
Na semana
passada, o Partido do Trabalhadores, recebeu o pedido de filiação de Daniel
Dantas Lemos, professor da Universidade Federal do Ceará e ativista virtual,
sendo um dos responsáveis pela articulação da Rede de Blogs Progressista no Rio
Grande do Norte. Daniel é também filho de Rubens Dantas Lemos, um dos
fundadores do PT aqui no estado e um importante militante na luta contra a
ditadura. Em seu blog , Dantas
explica os motivos de ter s filiado ao PT. Confira no texto abaixo:
Na semana passada, depois de
sete anos, pedi a desfiliação do Partido Comunista do Brasil. Minhas razões
foram explicadas aqui.
Não sai porque houvesse sido convidado
por qualquer outro partido. Na verdade a saída foi resultado de algum tempo de
reflexão.
Ao sair, refletia sobre a
possibilidade de permanecer fora de partidos a fim de ter liberdade de defender
causas de esquerda sem maiores comprometimentos.
Mas valorizo a política e a
militância partidária. E neste sentido, fiquei honrado de receber convites para
dois partidos políticos – o que me fez pensar.
Como fazer a escolha – que é
afinal, um ato político bastante individual?
Estava claro para mim que minha
opção necessitava ser à esquerda. Outro critério: diante do cenário que se
desenha para a eleição de 2014 e de acordo com as ações do governo neste ano,
especialmente depois de junho, passei a considerar que o partido de minha
escolha deveria estar no campo de defesa dos governos Lula e Dilma, apoiando a
reeleição da presidenta – o que facilitou a escolha.
Agradeço ao convite que me foi
feito pelo PSTU para estudar seu programa e pensar na hipótese de filiação.
Imagino que continuarei privando da sua amizade e companheirismo nas causas que
nos unirem e nos forem comuns – assim como considero como eternos camaradas
cada um dos militantes do PCdoB, partido do qual muito me honro ter feito
parte.
A minha decisão partiu daí mas
outros elementos estão presentes. Na tarde desta terça-feira
encaminhei meu pedido de filiação ao Partido dos Trabalhadores. Julgo que preciso falar um
tanto sobre essa opção. Em primeiro lugar, Lula e o PT
têm uma relação afetiva, pessoal e familiar muito íntima comigo. Em 1989, aos dez
anos de idade, fiz, nos limites do tempo e de minha idade, efetiva campanha
pela eleição de Lula. Assim como fiz em 1994. E votei nele em 1998 e 2002. Em
2006, devido ao meu ingresso na Petrobras e o deslocamento para o Rio de
Janeiro, não votei – mas lembro do comício de Lula no segundo turno na
Cinelândia, do qual participei.
Evidentemente, Dilma, por cuja
eleição dediquei ricas horas de meus dias em 2010, também recebeu meu voto.
Porém é mais que isso. Meu pai,
Rubens Lemos, ajudou a organizar o PT no RN e foi o primeiro candidato a
governador do partido no estado. Não à toa, há um bom número de familiares,
especialmente irmãos, filiados ao Partido até hoje.
Isso me fez caminhar sempre
muito próximo de companheiros e lideranças do PT a vida inteira. Não apenas no
RN, onde já estive lado a lado de gente como Fátima Bezerra e Fernando Mineiro
em inúmeras lutas, como também quando morei em Salvador.
Mesmo ciente das contradições
internas e problemas do PT, sempre admirei o partido. Sei que o PT não é partido só
de santos. Mas ele não finge ser – como também não finge ser um partido
unitário (sempre que ouço a palavra de ordem “partido, partido é dos
trabalhadores” imagino que sem a vírgula o grito também faria sentido), ainda
que se estabeleça na base do centralismo democrático.
O PT parece ser um espaço de
disputa entre correntes mais à esquerda e ao centro (há quem fale em direita do
PT) – um partido que nesse amplo espectro de esquerda incorpora o comunista
revolucionário como era meu pai e o seu PCBR e o reformista liberal.
Entendi, portanto, que poderia
contribuir na luta por mudar a vida do povo pobre, sofrido e trabalhador do
país desde dentro do PT, já que não mais me sentia confortável dentro do PCdoB.
Em muitas de minhas práticas, a
mudança de partido não altera nada. Se estando no PCdoB procurava defender
ideias abrangentes e inclusivas, ao mesmo tempo que evitava posturas sectárias,
garanto que é assim que continuará sendo minha postura.
Sempre entendi que a esquerda
deveria estruturar caminhos e propostas unida, mesmo que houvesse entre nossos
partidos diferenças táticas, ideológicas e eleitorais – mas as causas que nos
unem são muito mais abrangentes, urgentes, importantes e fundamentais.
Sempre entendi que o militante
partidário precisa se envolver nos movimentos dos quais toma parte para
contribuir com sua visão de mundo, sua energia política e as propostas de seu
partido – nunca agir na tentativa de aparelhar os movimentos. Essas coisas não mudam agora.
Especialmente porque sinto que, agora, esses diálogos são ainda mais
importantes.
Sou militante e, como
militante, filiado a partido político. Mas procuro agir com coerência. Foi essa
coerência que me fez divergir de meu então partido e votar na eleição de 2012
em Mineiro. Essa coerência me fez deixar o PCdoB e em busca de uma ação
coerente que eu me filio ao PT.
Se um dia essa filiação me
impedir de criticar o governo, outros membros do partido e o desenvolvimento de
ações políticas e políticas públicas equivocadas, a coerência vai falar mais
forte.
Evidente que não entendo
coerência como se significasse que me considere dono da verdade. Ao contrário,
como sabem meus alunos, ao falar sobre a coerência falo de fazer o que acho
certo e viver de acordo com o que sei e creio.
Serei sempre assim. Agora no Partido dos Trabalhadores. Foto do face de Daniel Dantas Lemos. (Autorizada).
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Marcos Imperial