo as investigações, um assessor
da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) atuava como lobista da
quadrilha, tendo feito negociações dentro do Palácio do Planalto. Idaílson
Vilas Boas foi exonerado após a publicação da reportagem.
Para
a PF, há "indícios suficientes" de que o auditor Gustavo Alberto
Soares Filho praticou os crimes de formação de quadrilha e de atuar ou exercer
atividade, sem autorização, no mercado de valores mobiliários. Com base nos
grampos e em documentos da operação, o relatório sustenta que o assessor
mantinha negócios com o grupo investigado e participava de palestras realizadas
para cooptar prefeitos. Ele aparece também em anotações do doleiro Fayed
Traboulsi, preso sob a acusação de chefiar o esquema investigado.
"Fica
evidente o vinculo de Gustavo com a organização criminosa que atuava sob o
manto da Invista. Ele próprio confirma que já trabalhou lá", afirma a PF,
baseada nos diálogos interceptados.
Segundo
o relatório, um dos contatos do assessor era Carlos Eduardo Carneiro Lemos, o
Dudu, conhecido como operador de fundos de pensão. Dudu assumiu em maio a
propriedade de R$ 450 mil apreendidos de dois homens no Aeroporto Juscelino
Kubitschek, que tentavam passar com o dinheiro escondido em suas meias e cuecas
Numa
das conversas transcritas no relatório, ocorrida dias após o episódio, o
assessor consulta um colega da Receita sobre como justificar a origem de R$ 20
milhões, supostamente para orientar Dudu. "Saliente-se que esses fatos
foram posteriores à apreensão dos valores em espécie apreendidos em poder de
'mulas' no Aeroporto JK, já mencionado outrora, e que foi solicitado a Dudu que
apresentasse sua declaração de ajuste fiscal", relatam os investigadores.
Gustavo
foi procurado neste sábado pelo 'Estado'. A ligação de celular foi interrompida
assim que a reportagem informou sobre o assunto do qual gostaria de tratar. O
Ministério da Previdência informou que aguarda comunicação oficial da PF para
tomar providência a respeito, possivelmente a exoneração do assessor.
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Marcos Imperial