A presidenta Dilma
Rousseff pediu aos líderes da base aliada que não poupem esforços para aprovar
a MP do Mais Médicos. E “por não poupem esforços”, leia-se, inclusive, ceder à
chantagem do PMDB, que ameaça obstruir a votação, caso sua proposta de
minirreforma eleitoral não seja votada. A ministra das Relações Institucionais,
Ideli Salvatti, disse que forma com que os líderes se entenderão é problema
deles, mas deixou claro que a proposta da presidenta para a reforma política é
outra: o plebiscito. Por Najla Passos.
Najla
Passos da Carta Maior.
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff
pediu aos líderes dos partidos da base aliada, em reunião no Palácio do
Planalto, nesta segunda (7), que não poupem esforços para aprovar a Medida
Provisória 621, que cria o Programa Mais Médicos, tratado por ela como
prioridade máxima para o país. E “por não poupem esforços”, leia-se, inclusive,
ceder à chantagem do PMDB, que ameaça obstruir a votação, caso PT, PDT, PCdoB e
PSB continuem impedindo a aprovação da proposta de minirreforma eleitoral do
Senado.
“O
pedido da presidenta Dilma é para negociarmos politicamente ao extremo e darmos
ao país o presente de aprovar o Mais Médicos. E vamos fazer isso amanhã. (...)
Chegou a hora de a onça beber água. Nada, nem um tipo de questão pode
interditar essa votação”, afirmou o líder do PT na Câmara, José
Guimarães.
Durante
o dia, os líderes da base voltarão a se reunir para tentar um acordo com o
PMDB, que condiciona o apoio ao Mais Médicos à votação da sua proposta de
minirreforma eleitoral, obstruída, na última semana, por um bloco liderado pelo
PT. De acordo com Guimarães, durante a reunião com a presidenta, o líder do
PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ) voltou a insistir no assunto. “Se o preço for
votar essa minirreforma, nós votaremos. Mas votaremos contra”, esclareceu.
"Vamos insistir no plebiscito. Queremos reforma ampla e não arremedo”,
acrescentou.
O
líder do PDT na Câmara, Marcos Rogério (RO), acredita na possibilidade de
entendimento com o PMDB, diante do apelo da presidente. Mas também admite que
seu partido não aceitará aprovar essa proposta de minirreforma, que não dialoga
em nada com as posições da legenda. “Essa minirreforma permite, por exemplo,
que um partido possa acessar as verbas do fundo partidário retidas por decisão
judicial. Isso é inadmissível. Precisamos de uma reforma política ampla”,
observou.
A
ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, negou que o PMDB tenha
condicionado seu apoio à votação da minirreforma. Segundo ela, todos os líderes
se mostraram muito sensíveis aos números apresentados pelo ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, que mostram que, dos 660 pedidos de registros de médicos
estrangeiros já enviados aos Conselhos Regionais de Medicina, cerca de 300
continuam retidos. “Todos eles estão comprometidos com o programa, que é muito
importante para o Brasil”, afirmou.
A
ministra se esquivou de apresentar a opinião do governo sobre a minirreforma
eleitoral que divide a base aliada. E, de acordo com ela, a forma com que os
líderes vão equacionar quaisquer impasses acerca do tema é problema deles. “A
posição da presidenta já foi explicitada quando ela sugeriu a realização de um
plebiscito para ouvir a população sobre a reforma política”, sustentou.
Outros
projetos
Ideli
Salvatti disse que, durante a reunião, a presidenta também pediu aos líderes
que agilizem a aprovação de outros projetos que ajudem a melhorar a saúde
pública brasileira. O principal deles é o que vincula à área 50% dos recursos
destinados às emendas individuais dos parlamentares, via orçamento impositivo.
O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, também
nesta terça. Se aprovado, poderá ser colocado em votação no plenário ainda este
mês.
Na
Câmara, o apelo é para que os deputados aprovem a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 122, do Senado, que permite que médicos militares possam
atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), reforçando o atendimento à população de
baixa renda.
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Marcos Imperial