
“Comunicação é um assunto praticamente interditado na sociedade
brasileira”. A afirmação é do sociólogo, jornalista e professor da USP,
Laurindo Lalo Leal Filho, um dos debatedores da audiência pública realizada
ontem (30) na Assembleia Legislativa sobre o tema “Comunicação e Participação
Cidadã”, proposta pelo deputado Fernando Mineiro (PT). Para Laurindo, como a
maioria das pessoas se informa e se entretém pela TV, há uma “dificuldade de
criar uma massa crítica para entender o papel social da comunicação”.
O professor lembrou que desde a Constituição de 1988 já foram produzidos
pelo menos 19 projetos de lei para regulamentar a comunicação no Brasil. Até
hoje, porém, não se conseguiu avançar nessa pauta. “Há um lobby de
parlamentares, proprietários irregularmente de concessões públicas ou
representantes de outros proprietários, que bloqueiam o debate sobre a
regulamentação e a democratização das comunicações no Brasil”, declarou.
Laurindo Lalo Leal Filho disse ser “fundamental que o estado, em nome da
sociedade, regularize esse setor tão selvagem”. O jornalista defendeu a
aprovação do Projeto de Lei de
Iniciativa Popular da Mídia Democrática, elaborado por entidades da
sociedade civil e do movimento social, para regulamentar os artigos 5, 21, 221,
222 e 223 da Constituição.
Ele refutou a acusação de censura, dirigida aos defensores do projeto,
destacando que o objetivo é justamente o contrário. “Nós queremos democratizar
e ampliar o acesso à informação”.
O professor observou que a legislação brasileira sobre comunicação é de
1962 e só beneficia os donos dos grandes monopólios midiáticos. “Embora a
Constituição Federal proíba a existência de monopólios dos meios de
comunicação, o que vemos na realidade é a concentração da mídia nas mãos de
poucos grupos familiares, o que representa um entrave à diversidade de
opinião”.
Lalo deu como exemplo o Rio Grande do Norte, onde todas as concessões públicas
de radiodifusão são controladas por grupos políticos, o que também não é
permitido pela Constituição. “No Brasil inteiro acontece isso [políticos donos
de concessões de rádio e TV], mas aqui a coisa é mais pesada”.
O professor propôs ao deputado Fernando Mineiro que apresente, no âmbito
da Assembleia Legislativa, o projeto de criação do Conselho Estadual de
Comunicação do Rio Grande do Norte. O parlamentar disse que o mandato estava à
disposição para abrir esse debate com as organizações do movimento social que
atuam com essa temática.
A audiência contou, ainda, com a participação do professor da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) Elson Faxina, do professor da UFRN
Juciano de Sousa Lacerda, do arcebispo de Campo Grande Dom Dimas Lara Barbosa e
do representante do Intervozes Rudson Pinheiro. Fonte: Assessoria do Mandato
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Marcos Imperial