Após mais de seis horas de obstrução da votação
pelos partidos de oposição e também pelos deputados da bancada ruralista,
deputados aprovaram o texto principal; presidente Dilma Rousseff e o ministro
Alexandre Padilha superam boicote de classes médicas e de críticos da mídia e
avançam no programa que visa levar profissionais para o interior do país.
Iolando Lourenço
Repórter da Agência
Brasil.
Brasília - A
Câmara dos Deputados aprovou na madrugada de hoje (9), em votação simbólica, o
texto principal da Medida Provisória (MP) 621, que cria o Programa Mais
Médicos, ressalvados os destaques. O objetivo do programa é levar médicos para
o interior do país e áreas das periferias das grandes cidades onde há falta
desses profissionais. O texto aprovado foi apresentado pelo relator da MP,
deputado Rogério Carvalho (PT-SE), depois de mais de seis horas de obstrução da
votação pelos partidos de oposição e também pelos deputados da bancada
ruralista.
A MP 621 autoriza a contratação de médicos
estrangeiros para atuação na atenção básica de saúde, em regiões que não
dispõem desses profissionais e também muda parâmetros da formação em medicina
no Brasil. Entre as modificações feitas no texto original do governo e
aprovadas pelos deputados, estão a transferência da responsabilidade de
registro para o Ministério da Saúde e a obrigatoriedade de revalidar o diploma
após quatro anos no programa, além da avaliação de estudantes de medicina a
cada dois anos.
Os governistas tentaram um acordo com a oposição
que viabilizasse a aprovação da MP, uma vez que o governo tem pressa em aprovar
a legislação para que o Ministério da Saúde possa emitir os registros
provisórios necessários para os médicos estrangeiros começarem a trabalhar.
Como o acordo não foi possível, a oposição obstruiu a votação com a
apresentação de vários requerimentos protelatórios, que foram rejeitados pelos
aliados do governo.
O relator Rogério Carvalho defendeu o texto
aprovado pela comissão mista do Congresso que apreciou a MP. Segundo ele, o
texto melhorou a proposta do governo e trouxe avanços para o programa como a
determinação para que o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha um prazo de cinco
anos para montar a infraestrutura necessária nas unidades básicas de Saúde.
Outra modificação aprovada pelos deputados foi a
que transfere a responsabilidade para a emissão do registro provisório dos
médicos estrangeiros dos conselhos regionais de Medicina para o Ministério da
Saúde. No texto aprovado pela Câmara, foi mantido os artigos que estabelecem a
bolsa de formação de R$ 10 mil para os participantes do programa, sem qualquer
direito trabalhista, como 13º salário e contribuição para o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS).
A obstrução da bancada ruralista, que também
apresentou diversos requerimentos protelatórios, foi uma forma para pressionar
o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a instalar a
comissão especial destinada a apreciar o mérito da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 215, que transfere para o Congresso as prerrogativas para a
demarcação das terras indígenas.
Os partidos de oposição criticaram o texto aprovado
pela comissão mista. O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), principal
opositor à aprovação da MP, disse que o texto apresentado pelo relator é muito
pior do que o enviado pelo governo. Segundo ele, a proposta dissolve todos os
conselhos regionais de Medicina, as entidades de especialização, além de
invadir as prerrogativas das universidades em definir as grades curriculares.
Foram votados mais de dez requerimentos da oposição
e da bancada ruralista para tentar adiar a votação da MP do Programa Mais
Médicos. Como a oposição é minoria na Casa, todos os requerimentos foram
rejeitados pelos aliados do governo.
Ao
término da votação da MP, Henrique Alves propôs adiar para tarde desta
quarta-feira a votação dos 13 destaques que visam a alterar o texto. O líder do
governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) propôs então que a votação fosse feita sem
obstrução, alegando que de outra forma não seria possível concluir a apreciação
dos dispositivos hoje, O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO),
acompanhado de outros líderes oposicionistas, não concordou com a proposta de
Chinaglia. Com isso, Henrique Alves convocou nova sessão extraordinária para
esta madrugada a fim de iniciar a votação dos destaques, mas Chinaglia alegou
falta de quórum e o presidente da Casa encerrou a sessão, marcando outra para a
tarde desta quarta-feira. Edição: Aécio Amado.
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