O destino adequado do lixo é um problema que afeta a maioria das cidades.
Entidade alerta para os riscos que
envolvem a ineficiente gestão dos resíduos da área da saúde, por Reinaldo Canto. Via Carta Capital.
No espaço desta coluna temos destacado,
com alguma frequência, a importância do tratamento adequado aos nossos
resíduos. Com a Lei Nacional dos Resíduos Sólidos prestes a completar sua total
implementação, assim esperamos que ocorra em 2014, ainda somos surpreendidos
por situações bastante alarmantes.
Este é o mínimo que podemos dizer quando nos chegam
informações como as divulgadas pela ABRELPE – Associação Brasileira Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – sobre a
situação dos resíduos gerados pelos serviços de saúde (os chamados RSS).
Segundo dados apurados pela entidade, cerca de 40%
das 244 mil toneladas de resíduos gerados pelo setor em 2012, tiveram
destinação inadequada.
Segundo a ABRELPE,do total coletado, 37,4% seguem
para incineração; 21,7% são enviados a aterros sanitários; 13,3% vão parar em
lixões; 16,6% são tratados em autoclaves (esterilização de materiais) e 5,2%,
em microondas; e 5,8% em valas sépticas. Se apenas imaginarmos o poder
contaminante desses resíduos (lixo hospitalar, remédios vencidos, materiais de
farmácias e drogarias, etc.) já seria motivo suficiente para uma gestão
extremamente cuidadosa. Mas se aí pensarmos que em torno de 40% são descartados
de maneira ineficiente, temos no horizonte, um cenário simplesmente explosivo.
Aprimoramento das leis e maior
fiscalização
São inúmeros os riscos existentes para o descarte
irresponsável para qualquer tipo de resíduo, potencialmente causadores de
sérias consequências à saúde pública e ao meio ambiente, mas no caso dos RSSs
os perigos são ainda mais evidentes.
Por essa razão as normas que regulam a gestão
desses resíduos determinam que os serviços de saúde são responsáveis pelo
correto gerenciamento de todos os resíduos produzidos, desde o momento de sua
geração, tratamento quando se fizer necessário até a sua destinação final. É o
que está explicitado na RDC 306 (Resolução da Diretoria Colegiada) da ANVISA –
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – em vigor desde 2004.
Mas a ABRELPE aponta considera que a medida é
incompleta. Para a entidade, existe a necessidade de maior rigor no que se
refere a determinados materiais resultantes de procedimentos cirúrgicos, por
exemplo, como tecidos humanos e objetos perfurocortantes (lâminas, agulhas,
brocas, etc). Nesses casos, a regulamentação ainda permite o descarte em aterro
sanitário, apesar de seu óbvio poder contaminante. Também é fundamental que os
órgãos ambientais e de vigilância sanitária sejam mais rigorosos quanto ao
gerenciamento dos resíduos a que todos os serviços de saúde precisam cumprir.
Esse é apenas mais um desafio, entre os inúmeros
propostos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os muitos anos de descaso
com a gestão dos resíduos, historicamente chamado de lixo, e descartados das
maneiras mais absurdas, têm cobrado um preço muito alto, em forma de tristes e
desoladoras estórias de contaminação, doenças e até mesmo mortes.
A boa notícia é que hoje existe a preocupação em se
buscar caminhos para interromper esse processo e começar finalmente a construir
um processo de logística reversa, quando for o caso e de cuidados especiais nas
situações como os apontados aqui referentes aos resíduos de serviços de saúde.
O que não se pode mais é negligenciar os perigos,
já plenamente reconhecidos, a envolver todos os tipos de materiais. Sejam eles
oriundos da saúde, da indústria ou mesmo de origem doméstica, não temos mais
desculpas para agir de maneira irresponsável.
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Marcos Imperial